Se fosse uma fábula certamente
seria algo como “A Fada Madrinha e as
Sete Loirinhas”, mas mesmo com essa pinta de mundo de faz-de-conta, tudo é
muito real. Realidade de sete meninas
que virou sonho de todas – ou pelo menos quase todas.
Que menina dos anos 80 e 90 não
queria ser Paquita? Estar ao lado de Xuxa nos shows, no programa, nas viagens,
em sua casa? Se isso já era suficiente para mexer com os sonhos das baixinhas,
vamos acrescentar mais um ingrediente: fazer
shows, cantar e dançar suas próprias músicas.
As Paquitas não eram mais
coadjuvantes, elas agora tinham voz... Literalmente! Em 29 de agosto de 1989, chegou às lojas o primeiro disco das
Paquitas. Com 11 faixas, era hora de ouvir o que aquelas soldadinhas tinham
para falar e muita gente (mesmo) parou para escutá-las...
🐦Garotas “Gralhas” sapecas, levadas da breca...
A ideia de fazer um disco surgiu à medida que Massadas e Sullivan foram se acostumando com a
presença das meninas no estúdio para fazer coro nos discos de Xuxa.
Por um motivo que não sei explicar, elas
começaram a aparecer nos estúdios, não sei se era pra dar um clima de alegria,
eu só lembro delas meio que fazendo uma figuração nas coisas. Elas faziam o que
chamamos de “massa de coro”, que não é o próprio coro, mas sim aquela impressão
de multidão, sabe?
Isso começou no “Xegundo Xou da Xuxa”, onde
as vozes delas ainda não são tão perceptíveis. Já no “Xou da Xuxa 3”, a coisa
foi ficando mais profissional e elas fizeram os coros sozinhas. Mesmo assim
nenhuma delas estava no patamar de falarmos “uau, essa guria vai arrebentar”, era
tudo mediano, mas aquele clima que elas criavam era importante.
Lembro que
quando nós fizemos "Brincar de Índio", nem a Xuxa nem a Marlene não gostaram muito
da música. Aí a gente ficou meio assim... “Pô, como elas não gostaram dessa
música, com toda brasilidade?” Aí botaram a música pra tocar em uma segunda
tentativa, as Paquitas resolveram dançar, pular, aquele ‘show de pirotecnia’. A
Xuxa ficou olhando pra Marlene, a Marlene pra Xuxa e assim decidiram gravar a
música, por conta da reação natural e inesperada delas.
A falta de experiência técnica e
vocal aliada ao clima de bagunça alegre nos estúdios rendeu-lhes o apelido de “gralhas” – ou "coral das lavadeiras",
como lembra Priscilla em entrevista ao jornal O Globo, em 14/09/1989.
📺 Bom estar contigo na
televisão!
Em junho de 1989, Xuxa completou
3 anos de “Xou da Xuxa” e, como de praxe, haveria um programa especial. A
diretora Marlene decidiu que seriam as Paquitas que fariam uma homenagem surpresa
à Xuxa cantando; e assim elas gravaram “Fada Madrinha”.
A reação de Xuxa, das Paquitas e
das crianças acendeu a luzinha das ideias de Sullivan e Massadas.
Começamos a conversar: “a gente podia gravar
com as Paquitas”, mas falávamos em tom de brincadeira. Até que um dia falamos: "vamos gravar de zoação só pra ver no que dá?” Nós sabíamos da extrema limitação
delas como cantoras, mas por outro lado o que realmente vendíamos era alegria,
sonho, empolgação, festa... Desde que a gente preparasse as músicas certas, que
tivessem a ver com o público delas (12 a 16 anos), a chance de dar certo era
grande. (Paulo Massadas, agosto de
2019)
Priscilla, Cátia e Andreia
Sorvetão recordam esse ‘primeiro passo’:
“Sempre fizemos os coros dos discos da Xuxa,
e a gente se divertia muito, inclusive tínhamos o apelido de Gralhas, mas sobre
a gente gravar um disco, nunca foi nada muito pensado, as coisas aconteceram
naturalmente. Eu creio que a música “Fada Madrinha” ( É tão bom), tenha
realmente sido o start para o nosso disco. Se a Xuxa falou algo sobre as
Paquitas gravarem músicas anteriormente a isso, era porque ela sempre foi
visionária, mas foi após a gravação dessa música que tudo ganhou forma.” (Priscilla Couto, setembro de 2019)
“Tudo
começou com uma surpresa que a Marlene decidiu fazer pra Xuxa no aniversário do
programa em que nós cantaríamos em sua homenagem, mas também fomos pegas de
surpresa. Ninguém ali tinha feito aula de canto ou era profissional, tínhamos
alguma noção por conta dos coros que fazíamos, mas era bem diferente.” (Cátia Paganote, setembro de 2019)
“A ideia do disco foi do “Porquinho”(Sullivan).
