O que você faria se o mundo fosse
acabar amanhãou, quem sabe, em outubro? A pergunta é totalmente nonsense em pleno 2020, mas imagine alguém lhe perguntando isso em 1999, quando só
se falava no fim do mundo, Nostradamus e bug do milênio...
Ninguém ficou imune a essa
questão, fosse na brincadeira ou por levar a sério mesmo. Nem a discografia da
Xuxa! Afinal quem tá na chuva é pra se molhar, ou melhor, quem tá no mundo é
pra aproveitar, porque ele vai acabar... Será?🤔
Em 11 de outubro de 1999, Xuxa lançou o disco “Xuxa
2000”, que encerrou a segunda fase de sua discografia. Apesar do nome e da
música de abertura, o disco segue a linha da maioria dos álbuns da loira: música para os pequenininhos e para o público que cresceu ouvindo a
loira.
Na realidade, vincular o disco ao "fato do momento" pareceu uma decisão acertada na época, mas hoje é exatamente
isso que pode fazer com que a obra soe datada e muita gente se esqueça das boas
músicas do repertório do 16º disco de inéditas (em português) de Xuxa. Por isso
vamos relembrar – ou conhecer – a história do Xuxa 2000.
⏳ Corrida contra o tempo
Mundo acabando ou não, o tempo do "Xuxa 2000" foi apertado. Como se não bastassem os procedimentos de rotina que
um lançamento fonográfico exige (seleção de repertório, gravação, mixagem, produção
e distribuição), Xuxa estava com muitos compromissos profissionais em 1999.
Isso tudo acabou contribuindo para que o lançamento do disco fosse adiado em
cerca de um mês.
Como estava previsto para sair em
setembro, Xuxa entrou em estúdio para gravar no finalzinho de junho e a mixagem
começou a ser feita no final de julho. Ainda faltavam a impressão e produção das
mídias... Resultado: em setembro foi anunciado que o disco ia ficar mesmo para
o Dia das Crianças.
🎼 Quando a música tocar, vai tocar seu coração...
E se havia a hipótese do fim de
tudo, o jeito era fazer de tudo! E não é que a loira experimentou todos os ritmos
que ainda faltavam para ela cantar? Pagode, Country, Axé, Pop, Balada, Rap... tudo isso e mais um pouco!
Começamos pelo fim... O fim
do mundo 😮! Pegando carona em todo o disse-me-disse sobre as profecias de
Nostradamus, os compositores Michael Sullivan e Dudu Falcão deixaram para Xuxa
a tarefa de retrucar o profeta.
Pela primeira vez um disco da
loira começava com a parte mais séria do disco. Quem acompanha a discografia,
sabe que as músicas com mensagens para “fazer pensar” estão sempre entre as
últimas faixas. Mas isso é proposital, a primeira faixa “conversa” diretamente
com a última, praticamente um momento “expectativa – realidade”:
Música "Profecias": “Desculpe,
Nostradamus, mas nós vamos sobreviver”
Música "2000": “Chegou! O mundo não
acabou... A vida é um eterno girar, não vai ter dor, nem nostalgia, é hora de
alegria”
Nostradamus: "O mundo vai acabar a partir de outubro!" NostraXuxa: "Vai nada, migo! Outubro sai meu disco.. .Mas se acabar mesmo, eu já profetizei em 1992: 'sobreviveremos a essa década mortal, nem que tenhamos que viver em minha nave especial'. Beijinhos de luz!"
A letra deixa claro que o fim do
mundo não é um momento definido, é algo que acontece gradativamente pela
própria ação do ser humano e a solução é conscientização das futuras gerações
(“Só a nossa força vai mudar a profecia”).
E por que Nostradamus entrou
nessa história? Bom, o médico francês que estudava alquimia e astrologia ficou
famoso por acertar algumas de suas previsões como a Revolução Francesa e a
ascensão de Hitler, mas a que ficou mais famosa foi aquela que dizia que um "Rei
do Terror" surgiria no sétimo mês de 1999 e, logo depois de um eclipse do sol,
em outubro do mesmo ano, o mundo entraria numa era de trevas jamais vista
culminando com seu fim.
Na verdade, o eclipse aconteceu
em 11/08/1999 e em outubro o único acontecimento importante - que Nostradamus não
previu - foi o lançamento do Xuxa 2000.
Ofertas válidas até 31/12/1999 ou até o fim do mundo, caso aconteça primeiro. Não aceitamos devoluções no caso de promessas e profecias não cumpridas. Agradecemos a preferência! Volte sempre (caso o mundo não acabe)!
Voltando a “Profecias”... A
música foi apresentada pela primeira vez no Criança Esperança daquele ano e
integrou a trilha sonora do programa – por dois anos consecutivos – nos CDs
lançados pela Som Livre em 1999 e 2000.
Xuxa após sua apresentação no Criança Esperança. A música Profecias só foi cantada na edição de 1999, mas integrou a track list dos CDs lançados naquele ano e em 2000
Foi também escolhida como tema da
abertura em desenho animado do “Xuxa Park” de outubro de 1999 até o fim do programa em janeiro de 2001.
O maior destaque ficou para a
escolha da música como um dos temas de abertura da novela Vila Madalena
(novembro/99 a maio/2000). “Um dos” porque, pela primeira vez, a Rede Globo apostava em 14 aberturas
diferentes para a novela. Xuxa foi a última a ser divulgada. Para isso ela
gravou um miniclipe exclusivo. Veja no item “Profecias na Vila Madalena”
Xuxa pode até não se considerar
cantora, mas pode se dar ao luxo de dizer que gravou todo tipo de música. Nesse disco ela encara até o pagode! A faixa foi encomendada por ela ao grupo Molejo durante o Planeta Xuxa exibido em 30/05/1999. Após Anderson Leonardo mostrar uma "palinha" de uma composição feita para o grupo OxGênios, o vocalista do Molejo e seus parceiros Claumirzinho e Márcio Paiva receberam a missão de fazer uma nova música para a Rainha.
Pedido de Rainha! Missão dada é missão cumprida
O mais interessante é que a
música foi apresentada ao público ao
mesmo tempo que foi apresentada à Xuxa. Já que a faixa foi encomendada no ar, também ia ser no ar que todo mundo ia ouvir! Ao final de mais uma das apresentações
do Molejo no Planeta Xuxa, Anderson cantou, em primeira mão, duas faixas que havia composto para a loira e
adivinhem... uma delas era Pagoxu.
Xuxa gostou e logo gravou a
faixa, afinal estava em época de seleção de repertório para o disco. Pagoxu chegou a ser apresentada no Park
em sua primeira versão, apenas com os vocais de Xuxa, até que, numa outra participação
do grupo no Planeta de 15/08/199, Anderson brincou e criou uma espécie de vinheta para
comentar que Xuxa estava no pagode. “Olha só quem tá chegando na área! Xuxa!!!”
Pronto! Era a cereja do bolo! A loira não titubeou e pediu que ele gravasse
aquela vinheta para colocar na música, já que o disco ainda não tinha passado
pela mixagem final quando o programa foi gravado.
"Missão dada, Missão cumprida" - Parte 2
A letra junta o que o Molejo sabe
fazer de melhor – pagode – e o universo que o grupo pôde experimentar quando
foi um dos apresentadores do Planeta Xuxa durante a licença maternidade da
loira. É fácil identificar elementos da dinâmica do programa nos versos: “faça que nem o Planeta que roda, que roda e
é coisa linda / ver a galera batendo na palma da mão” ou ainda “o que é que a gente tem, o que é que a gente
tem?” – para quem não se lembra, no ano de 1998 essa vinhetinha era chamada
toda vez que Xuxa ia fazer um “resumão” do programa do dia.
E não para por aí,
ainda existem referências à Libera Geral (1997)– praticamente o segundo tema oficial
do programa – e, claro, Dança da Xuxa
(1988)!
Repara só, Pagoxu segue na trilha do que Xuxa pedia em “Libera Geral”:
“Liberta sobretudo o coração”
(Libera Geral) “Jogue pra fora a tristeza do seu coração” (Pagoxu)
“Libera geral, libera geral,
então libera!”(Libera Geral) "Porque tá tudo, tá tudo, tudo liberado!"(Pagoxu)
Pagoxu: além das referências na letra, sucessos antigos também são relembrados na coreografia (Libera Geral - 1997 e Dança da Xuxa - 1988). Até a vinhetinha do "Planeta Xuxa" - "O que é que a gente tem?" - foi lembrada no pagode criado pelo grupo Molejo
Já "Dança da Xuxa", óbvio, tem sua referência no refrão: “Xu-Xu- Xa-Xa” (até a coreografia relembra os passos do clássico da loira...)
A faixa foi uma das mais
executadas nos anos 1999 e 2000, mas só ganhou um clipe em 2003, no programa Xuxa
no Mundo da Imaginação
A caracterização de Xuxa no clipe de 2003 lembra bastante a que ela usava nas apresentações no "Xuxa Park" em 1999
Curiosidade: A segunda faixa apresentada por Anderson como uma
alternativa, caso Xuxa não gostasse de Pagoxu era um pagode para... Sasha! “Eu quero um S, eu quero um A, um outro S e um H...e para completar mais
um A” dizia o refrão. Ficou na gaveta...😔
Cid Guerreiro apresenta sua última composição na discografia de
Xuxa. Depois da bem sucedida “Eu Tô feliz”
no disco anterior, o baiano novamente recorre à fórmula dos “ês e ôs”: zê zê zeôu / zô zô zô zoar / a hora é essa /
e o bicho vai pegar
"O Bicho Vai Pegar" virou tema de encerramento do primeiro bloco do Planeta Xuxa
A faixa acabou se tornando a
música de encerramento do primeiro bloco do Planeta
Xuxa naquele ano, mas mesmo assim é uma das menos lembradas obras de Cid na carreira fonográfica da loira.
Ela se diferencia das demais
obras por conter mais elementos de pop
dance do que de axé, ainda que a característica percussão baiana esteja
presente. Seu início lembra muito o estilo de música lançado meses antes nos
países da América Latina, com o álbum “Xuxa - El
Mundo és de los Dos”.
Além de ganhar clipe numa das últimas edições do "Xuxa no Mundo da Imaginação" em dezembro de 2004, foi uma das músicas mais apresentadas na temporada de 2005 do TV Xuxa, num total de três apresentações.
A partir desta faixa o disco
começa a traçar um caminho mais infantil, O
Elefante Feliz é composição de Michael
Sullivan e Carlos Colla e foi
uma das músicas de trabalho, sobretudo no Xuxa
Park.
É quase impossível não associar a
música a elefantes que marcaram nossa infância, mesmo que ela tenha aparecido
só em 1999: Dumbo (Walt Disney) e Jotalhão (Mauricio de Sousa) e, no
nosso entendimento, foi esse o caminho que os compositores quiseram seguir: “eu sou de circo, sou famoso, sou artista,
dançarino, equilibrista, sou até comediante”...
Dumbo e Jotalhão: famosos, artistas e elefantes felizes!