Ele sempre falava: “pô, as Gralhas podiam gravar alguma coisa, hein?”. Aí
fizeram a homenagem para cantarmos para Xuxa e a partir daí gravamos um disco
todo das Paquitas.” (Andreia Sorvetão, setembro de 2019)
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Paulo Massadas e Michael Sullivan: "sabíamos da limitação das Paquitas como cantoras, mas por outro lado o que realmente vendíamos era alegria, sonho, empolgação, festa..." |
🤗 A gente é amiga em tudo
que faz...
Geralmente administrar os egos
num grupo de artistas não é fácil... Cada geração teve (tem) sua girl group
para exemplificar: Spice Girls, Destiny’s Child, The Pussycat Dolls, Fifth Harmony... Sempre tem uma desavença, uma que quer ser mais estrela que a outra
ou quer ter mais solos.
Com as Paquitas isso não
aconteceu, as meninas estavam tão maravilhadas com tudo que não tinham tempo para picuinhas (nem vontade), como relembra Massadas:
O legal é que ali não tinha nenhum clima de rivalidade pois elas eram muito unidas.
Algumas cantavam um pouco melhor, outras menos, mas estavam todas na mesma
média. Não tinha estrelismo algum. A escolha de quem fosse cantar as músicas
era aleatória. O processo acontecia
naturalmente, sem atrito. Quem cantava melhor, cantava só um pouco melhor.
Ninguém falava: “essa aqui é a cara do grupo, que vai representar a voz das
Paquitas!”. Era um coro de meninas.
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De soldadinhas a estrelas, mas sem estrelismo |
O processo de gravação era com base nas fitas cassete e voz-guia, Priscilla, Andreia e Roberta relembram um pouco desses bastidores:
“Normalmente, a gente recebia um cassete e a
letra da música pra conhecermos a melodia e nos familiarizarmos com a letra e,
no dia da gravação, era escolhido quem iria cantar e qual parte cantaria. No
coro das músicas todas participavam. Esse lance de receber um cassete aconteceu
apenas no primeiro disco, já no segundo, a gente conhecia a música no dia
de gravar. Algumas vozes-guias eram feitas pelos próprios autores, ou alguém
que o autor designou que gravasse, pois as vezes a gente recebia a música sem o
arranjo definitivo, vinha apenas em voz e violão. Às vezes o próprio
Paulo Massadas fazia a nossa guia”. (Priscilla
Couto)
“Eu sempre tive uma voz mais rouca, só com o
tempo eu fui aprendendo a cantar. Mas naquela época eu nem sonhava com isso,
não era meu foco, eu gostava mesmo era de dançar e atuar. Cantar veio como consequência. A gente recebia as músicas próximo da gravação, o Massadas fazia
a voz guia já no tom de cada uma para depois só cantarmos por cima”. (Andreia Sorvetão)
“Na época eu só cantei as músicas “É Tão
Bom” e “Alegres Paquitas”, que todas cantavam. Não solei nenhuma música, eu
tinha a língua presa e fiquei bastante chateada. Mas como eu queria muito
cantar, fiz aulas de dicção para melhorar minha fala e deu certo, tanto que no
segundo disco cantei mais músicas”. (Roberta
Cipriani)
🧚♀️A Fada Madrinha que nos
ensinou
Xuxa foi presente em todo o
processo, desde a concepção das fotos para a capa até as sessões em estúdio.
Ela, melhor do que ninguém, sabia o que era enfrentar a gravação de um disco sem
ser cantora e lidar com toda a expectativa para que desse certo.
“Lembro que estávamos muito felizes com a
possibilidade de estarmos gravando um disco, e todo o processo de gravação foi
incrível. A influência da Xuxa foi 100%,
ela estava presente em tudo. Ela acompanhava a gente nas gravações,
segurava nossa mão, incentivava, ajudava quando alguém tinha alguma dificuldade”.
(Priscilla Couto, setembro de 2019)
“A Xuxa acompanhou todo o processo de
gravação, ela ficava com a gente e sempre dava muita força e positividade. Ela
demonstrava muita alegria de ver a gente gravando e sempre torceu muito por
isso”. (Andreia Sorvetão, setembro de 2019)
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Não só Xuxa era presente, toda a equipe da Xuxa Produções também dava a assistência necessária para que as meninas construíssem sua carreira na música |
🎤 Quem quer com as Paquitas
cantar?