Músicas infantis sobre elefante
não são novidade: Vinícius de Moraes
já tinha feito na Arca de Noé e Maurício
de Sousa nos LPs da Turma da Mônica (1971 e 1987), mas esse último tem uma
semelhança muito grande com a faixa lançada por Xuxa, ouçam (principalmente a partir do minuto 0:53):
Dá para dizer que Sullivan e
Colla se inspiraram no Jotalhão ou não? Vocês decidem.
O Elefante Feliz ganhou clipe em 2002 no Xuxa no Mundo da Imaginação e foi regravada por Xuxa em 2010 para o
XSPB 10 – Baixinhos, Bichinhos e +.
Um elefante através das gerações: do Park ao XMI / XSPB (Afinal um elefante alegra muita gente) 🐘
Logo que Xuxa 2000 saiu, o colunista Jorge Luiz Brasil em matéria sobre o
disco para o jornal Extra disse que "A Festinha" era uma música em que “Xuxa relembrava o badalado primeiro aniversário de Sasha”. Se fosse
nos dias de hoje ele teria escrito “fake news”... Para começar,
quando a faixa foi gravada, Sasha ainda nem tinha feito um ano, então como
relembrar o que não aconteceu? Seria algo tipo “saudades do que a gente não
viveu”? 😏
Acertaria se tivesse dito que, em
“A Festinha”, Xuxa relembra o sucesso de “Festa
do Estica e Puxa”, ainda que de forma involuntária. A ideia é a mesma:
misturar personagens das histórias infantis com a Turma da Xuxa, numa festa
comandada, claro, pela Xuxa!
Já queremos um medley chamado "A Festinha do Estica e Puxa (DJ Nostradamus Mix)"
Mas se a ideia fosse mesmo fazer
um remake de "Festa do Estica e Puxa", ainda assim não seria genuinamente algo “Xuxa”. Sabem
por quê? A música é uma regravação.
Sim, “A Festinha”, composição de Luizito e Paulo Azarias foi lançada
originalmente pelo palhaço Tiririca em seu segundo disco – Tiririca, o
Padroeiro do Ceará (1997).
A letra, para a versão de Xuxa,
sofreu algumas modificações: de convidada, a loira passou a ser a dona da festa:
E se fosse numa versão de hoje? Quem estaria na lista? Apostamos em Elsa, Bob Esponja, Lady Bug e Patrulha Canina
Curiosidade: para poder lançar a faixa com os devidos créditos
aos autores, Xuxa precisou usar de seu programa para contactar o compositor
Luizito, que mandou a música para ela, mas sem um número de contato válido. Com
isso, no início de julho, a loira pediu, no ar, que o compositor entrasse em
contato com a produção, pois a música tinha sido escolhida, mas o número
deixado não atendia. Se você não vai até a Xuxa, ela vai até a você!
Nas apresentações a loira usava um visual rockabilly, enquanto as Paquitas usavam acessórios que faziam referências aos personagens da letra
Também ganhou um clipe no programa "Xuxa no Mundo da Imaginação", em 2004.
Álvaro Socci e Cláudio Matta,
dupla que mais compôs para Xuxa, depois de Sullivan & Massadas, dão um tempo
nas letras mais elaboradas e trazem a loira
para o universo da lambaeróbica. Para você que é mais jovem e está se
perguntando o que seria isso; pense nas aulas de zumba que sua tia, sua vizinha
e mais um monte de gente faz na academia... era isso!
A lambaeróbica é a precursora das
aulas de zumba. Quando essa onda fitness começou a crescer, no fim dos anos 90,
um jeito legal de trazer as pessoas para as academias eram as danças de
lambaeróbica (mistura de lambada - ah, os anos 80 - e exercícios aeróbicos).
Ora, se já existia Dança da Xuxa, Rexeita da Xuxa, Abecedário
da Xuxa, Pelotão da Xuxa, o que faltava para a Turma da Xuxa? Lambaeróbica
da Xuxa! Para dançar bastava seguir a letra, mais fácil, impossível...
Lembra o estilo de Dança do Sapatinho
do disco anterior, aquele pagode baiano que começou com É o Tchan.
É Lambada? É Axé? É Pagode? Não, é a Lambaeróbica da Xuxa!
Já que a temática do disco era o futuro no ano 2000, não dá para ignorar um sinal do novo milênio: “abana o corpo, nessa quentura, mão na cabeça, mão no ombro e na
cintura... é do umbigo lá pra baixo que você tem que mexer...” e o que tem lá?
Então... joelho e pé
hahahahahaha Ok, a gente não ia deixar de brincar com esse prenúncio de "Cabeça, Ombro, Joelho e Pé"😂
O compositor, cantor e um dos
jurados do extinto reality Ídolos (SBT), Marco
Camargo, faz sua estreia num disco da Xuxa ao lado de Zé Henrique (Banda Yahoo). A faixa é bem didática, ensinando os
passos do country para os baixinhos (não
falamos que Xuxa já cantou de tudo?).
Uma das grandes apostas do disco,
“Country” foi escolhida para servir de base para a promoção de divulgação do
disco: em 09/10/1999, perto do lançamento, Xuxa apresentou em seu programa a
coreografia completa da música e lançou o desafio: o grupo de meninos e meninas que dançasse a música no palco do programa
de forma mais fiel ganharia uma bicicleta (para cada integrante). Todo sábado a loira mostrava um VT com a coreografia. A promoção durou até o início de 2000.