“No nosso disco todo mundo canta
num processo bem democrático. Cantar era um sonho que não esperava ver
realizado tão cedo” – disse a menina Priscilla, a mais nova do grupo,
com apenas 11 anos (O Globo, 14/09/1989). Verdade! “Paquitas” é um disco
homogêneo, tanto em vocais quanto em repertório. Para a revista Amiga, em setembro de 1989, elas resumiram o que esperava quem comprasse o disco: “o LP
é super legal e para todas as idades. As músicas falam da gente e de romance,
besteirol, enfim, uma bagunça organizada”. Então vamos ver o que
querem nos dizer essas “Alegres Paquitas”...
“Mais que bailarinas, nós somos meninas sempre em sintonia com a sua emoção!” É, as Paquitas já chegaram dando o recado para quem ainda pensava elas “apenas” dançavam enquanto a Rainha cantava, a primeira faixa do disco se incumbe de esclarecer isso.
A apresentação é lúdica e
convidativa (“quem quer com as Paquitas
dançar?”) ao mesmo tempo que traça o
perfil ideal para quem queria ser uma delas. Bem diferente do que uma girl band canta nos dias de hoje... A
necessidade de afirmação do empoderamento não existia, mas isso não queria
dizer que elas se sentiam atrás de algo ou alguém.
“É doce a magia da nossa alegria.../ a gente acredita na paz... /na
nossa cartilha só se fala de amor...”. Simples assim e aqui se vê a
diferença de pensamento de uma geração. Sim, havia uma inocência, uma doçura, algo que era próprio daquele universo
do “Xou”, por mais que boa parte da imprensa teimasse em sexualizar a
proposta.
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Tinha jeito melhor de começar o disco? "Alegres Paquitas" é a essência do que ser Paquita representava para a geração 80/90 |
Embora seja a abertura do disco,
a música não foi propriamente o carro-chefe e nem nasceu com essa intenção de apresentar as
meninas, como conta César Costa Filho,
o compositor (em parceria com Sérgio Fonseca):
O Paulo Massadas, nessa época, morava no
mesmo condomínio que eu, na Barra da Tijuca. Um dia ele comentou que estava
produzindo o disco e me sugeriu: “por
que você não faz algo, tipo um rock adolescente pras meninas?”. Topei! A
inspiração da letra veio tanto do que víamos delas no programa, quanto das
sugestões que Michael (Sullivan) e Paulo nos deram. Isso porque quando mostrei
a música na casa do Massadas, tanto ele quanto o Sullivan deram uns
"toques" na letra e na melodia, para que ficasse nota 10. Jamais pensei que seria a abertura do
álbum. Já estávamos felizes com a seleção para compor o disco, imagina ser a
abertura.... E aqui quero deixar registrado o nosso (meu e do Sergio)
agradecimento ao Paulinho e ao Michael, que sempre nos ajudaram em suas
produções.
Curiosidades: Após a saída de Andreia Sorvetão (Xiquita), Roberta Cipriani (Xiquitita) passou a dublar
os vocais da ex-Paquita nas apresentações no programa e shows.
Em 1990, a cantora mexicana Angélica Vale lançou seu segundo disco "Nuestro Show No Puede Parar", a música homônima era uma versão de "Alegres Paquitas" e foi o carro-chefe na divulgação. Angélica, no início de sua carreira, era conhecido por fazer versões de várias músicas infantis brasileiras (Xuxa, Angélica, Trem da Alegria, Paquitas, Patrícia Marx). Esperta ela, não?
Em 1990, a cantora mexicana Angélica Vale lançou seu segundo disco "Nuestro Show No Puede Parar", a música homônima era uma versão de "Alegres Paquitas" e foi o carro-chefe na divulgação. Angélica, no início de sua carreira, era conhecido por fazer versões de várias músicas infantis brasileiras (Xuxa, Angélica, Trem da Alegria, Paquitas, Patrícia Marx). Esperta ela, não?
Quem Canta? Todas
O convite para dançar continua, mas agora de forma mais pessoal; e quem convida é Tatiana Maranhão, a Paquitita. Com uma letra metalinguística – uma música falando sobre a criação de uma música – Playback é uma das composições mais “adultas” do disco e isso se percebe também na qualidade dos arranjos e no coro diferenciado. Há a presença de vozes mais adultas em conjunto com as Paquitas (que apenas fazem a já comentada “massa de coro”).
Embora já se tenha dito que as
músicas não eram compostas pensando em uma ou outra menina, é difícil imaginar Playback cantada por alguém diferente de Tatiana. Não por acaso
sua voz era a mais preparada, mais madura, portanto, mais condizente com a
proposta da canção; tanto que a faixa poderia tranquilamente figurar no repertório
de alguma cantora pop rock solo.