Um passo pra cá, um passo pra lá / Um passo pra frente, um passo pra trás... (Só ganha a bicicleta quem igualzinho faz)
Curiosidade:além da melodia fiel ao ritmo americano, “Dançando o Country” traz referência ao
famoso e típico canto dos alpes suíços: o iodelei
(yodelling), uma espécie de onomatopeia. A brincadeira de “aportuguesar” o
canto já tinha sido feita por Bob Nelson, em 1949 (Eu Tiro o Leite) e Rita Lee, em 1972 (Tiroleite)
Bem que ela podia regravar e adaptar o refrãozinho para "não tomem lei-í-ti-iti" "Dançando O Country (Go Vegan Vocal Mix)"
E já que falamos de cultura
estrangeira com o country, por que não continuar a viagem e aprender mais sobre
uma festa que a cada dia ganha mais adeptos no Brasil? O Halloween! Se hoje isso já está mais inserido na nossa cultura, há
20 anos era bem diferente e não é que a
loira saiu na frente mais uma vez?
Tanto que só depois de 1999, Xuxa passou a ter programas temáticos para a data – Xuxa
Park (2000) e Planeta Xuxa (2000
e 2001). A ideia de Sullivan e seu
parceiro, Dudu Falcão era afastar o
medo de bruxas, transformando-o numa brincadeira.
Com uma "bruxa" dessas, quem vai ter medo?
Claro que a rima foi liberada,
pois era conveniente (lembraram dos versos de “Brincar de Rimar” (1996) que
diziam “e a Xuxa... Não me faça rima,
não!”?). Quem diria que três anos depois, nasceria uma das personagens mais
marcantes da carreira de Xuxa, a Bruxa
Keka? Até que a rima trouxe mais pontos positivos que negativos, né?
E falando em Keka, não tem como não lembrar do "Xuxa no Mundo da Imaginação"... Pois é, a música ganhou um clipe exclusivo no programa em 2003.
Apesar de ser no XMI, nada de Keka no clipe de "Dia das Bruxas"
Se você pensou na “Banda da Xuxa”, faixa de 1987, saiba que
agora a história é outra! Ou melhor, é a
mesma, mas contada de um novo ponto de vista. Se na música dos anos 80, o
foco estava em quem tocava os instrumentos (a Turma da Xuxa), agora
quem ganha destaque são os próprios
instrumentos, que foram humanizados (“e
a tuba fala grosso, um tremendo vozeirão”).
Se em "Banda da Xuxa" os protagonistas eram os integrantes da Turma , em "A Bandinha da Xuxa" é a hora dos instrumentos brilharem sozinhos
Mais paralelos: Se em 1987 tivemos os versos
polêmicos de Reinaldo Waisman que quaaase
causaram a censura de “Banda da Xuxa” (o Praga, distraído / que horror, foi
confundindo o tambor com o bundão do Agenor / Ai, minha bunda); dessa vez Zé Henrique e Jorge Gomes fizeram uma brincadeira com as rimas das fanfarras de
colégio: “toma limonada pra acordar de
madrugada” (ou outro verbo mais escatológico, se preferir) e a clássica
recriação do surdo, o instrumento: “Buuum
Dão, Buuum Dão”. Brincadeira para a molecada, mas não necessariamente uma
novidade; em 1995, Sérgio Mallandro e Gugu usaram o mesmo recurso em músicas de
seus discos.
A "Bandinha..." também tocou no Xuxa no Mundo da Imaginação quando ganhou um clipe em 2002.
O clipe foi lançado no DVD "Xuxa no Mundo da Imaginação - Era Uma Vez - Vol 1"
Se chamamos “Agora Vou Andar”, música do disco “Boas Notícias”(1997), de “embrião” do XSPB, “Cabeça, Tronco e Membros” já pode ser considerada um bebê
prematuro. A faixa ficaria perfeita no repertório do projeto que
Xuxa viria a lançar no ano seguinte.
“Cabeça...” é a segunda música de
Vanessa Alves para um disco da
loira, lembrando que ela é responsável pela grande maioria das composições
e versões da série XSPB. Um outro ponto que deixa a música mais próxima do futuro projeto é o fato que ela depende do complemento visual (“toque nos ombrinhos, toque igual a mim” / balance as perninhas, balance igual a mim”). Os mais baixinhos precisariam ver como Xuxa estava fazendo para repetir; exatamente o conceito das VHS do XSPB.
Como Xuxa ensinou algumas vezes a coreografia no Xuxa Park, isso, de certa forma, supriu a
necessidade visual para os menorzinhos. Mas numa época sem a força do YouTube,
o baixinho que não visse o programa tinha que imaginar o movimento (o que
também não é ruim).
Mas nem por isso "Cabeça, Tronco e Membros" ficou sem um clipe para chamar de "seu"; em 2002 a loira tratou de fazer um para ser exibido no programa "Xuxa no Mundo da Imaginação".
Saindo dos pequenininhos e
mirando no pop adolescente, “Efeito
Dominó” chega para direcionar Xuxa
2000 para outro público-alvo. A diferença é perceptível em tudo: na letra,
nos arranjos e até nas fotos escolhidas
para ilustrar a música no encarte. A letra de Sullivan e Dudu Falcão
serviu como uma luva para a trilha
sonora de “Xuxa Requebra”, filme que marcava a volta da loira ao circuito
cinematográfico brasileiro depois de 9 anos. A história falava de uma escola de
dança que enfrentava problemas financeiros e via numa competição a chance de se
reerguer.
Cena de "Xuxa Requebra" onde "Efeito Dominó" serve de trilha sonora
Além do número no filme, a faixa
chegou a ser apresentada no Planeta Xuxa várias vezes. Já no Park costumava
tocar de fundo durante alguma brincadeira, evidenciando que o foco realmente
era o público jovem.