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Tatiana Maranhão (Paquitita) faz o primeiro solo do disco em "Playback" Foto: André Wanderley |
A melodia e os arranjos são do experiente Lincoln Olivetti
e seu parceiro Robson Jorge, a letra ficou para Junior Mendes (que o público do “Xou” já conhecia de Piuí
Abacaxi). Playback passou a ser
mais trabalhada a partir de 1990. Além do Xou,
as Paquitas também cantaram a música no Domingão
do Faustão (Rede Globo).
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Em 1990, a faixa foi mais trabalhada e, além das apresentações no "Xou da Xuxa", foi escolhida para integrar a trilha sonora do filme "Sonho de Verão" |
Curiosidade: Integrou a trilha sonora do filme “Sonho de
Verão” (1990). Foi apresentada no Globo de Ouro, em 1990.
Quem Canta? Tatiana Maranhão (Paquitita)
Se a regra era não ter uma ou outra menina em mente na hora de compor, essa música foi a exceção por motivos óbvios. “Sorvetão” é "praticamente um jingle da Xiquita de Andreia Faria" – nos conta Paulo Massadas. Sem dúvida, Sorvetão era naquele momento a Paquita mais popular do grupo e Sullivan e Massadas – produtores do disco e compositores da música – tinham consciência disso e não deixariam passar em branco. Andreia era a integrante há mais tempo no grupo, o que já fazia dela uma líder, ainda que implicitamente. Massadas reforça:
A Andreia era a que mais se destacava na
época, e alguém que se destacava merecia
uma música personalizada. As Paquitas eram um bloco muito homogêneo, você via
um todo, mas Sorvetão era a que mais aparecia.
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Andreia Sorvetão (Xiquita) era a integrante mais antiga do grupo em 1989, a única remanescente da 1ª geração de Paquitas (1986) |
E Andreia Sorvetão tinha consciência disso?
Eu realmente fiquei muito feliz. Do fundo do
meu coração, eu não tinha a menor noção da importância do que era ter uma
música escrita por Michael Sullivan e Paulo Massadas. Eu sempre fui muito
tranquila quanto a isso, nunca me senti mais estrela do que as outras e também
não senti qualquer tipo de ciúme das meninas na época por conta disso. Me sinto
privilegiada por ter sido a única
Paquita de todas as gerações a ter uma música própria. (setembro de 2019)
Para quem é da geração pós 90, talvez não entenda o porquê do nome
“Sorvetão”. Xuxa sempre brincava que Andreia era a mais esfomeada do grupo,
adorava sorvete e era meio desligada para algumas coisas (aquela coisa de
“sorvete na testa”, sacaram?). Tudo isso está na letra, até mesmo a paquera
pelo cantor Conrado - “se eu vejo um
gato já começo a me derreter” (trocadilho esperto dos compositores, pois
Conrado era apresentado como “Gato Conrado” no “Xou”). E lá se vão 30 anos de
disco, de amor, de gato com sorvetão....
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Sorvetão foi a única Paquita a ter uma música própria em todas as gerações. |
Quem canta? Andreia Faria (Xiquita) – claro!
Ser Paquita é ser uma "garota de atitude", daquelas que já pede a mão do crush para a futura sogra. Essa é a ideia de “Ei, Dona!, composição de Marcos Netto (Corrente de Amor) e Teresa Costa. A letra tem um humor debochado numa medida que não compromete a ideia passada nas demais faixas. A sogra é a que elas “pediram a Deus”, mas elas também não são bobas (“quando eu me casar, você cozinha, eu faço a cama / Ei, dona, dá seu filho pra mim”).
O Marcos Netto trouxe a música em minha casa;
achei a ideia divertida e bem humorada. Dei umas modificadas e gravamos. Essa
coisa de eu estar dentro daquele universo me proporcionava uma visão mais ampla
do que funcionaria ou não. O compositor nem sempre tinha total consciência do
que era o perfil para aquelas meninas, por isso eu dava uns toques. (Paulo Massadas, agosto de 2019)
Essa observação de Massadas faz
bastante sentido, pois era a primeira vez que temas como o amor adolescente
eram abordados no universo de Xuxa e sua turma. As composições para a loira não precisavam desse lado, até porque Xuxa
já era adulta. Então a tarefa não era tão simples: abordar temas diferentes
sem perder a essência Xuxa/Xou de onde as meninas vieram. A faixa poderia
facilmente integrar o repertório de Rita Lee, por exemplo.