Primeira música apresentada ao público, já na estreia da temporada
1999 do Planeta Xuxa. Composta pelos funkeiros Sandro Mora Mau e Formiga, “Vira
Vira” é praticamente a saudação da loira ao público do programa. Letra
fácil e grudenta com a característica batida do funk anos 90 e samples! Logo de início já são dois: o
grito “atencióóóónn” e a introdução
de “O Guarani”.
“Atención” originalmente faz
parte da música “Amokk” – sucesso disco trance europeu – lançada no disco
“Paradoxx” no ano de 1998. No Brasil a faixa fez relativo sucesso, mas, mesmo
assim, o disco não foi lançado aqui.
O sample de “O Guarani”, ópera de Carlos Gomes, aparece logo em seguida. Talvez
você não ligue o nome à música, mas a gente tem certeza que você já ouviu o
jornal de rádio “A Voz do Brasil”.
Então... aquela introdução musical é “O Guarani”.
Redondinho virado nos samples: do eurodance à "Voz do Brasil"
E o que isso tudo tem a ver com a
Xuxa? Bem, a ideia era fazer uma brincadeira tipo “A Voz do Planeta”, pois
logo depois a loira canta os versos que são a ordem do planeta: “nosso
lema é curtir e liberar geral”!
Do Planeta para a TV: Vira-Vira foi apresentada num dos primeiros TV Xuxa em 2005, mas o mais curioso é que era essa faixa a utilizada nas chamadas de estreia do programa. Depois, foi cantada novamente no TV Xuxa nas semanas de ano novo de 2005 e 2006.
Se a loira já foi de pagode,
lambaeróbica e country, por que não um
rap? MC Xu na área! Renata Arruda
emplaca sua terceira música consecutiva num álbum de Xuxa. Aqui a novidade fica
mais para a compositora do que para a intérprete, afinal a loira já tinha se
arriscado, ainda que timidamente, nesse estilo quando gravou “Sábado” (1995). Renata Arruda se firmava
como cantora de MPB e já estava em seu terceiro disco e um rap infanto-juvenil
era totalmente fora de seu estilo, ainda mais que dessa vez ela não contava
com a parceria de Mariana Richards (como nas duas anteriores), que conhecia
melhor que ninguém o universo de Xuxa.
Renata Arruda: músicas em três álbuns consecutivos da loira (e não parou por aí, viu?)
Renata não fez feio e criou
versos que falavam aquilo que Xuxa sempre defendeu: a perseverança em não desistir
do que se pretende. “Se você tentou e
ainda não foi, tente outra vez / não deixe pra depois / Acredite sempre, a
cabeça erguida / Olhe para a frente, sempre tem saída” – os versos podem
até soar genéricos, mas ao serem contextualizados na história de Xuxa, são
quase uma releitura rap de Lua de Cristal; mesmo assim a faixa não chegou a ser apresentada nos programas da loira.
Curiosidade: Em 1996, os MCs Cidinho e Doca – aqueles do “eu só quero é ser feliz...” –
compuseram um outro “Rap da Xuxa”,
mas que ficaria melhor intitulado “Rap pra Xuxa”, pois é uma homenagem à loira
e fala de seu sucesso como apresentadora de TV.
Michael Sullivan e Dudu Falcão são os responsáveis pela única baladinha
do disco e geralmente esse tipo de música é sobre o amor. Nesse caso, literalmente!
“Só o nosso Amor” fala do amor como forma universal de se mudar o mundo, não
importando se é entre um casal, entre pais e filhos, amigos: “o amor pode mudar você a qualquer momento”.
Jorge Luiz Brasil, na matéria que
já comentamos aqui, diz que a música é feita especialmente para Sasha e, mais
uma vez, temos uma interpretação diferente: por mais que a letra retrate coisas
inerentes ao amor maternal (só o amor
mais natural, um amor universal), a letra é bem mais abrangente (união, humildade / paz na humanidade).
Tão abrangente que a música serviu de tema para a personagem de Xuxa no
filme “Requebra” – a jornalista Nena, que nem filhos tinha.
Uma das cenas mais bonitas de "Xuxa Requebra" mostra Nena (Xuxa) fazendo movimentos de dança ao som de "Só o Nosso Amor"
E tem mais: no Xuxa Park, a faixa se tornou o tema da “marquinha” no encerramento do
programa, quando Xuxa escolhia uma criança para presenteá-la com seu
beijinho.
Curiosidades #1: o solo de saxofone no meio da música é de Zé Canuto, instrumentista consagrado na
MPB e que tem no currículo trabalhos com Gal Costa, Rita Lee, Daniela Mercury,
Caetano Veloso, Chico Buarque, Titãs,Lulu Santos, Gilberto Gil e uma lista que vai de A a Z. O X a gente
agora já sabe quem é, não é mesmo?
#2: A faixa fez parte do álbum “Mulheres Unidas Pela Prevenção do Câncer de Mama”, lançado em 2006
numa parceria da Avon e do Hospital de Câncer de Barretos (hoje chamado Hospital do Amor).
"Só o Nosso Amor": sete anos depois de seu lançamento, a faixa foi escolhida para o CD da campanha de prevenção ao câncer de mama. Faz sentido! Se prevenir é ter amor próprio...
São três músicas em uma para festejar o aniversário de todo mundo. Em “Primeiro Aniversário”, Sullivan tenta repetir com Dudu Falcão o
êxito de “Parabéns da Xuxa” – sua parceria com Paulo Massadas. A ideia é
boa, mas o tema limita bastante a utilização nas festinhas: por mais que a
maior parte dos versos se aplique a qualquer aniversário, o início é bem
específico: “Hoje é seu primeiro
aniversário, hoje é seu primeiro parabéns”...