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Ei, Dona... fala a verdade, a senhora bem queria uma nora assim, né? |
Curiosidade: “Ei, Dona” foi apresentada em 1990 no programa “Corrida Maluca” do SBT e no “Xou da Xuxa” com uma particularidade, já que era uma das músicas de trabalho para aquele ano:
como Andrea Faria já não participava mais do grupo, Roberta dublou seus vocais.
Juliana Baroni e Bianca Rinaldi também participavam da apresentação mesmo sem
cantar.
Cantam: Letícia Spiller (Pituxa), Ana Paula (Pituxita), Andreia Faria (Xiquita)
Se tem uma coisa que não pode faltar em discos voltados ao público adolescente é aquela baladinha para sofrer pelo amor não correspondido e distante. Aquele momento que toda garota deita na cama, alisa o diário e aperta a foto do boy contra o peito... Bom, isso não mudou muito nos últimos 30 anos, a diferença é que agora elas sofrem deslizando a barra de rolagem do Instagram do crush, ouvindo Marília Mendonça...
“Um Ano Sem Você” é esse momento do disco. Composição de Paulo Sérgio Valle (que no mesmo ano
fez “Namorar” para o 4º Xou da Xuxa)
e José Augusto (sim, aquele do “agooora, aguenta coração), a faixa fecha
o lado A do disco e foi feita a pedido dos produtores para as meninas. Claro,
quem mais poderia cantar “Chiquito, vem
ser meu Paquito / Me diga que sim”?
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Se você foi adolescente entre 1989 e 1990, a gente tem certeza que você cantou "Um Ano Sem Você" abraçada com seu urso de pelúcia da Lionella, sofrendo pelo boy que você conheceu há dois meses... |
Não chegou a ser uma das músicas
de trabalho, mas mesmo assim foi apresentada algumas vezes no “Xou da Xuxa”.
Curiosidade: Integrou a trilha sonora do filme “Sonho de Verão” (1990)
Quem Canta? Tatiana Maranhão (Paquitita) e Ana Paula
Almeida (Pituxita)
Chegamos ao que se pode chamar de
o “Ilariê” das Paquitas. Sem dúvida,
Fada
Madrinha ocupa o posto de música mais conhecida das meninas. E olha que
ela nem foi feita pensando no repertório de um disco. Composta especialmente para o Especial de 3 Anos do “Xou da Xuxa”, a
música era uma surpresa para Xuxa e foi cantada logo no 1º bloco do
programa. A partir disso, a música começou a tocar de fundo no programa até que
as meninas voltaram a apresentá-la, mas agora a história era outra. A homenagem
à Fada Madrinha tinha aberto uma nova porta.
Depois que gravamos Fada Madrinha é que foi
decidido que gravaríamos o disco. Fizeram essa homenagem pra Xuxa pra gente
cantar e dali surgiu a ideia de gravar
com as “gralhas”. (Andreia Sorvetão – agosto / 2019)
A
primeira música a ser gravada foi “Fada Madrinha", claro que a intenção, a
princípio, era apenas uma homenagem a Xuxa nos 3 anos de Xou da Xuxa, mas a
música aconteceu!. Não é à toa que ela acabou se tornando o carro chefe do
disco. Creio que foi o ‘start’ para o nosso disco. Após a gravação dessa
música, tudo ganhou forma. (Priscilla Couto – setembro / 2019)
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A principal música do disco, "Fada Madrinha", nasceu de uma homenagem surpresa para Xuxa no programa especial de 3 anos na Rede Globo |
A letra faz referência a prévios sucessos de Xuxa: Doce Mel e Quem Qué Pão (ambos de 1986), por isso quem não sabe a real origem da música pode se questionar o que o verso “quem quer pão, pão, pão?” tem a ver com estar na televisão. Já Doce Mel é lembrada de forma menos explícita: “Bom estar contigo na televisão = Bom estar com você” / “Nem sempre a gente faz de conta, um dia a gente vai crescer = Em qualquer faz-de-conta a gente apronta, é bom ser moleque enquanto puder...”
“É uma homenagem, mais que merecida, para a
Xuxa que tem sido sempre nossa superamiga” (Letícia Spiller para a revista Sétimo Céu em agosto de 1989)
Curiosidades:
Na versão do especial de 3 anos,
a música não tem a participação de Cátia (na época, a mais nova do grupo);
Tatiana canta em seu lugar. Durante a parte instrumental da segunda parte, é
possível ouvir Tatiana dizendo “3 anos” repetidas vezes, como uma vinheta.