Essa sim é uma música para Sasha! A baixinha da Rainha estava para completar um ano quando a música foi gravada (início de julho) e o jornal Extra chegou a descrevê-la como “a música da festa de Sasha”, mas ressalta que ela também servirá como música tema de um dos momentos do Xuxa Park: aquele em que Xuxa apresentava os aniversariantes da semana.
Matéria publicada no jornal Extra (RJ) em 07/07/1999 (Fotos ilustrativas)
A própria Xuxa chegou a fazer uma ressalva em alguns programas, logo após cantar a introdução: “Baixinho,
é seu primeiro aniversário aqui no Xuxa
Park, né?” no caso da criança já ser maior que um ano. Do contrário, as
fotos das crianças de um ano eram estrategicamente colocadas antes para que a
música não destoasse.
O tradicional “Parabéns
Pra Você” e o “Parabéns da Xuxa” se juntam ao final
da música formando um medley. Como dissemos, é para todo mundo: de 1 a 100 e
contando...
Como numa contagem regressiva, o tema do disco chega com ares de festa no final
de tudo. Álvaro Socci e Cláudio Matta estavam inspirados – e confiantes –
sobre o não-fim do mundo (desculpe, Nostradamus...): “Chegou! O mundo não
acabou, sou eu que vou me acabar...”
Tanto o instrumental como partes
da letra lembram bastante as típicas músicas de Copa do Mundo: “vem cá, me aperta contra teu peito / somos
campeões dessa corrida contra o tempo / somos 6 bilhões de corações que esperam
pra te abraçar”
A faixa foi a única do disco a ganhar um clipe COMPLETO em 1999 e que foi especialmente exibido na contagem regressiva
da Rede Globo na madrugada do dia 31/12 para 01/01. Quem estava na festa ou
dormindo e não assistiu, não saiu perdendo; o clipe foi reexibido no primeiro
Planeta Xuxa de 2000. O vídeo foi gravado no cenário do Planeta Xuxa, mas
contou também com o elenco do Xuxa Park.
O clipe de "2000" foi exibido na virada de 99 para 2000 na TV Globo e reapresentado no primeiro programa Planeta Xuxa do novo ano
Curiosidade: Você já se deu conta que no final da música temos uma contagem regressiva e não é na voz da Xuxa? Ah, nem precisa olhar o encarte do CD pois não há o nome da
dona dos vocais. Sabem quem é? A cantora e atriz Livia Dabarian, que na época integrava o grupo OxGênios.
Assim como seu antecessor (Só Faltava
Você), Xuxa 2000 também teve música divulgada que acabou de fora da
seleção final. Pelo menos uma, pelo que se sabe... “O Canto dos Bichinhos”
chegou a ser bastante tocada no Xuxa Park
durante as brincadeiras no início de julho alternando com Pagoxu e Festinha. Porém,
já em agosto a música parou de tocar e nunca mais se ouviu falar dela...
Confira um pouquinho da faixa que
não “sobreviveu ao 2000”:
🤷 Saiu, mas não era para o "2000"
Muitos fãs da loira acreditam que "Aquarius (Xuxa Park)" - música que passou ser tema da chegada da loira no programa a partir de outubro de 1999 - se tratava de uma "sobra" do repertório do disco que depois resolveram utilizar no programa. Nada disso...
"Aquarius" realmente foi feita exclusivamente para a nova fase do programa, tanto que seu nome alternativo é "Xuxa Park". A atração havia passado por uma reformulação de cenário, abertura e elenco, nada mais justo - e previsível - que uma nova música.
Lançado em formato único (CD), Xuxa 2000 apresenta um dos projetos gráficos mais bonitos de toda a carreira fonográfica da loira
Em compensação o encarte foi super caprichado, talvez o melhor de sua discografia até então.O projeto gráfico é da própria Xuxa e de Reinaldo Waisman (o pai do
Moderninho, estão lembrados?). Eles criaram uma espécie de caderninho/agenda
onde as letras das músicas dividem espaço com fotos da loira e desenhos feitos
a mão. Um scrapbook antes de virar moda, basicamente.
Um caderninho/agenda trazia todas as letras das músicas, agradando aos baixinhos e aos adolescentes
Outra novidade estava na caixinha
de acrílico do CD... Desde 1997, os discos no Brasil vinham com um selinho
holográfico coma sigla FLAPF
(Federação Latino-Americana de Produtores de Fonogramas e Videofonogramas). O
selinho foi uma tentativa de informar aos autores a quantidade de discos
produzidos pelas gravadoras, pois os discos não eram numerados. Acontece que a
estratégia foi eficaz por pouco tempo, os selos começaram a ser pirateados
também. A Som Livre (SIGLA) deu seu
jeito de dificultar a pirataria incluindo na caixinha do Xuxa 2000 um novo
selinho com o autógrafo e o clássico beijinho da loira. Era unir o útil ao
agradável, pois o holograma casava perfeitamente com o visual futurista da
capa.
Charme a parte: o selo holográfico criado pela Som Livre para ser mais uma alternativa contra a pirataria de CDs
Falando na capa, ela também teve
novidade: o logotipo também vinha com impressão metalizada furta-cor
(tecnicamente falando, hot stamping). Na contracapa o nome das músicas também
recebeu a aplicação; mais um dificultador para a pirataria.
Pela primeira vez um disco de Xuxa recebia um acabamento de primeira linha na sua apresentação
Para divulgar o disco, um anúncio impresso passou a ser veiculado em
algumas revistas da Editora Globo, além de destaque nas páginas da SomLivre
Magazine (publicação oficial da gravadora distribuída aos clientes do site
somlivre.com).