No encarte a composição é creditada a Tito Costa e Borges Machado, mas esses são pseudônimos de acordo com os registros do ECAD. Massadas nos conta que identificou vários elementos característicos da dupla Sullivan & Massadas, mas que por já serem 30 anos passados, não tem como afirmar 100% que foram eles que escolheram esses pseudônimos.
A faixa atingiu o número 1 em várias rádios do Brasil.
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Fada Madrinha entrou para as "Mais Tocadas" na penúltima semana de setembro e por lá permaneceu até o dia 18/12/1989 |
É a única música com duas versões oficialmente lançadas. Após a saída
de Andreia Sorvetão, a música foi remixada e no lugar de seus vocais, entraram
os de Letícia Spiller (inéditos até então). Posteriormente, essa versão foi
lançada no volume 10 - O Mundo Encantado das Crianças - da série “Aquarela Mágica” (Som Livre, 1999).
Notam-se ainda sutis diferenças nos arranjos.
Foi regravada pelas “Paquitas Nova Geração” (1995-1999) em seu primeiro
álbum, lançado em 1995 e recentemente pela dupla de Palhaços Patati & Patatá em seu DVD Coletânea de Sucessos Vol.2 (2019)
Curiosidade: Em 1990 a faixa fez parte do repertório do LP "Festinha Dançante", lançado pela Som Livre, disco que compilava sucessos destinados ao público infanto-juvenil. Em 2006 foi a vez de aparecer na coletânea Trash 80's - Edição Nacional, lançada pela gravadora LUA Music.
Curiosidade: Em 1990 a faixa fez parte do repertório do LP "Festinha Dançante", lançado pela Som Livre, disco que compilava sucessos destinados ao público infanto-juvenil. Em 2006 foi a vez de aparecer na coletânea Trash 80's - Edição Nacional, lançada pela gravadora LUA Music.
Quem Canta? Todas
Outra composição bem humorada, na mesma linha de “Ei, Dona”. Quem nunca teve aquela decepção de levar “gato por lebre”? O príncipe que vira sapo? A composição de Massadas & Sullivan brinca com essa situação e mostra que as Paquitas também se dão mal com o famoso “dedo podre” para escolher o boy.
A gente fez uma brincadeira passando pelo
abecedário, e foi uma ótima sacada. Jacaré era aquele cara que dava em cima de
todas as meninas. (Paulo Massadas,
julho/2019)
Embora tenha sido apresentada na íntegra algumas vezes no Xou durante o ano de 1990, não chegou a ser musica de trabalho.
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A música mais debochada do disco, "Bate na Madeira", mereceu também a coreografia mais divertida. Cuidado com o Jacaré, hein, meninas? |
Curiosidades:. Com a saída de Andreia, Roberta passou a dublar
a parte dela. A faixa foi incluída no LP "Festinha do Barulho", lançado pela Som Livre ainda em 1989.
Cantam: Letícia Spiller,
Catia Paganote, Tatiana Maranhão, Priscilla Couto, Andreia Faria, Ana Paula
Almeida. Somente Roberta Cipriani não canta nesta faixa.
Logo que saiu o disco, uma das
críticas apontou que a música “Marciano”
era “uma cópia de Marcianita do cantor
Sérgio Murilo”. A observação foi feita por Maurício Kubrusly em sua coluna
na revista Contigo!. Levando em conta a má-vontade do repórter com o disco das
meninas em todo o texto a comparação parece mais grave do que realmente é.
Marcianita foi lançada em 1960 e fala da vontade de um terráqueo em
encontrar uma marciana que lhe amasse, pois o moço estava cansado de ser
passado para trás no amor. Sim, há uma
semelhança pelo fato das duas composições abordarem o desejo de um amor
interplanetário, já que por aqui na Terra não havia quem correspondesse o
sentimento. Mas para por aí, a melodia e os versos são totalmente
diferentes. Sullivan & Massadas podem ter se inspirado na canção (pois Sérgio Murilo influenciou a repertório, como explicaremos mais à frente), mas a
ideia era mesmo retratar o lado sonhador de uma adolescente quase adulta:
É como se fosse a cabeça de uma adolescente,
idealizando um amor perfeito, interplanetário, ‘de outro mundo’... Marciano era
uma música para o perfil de uma adolescente quase mulher, nesse caso não dava
para colocar uma das menorzinhas cantando isso. Letícia era a mais velha, se
ela cantasse passaria mais verdade, ficaria mais real. Ela se encaixou
perfeitamente. (Paulo Massadas –
agosto/2019)
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"Marciano" em LP, K7 e ondas interplanetárias numa galáxia perto de você! |
Curiosidade: Como Massadas falou, a música não foi pensada para Letícia. Nem para qualquer outra Paquita... Como assim? “Marciano” foi feita para Xuxa cantar, mas os produtores decidiram que não tinha muito a ver com ela, pois seu repertório não abordava questões de amor; o mais próximo que tinham chegado era “Namorar” – que, convenhamos, fala de namoro da forma mais infantil possível. Isso explica os versos: “já corri o universo em minha nave espacial” que ficariam mais condizentes com o universo de Xuxa do que das Paquitas. Mas isso é só um detalhe...