Anúncio veiculado nas revistas da Editora Globo no mês de novembro de 1999
Nas páginas da SomLivre.com Magazine, o disco também ganhou destaque, mas com algumas falhas: as músicas não eram somente do Xuxa Park e o nome da faixa de abertura é Profecias e não "Profecia" (Poxa, a própria gravadora dando uma escorregada dessas 😕)
Mais uma vez, a divulgação do
disco ficou prejudicada nas revistas semanais de entretenimento por conta de todo o interesse da
mídia no 1º aniversário de Sasha (no ano anterior era o nascimento). Não fazia nem
3 meses que Xuxa havia monopolizado as capas e manchetes das publicações e,
além disso, a imprensa ainda preferia falar sobre a pequena a qualquer projeto
novo da loira.
🗺️ Turnê Xuxa 2000
Já que o disco “Só Faltava Você”
não teve turnê, a expectativa para o Xuxa 2000 era grande, ainda mais depois
que a revista Chiques & Famosos
publicou:
(...)
A partir de setembro, ela (Xuxa) dá a partida para o lançamento de seu novo CD,
o que implica viagens, nova turnê de shows, somando um total de 13 apresentações até o fim do ano”
(Chiques & Famosos nº 17,
de 27/08/1999)
Mas Xuxa estava envolvida com sua
volta às telas do cinema, gravando “Xuxa
Requebra” e com diversos outros compromissos que incluíam o lançamento de
produtos da linha Turma da Xuxinha,
gravações do Park e Planeta e, claro, cuidar de Sasha; com
isso a “suposta” turnê foi cancelada.
Mas o disco não passou em branco:
a Rede Globo contratou um show exclusivo
de Xuxa para o filhos de seus funcionários no Projac.
A apresentação
aconteceu no dia 31/10/1999 e músicas do Xuxa
2000 integraram o set list, entre elas: Profecias,
O Elefante Feliz e Pagoxu.
Junto &Misturado: o show teve de tudo: nave do "Xou", cenário da turnê de 1992; figurino das Paquitas do Criança Esperança (1999), convidados e, claro, músicas do Xuxa 2000.
🎥 Clipe "Profecias"
No dia seguinte ao show, a loira
já tinha mais trabalho. Lembram que falamos da estratégia da Globo em fazer 14 aberturas diferentes para a novela Vila Madalena que estava para
estrear?
Xuxa gravou no dia 1/11, o clipe
de Profecias sob a direção de José Henrique Fonseca,
famoso por seu trabalho na direção de clipes musicais dos mais variados
artistas brasileiros.
O clipe foi rodado no estúdio
Trinta Filmes, zona oeste do Rio. Xuxa
chegou no estúdio às 11h e gravou até às 19h. Tudo isso para resultar em 1
minuto, duração final do vídeo. A loira usou dois figurinos, mas a novidade
ficou mesmo pela peruca de cabelos ruivos encaracolados.
Todo o vídeo foi feito através do sistema chroma-key, ou seja, na frente de um fundo verde onde depois foram inseridos os grafismos e imagens do roteiro.
Xuxa gravando o clipe para a abertura da novela "Vila Madalena" (TV Globo)
“O resultado ficou maravilhoso! Minha equipe
tem muita experiência e já trabalhou com quase todo mundo. Mas faltava a Xuxa. Por
isso aceitamos fazer esse clipe. Ela me surpreendeu, tem um profissionalismo
enorme e uma eletricidade contagiante”
José Henrique Fonseca – Declarações à Contigo! De
09/11/1999
Pois é, resultado maravilhoso mesmo! Sem dúvida um
dos vídeos mais bem produzidos da videografia da loira. Felizmente
a versão sem os créditos foi apresentada no 1º Xuxa Park do ano 2000.
O clipe exibido no "Xuxa Park" tinha o logotipo da novela, mas não os créditos que atrapalhavam a visualização das cenas 🙏
Curiosidade: embora nada tenha sido divulgado oficialmente
pela equipe de José Henrique Fonseca, é impossível não se lembrar do vídeo
clipe de Ray of Light, lançado por
Madonna em 1998, seja pelo figurino e cabelos ou pelos recursos de se acelerar
a imagem para dar um ar de passagem de tempo frenética.
Profecia esquecida de Nostradamus revela: no ano do fim do mundo, um raio de luz iluminará o lugar chamado Vila Madalena, quando o reino do pop encontrar o reino das crianças
📸 Fotos mil para o Xuxa 2000
Todos os ensaios do encarte foram
feitos por André Schiliró e a grande maioria já
havia sido divulgada ao longo do ano, o que, de certa forma, frustrou um
pouco as expectativas de quem esperava algo inédito. Mas é importante lembrar
que essa divulgação aconteceu numa época
que não havia Instagram e a internet ainda não tinha nem metade do
alcance que conhecemos. Ou seja, não era abrir uma tela e ver a mesma foto
replicada 2000 vezes como acontece hoje. Para conhecer tudo a pessoa tinha que
ser um “rato de banca”.
Outtakes dos ensaios do encarte já apareciam em revistas desde março de 1999
Já o ensaio da capa do Xuxa 2000 tinha sido utilizado na contracapa do disco “El Mundo és de Los Dos”,
lançado em maio daquele ano em toda
América Latina. E a roupa utilizada também foi usada por Xuxa em sua
apresentação no programa VideoMatch
da TV Argentina, em abril.
O figurino e até o ensaio que serviu de capa já tinham sido divulgados previamente
O ensaio do inlay (bandeja) do CD ficou mais famoso em 2001, quando a loira lançou seu primeiro livro de fotos: Xuxa (Editora Artemeios)
Variações do ensaio também foram divulgadas mesmo antes do lançamento do álbum
O mesmo ensaio também ilustrava o
site oficial da loira no ano de 1999,
bem antes do disco sair.
Home do site oficial em agosto de 1999
🏅 Vendagem
O disco recebeu a Certificação de Ouro concedida pela
ABPD – Associação Brasileira do Produtores de Disco – equivalente a 100 mil cópias vendidas.
Os números já começavam a
refletir o fato dos últimos discos Xuxa não terem um público-alvo exatamente
definido. O repertório se dividia entre algumas faixas bem infantis e outras mais puxadas para o pop adolescente. Os mais crescidos não se interessavam pelas faixas
infantis; já os menorzinhos só tinham o Xuxa Park como referência, o que era
pouco para a divulgação do CD, até porque Xuxa cantava muitas músicas de outros
discos.
Xuxa já sentia isso e mal tinha
lançado o Xuxa 2000, já pensava mais
a frente: o XSPB já era realidade nos
desejos da loira, como se comprova em entrevista ao jornal O Globo de
12/12/1999:
Por mais que uma grande parcela
de fãs dos anos 80 e início dos anos 90 tenha torcido o nariz para o novo
caminho fonográfico escolhido por Xuxa, ela sabia que era preciso se reinventar e foi graças a sua coragem de sair da
zona de conforto que ela voltou a
alcançar a casa do milhão na venda de discos (só o XSPB 1 vendeu mais que
os todos os discos de Xuxa entre 1995 e 1999).
➡️ Curiosidades 🤔 Paquitas: No encarte vemos que as Paquitas são creditadas no coro de quase todas as músicas; mas quais? As "New Generation" ou as "2000"? Ou ambas? Os vocais são da NG, pois quando o disco foi gravado as novatas ainda estavam se preparando para assumir as tarefas.
☹️ Sem revival: "Xuxa 2000", infelizmente, é o único álbum de inéditas a partir da contratação pela Som Livre que não teve/tem nenhuma música na set list do "XuChá" / "Xuxa Xou". Tá em tempo ainda, produção!
😭 Sem streaming: até hoje o disco está fora das plataformas digitais (assim como o "Tô de Bem com a Vida" - 1996).
🤟 Vamos ver o mundo pelos olhos de uma criança...
Assim como o ano 2000 encerrou o
segundo milênio, “Xuxa 2000” encerrou a segunda era da carreira fonográfica de
Xuxa: a era pós “Xou da Xuxa”. Foram 5 anos (1994-1999) de discos bem
produzidos, novos hits, novos compositores e a difícil tarefa de administrar
dois públicos com interesses distintos, ainda que com uma paixão em comum.
Xuxa 2000 cumpriu seu papel: deu à Xuxa a maturidade de se arriscar
em algo novo, abrindo mão do que era previsível e cômodo. Ela sempre quis
ousar, inovar, recomeçar e aprender. Ela seguiu a profecia, não a de
Nostradamus, mas a de sua própria música: “Preste
atenção no seu coração”... E no coração da loira os 4 números (2000) já
davam lugar às 4 letras (XSPB)!
Sem dúvida, ela mostrou porque
é campeã “nessa corrida contra o tempo”!
Xuper Blog... Muito boa a matériaaaa. Só gostaria de acrescentar algo. A ex paquita Daiane Amêndola disse que elas tiveram uma participação no Xuxa 2000. Parece que foi só em 1 música, mas ela não lembra qual era.
Perfeito o trabalho de vocês, parabéns! Esse é meu álbum preferido e fico muito indignado em ser um dos únicos a não estar nas plataformas de streaming. Uma dica que dou é que todos os fãs mandem e-mail para a XP (xs@xsproducoes.com) e peça o álbum (junto com o Tô de Bem Com a Vida, que também está de fora das plataformas) no Spotify e demais plataformas.
Eu me lembro tanto desse disco. As músicas. Essas fotos. Eu pegava emprestado com minha vizinha porque a gente não tinha dinheiro pra comprar. Também pegava o Boas Notícia, To de Bem Com a Vida e o XSPB1. Lembro que eles tinha do Luz no Meu Caminho em LP. Mas meu preferido era o Xuxa 2000. Uma vez fui com minha mãe numa loja comprar um piratão do XSPB1, mas já estava esgotado. Acabei trazendo o da Eliana kkkk. Na época do Xuxa Park, quando o programa acabava eu ia pro quintal esperar um helicóptero rosa - não sei de onde tirei que a Xuxa tinha um. Em 2001, quando eu tinha 5 anos, passei em frente a mansão da Xuxa voltando da casa do meu avô, que vi pela primeira e única vez. Eu ficava deitado no sofá de olhos fechados me imaginando em 'A Festinha' naquela mansão. Na época do Mundo da Imaginação meu pai foi embora. Meu irmãos estudavam de manhã e minha mãe trabalhava. A minha companhia era a Xuxa, só por causa dela não me sentia tão sozinho. Batia altos papo com as capas dos LPs da Xuxa que eu tinha. Era minha única amiga. Em 2012 pude pegar na mão dela. Nossa! Que cheiro maravilhoso que ela tem! Cheguei em casa e o cheiro ainda estava na minha mão. Depois a vi mais duas vezes em shows do Criança Esperança e uma vez eu vi a Sasha no mercado que eu trabalhava. Essa mulher faz parte da minha vida de um modo tão forte que não desapego dela! Hoje com 23 anos permaneço fascinado pela figura dela.