Quem canta? Letícia Spiller (Pituxa)
Antes de falarmos da música, vamos
voltar bem mais no tempo para que possamos entender melhor o que há em comum com as três músicas que fecham o disco. Já
ouviram falar da Brotolândia?
No finalzinho da década de 50 e
início dos anos 60, a Brotolândia ditava as paradas de sucessos nas rádios. O
nome vinha de uma gíria da época: “Broto”,
que servia para designar os(as) jovens, geralmente mais cobiçados, populares.
“Olha, só que brotinho...”. O equivalente à gatinho(a) nos anos 80 e 90 e que
atualmente parece ser algo próximo de “novinha(o)” (tipo "essa é para as novinhas").
Como todo movimento musical, a Brotolândia também tinha seus representantes máximos: Sérgio Murilo (lembram do que falamos em “Marciano”?), Celly Campello e seu irmão Tony Campello.
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Os expoentes da Brotolândia, movimento que dominou as rádios do país no final da década de 50 e início dos anos 60 |
O maior sucesso de Sérgio Murilo
foi “Broto Legal”, uma versão de “I’m In Love” de Arlene Fontana, cantora
americana. Celly Campello, por sua vez, também gravou “Broto Legal” e conseguiu grande sucesso.
Massadas queria trazer esse
universo de volta e as Paquitas tinham tudo a ver – “queríamos fazer um revival da Brotolândia”. Era a chance de introduzir o estilo musical numa nova
geração e ao mesmo tempo provocar uma nostalgia nos pais da garotada,
afinal eram eles que iam comprar os discos.
Pegamos carona na Brotolândia de Celly
Campello, que foi uma explosão na década de 60. Na época, tudo era um “broto”.
Como eram músicas consagradas e estavam no imaginário dos pais e mães, foi uma
maneira de universalizar o disco e passar a informação da década de 60 para o pessoal.
Tinha também o Sergio Murilo, considerado o rei da brotolândia...
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Até a coreografia trazia de volta os característicos movimento do "Boogaloo". A Brotolândia, 30 anos depois, tinha novas musas! |
Voltando a 1989: o irmão de Massadas, Rubens Alexandre, foi quem trouxe a ideia de “Broto Legal”, que em comparação com a música de Sérgio e Celly só tem em comum o nome e o estilo musical (boogaloo). A letra é bem diferente.
O meu irmão me mostrou essa música e eu
falei: isso vai dar pé! Dito e feito, o pessoal adorou! Possivelmente eu tenha
comentado sobre as Paquitas e ele fez a música.
Quem Canta? Letícia Spiller (Pituxa)
Se a faixa anterior se inspirava
no Rei da Brotolândia, a Rainha da Brotolândia também teve seu momento no disco
das meninas. Num pot-pourri composto
pelos três maiores sucessos de Celly Campello, as Paquitas se tornaram as “
Cellytas Campelluxas”.
💘 Estúpido Cupido
💘 Estúpido Cupido
🎀Lacinho Cor-de-Rosa
Lacinho Cor-de-Rosa
também saiu no primeiro disco de Celly e é mais uma música que retrata a
juventude dos anos 50/60. Na letra mais referências à expressão “broto” (Brotinho enxuto, um amor.../ andar
devagarinho e o broto conquistar). É uma versão de “Pink Shoe Laces” de Mickie Grant. Toda a segunda parte da canção foi eliminada no disco das Paquitas,
certamente para que a música não ficasse muito grande.
🌜Banho de Lua
🌜Banho de Lua
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Letícia Celly Pastel Campello Spiller apresenta seu novo hit! O que é um banho de lua para quem quer um marciano como namorado? Fichinha... |
Finalizando o pot-pourri vem “Banho
de Lua”. Originalmente o maior
sucesso do segundo disco de Celly, “Broto Certinho”, de 1960. O curioso na
versão das Paquitas é que apenas os primeiros versos da canção foram suprimidos
(“Fui à praia me bronzear / me queimei,
escureci / Mamãe bronqueou / Nada de sol / hoje eu só quero a luz do luar”).
Mais uma versão, mas dessa vez de um sucesso italiano: “Tintarella di Luna”, de Francesco Migliacci e Bruno Di Filippi.
Todas as versões para o português
são de Fred Jorge.
Curiosidade: Além das já rotineiras apresentações no Xou, foi cantada
na íntegra numa das apresentações no Domingão
do Faustão. Como Andreia Sorvetão já tinha deixado o grupo, seus vocais
foram dublados por Priscilla Couto (Catuxita)
Quem Canta? Letícia Spiller (Pituxa) e Andreia Faria (Xiquita
Sorvetão)
“Oh! Lua” não é uma regravação, mas também se encaixa nessa parte
“revival” da Brotolândia. Além do estilo musical ser bastante parecido com as
baladinhas de amor adolescente cantadas por Celly Campello, há ainda um elemento chave na letra: a Lua.
Sim, a Lua era praticamente uma
personagem nas canções desse período, tema bastante recorrente. O melhor
exemplo nós acabamos de comentar: Banho
de Lua.
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Já fez seu pedido para a Lua hoje? Costuma dar certo... Lembram de "Oh, Lua", "Lua de Cristal"? |
No encarte a faixa é creditada
apenas a Chico Roque e Ed Wilson,
mas Paulo Massadas deu seu toque na letra.
No ano de 1989, “Oh Lua” não foi tão trabalhada, mas em 1990, a faixa ganhou mais destaque no “Xou”
para alegria de Xuxa... sabe por quê?
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Tatiana ensinou a loira direitinho a pedir um namorado para a Lua. A Lua só demorou a atender porque para a Xuxa não pode ser qualquer um, né? Junnão demorou, mas chegou! |
Curiosidade: É a música preferida de Xuxa do repertório das
Paquitas, como ela mesmo fez questão de relembrar durante os bastidores da
semifinal do Dancing Brasil 5. Na ocasião, Tatiana Maranhão até cantou acapella para a loira e para o delírio
da plateia.
Xuxa regravou a música em 2009, especialmente para compor a trilha sonora do filme “Xuxa em O Mistério de Feiurinha”. A versão de Xuxa é mais lenta, sem a batida característica da brotolândia.
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Xuxa regravou a música especialmente para a trilha sonora de "O Mistério de Feiurinha" (2009) e no filme é tocada quando Feiurinha (Sasha) está sonhando com seu príncipe. |
Quem Canta? Tatiana Maranhão (Paquitita), Cátia Paganote
(Miúxa) e Ana Paula Almeida (Pituxita)
▶️ Lançamento e divulgação
“Paquitas” foi lançado pela Xuxa Discos e pode ser considerado o primeiro disco do selo, que era uma
ramificação da RGE. Diferente do que acontece nos dias de hoje em que gravar
músicas se tornou uma atividade quase caseira graças ao alcance dos programas
de gravação; nos anos 80 e 90, o papel de uma gravadora era fundamental.
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A "Xuxa Discos" foi como uma ramificação da RGE, uma forma de se aproveitar melhor a "vitrine" que era o "Xou da Xuxa" |
Quem melhor conhecia quem eram as
Paquitas? Xuxa, claro! A Xuxa Discos vinha de bons resultados com o lançamento
de duas coletâneas: Carnaval dos
Baixinhos (regravação de vários sucessos da época em ritmo de carnaval) e Paradão dos Baixinhos (compilado de
fonogramas já lançados, mas que eram atração do programa). Era hora de ir
adiante e montar seu próprio casting,
produzir coisas novas, lançar gente nova. E a RGE entrou para fazer a
distribuição do discos nas lojas.
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Os primeiros lançamentos da Xuxa Discos foram coletâneas e mesmo assim garantiram disco de ouro! |
E tudo conspirava para dar certo:
sete meninas já conhecidas do público alvo, carismáticas e com o aval de Xuxa. Não é à toa que sete é considerado um
número de sorte.
O disco saiu em LP, K7 e CD ao mesmo tempo, o que ainda
era raro. Geralmente saíam as versões em LP e K7 e somente depois vinha a
versão em CD, isso se a aceitação fosse boa. Mesmo que tivesse acontecido
assim, Paquitas sairia em CD, pois os resultados foram excelentes...
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"Paquitas", o primeiro disco de conteúdo inédito da Xuxa Discos. As meninas foram as primeiras a integrar o casting do selo. Lançado em LP, K7 e CD no dia 29/08/1989 |
A divulgação principal, claro,
era no “Xou da Xuxa”. Não havia melhor
vitrine, mas as Paquitas tinham uma carta na manga; algo que nem a própria Xuxa
tinha... Trânsito livre pelas outras
emissoras de TV. Diferente de Xuxa que quase nunca era liberada para
aparecer em programas que não fosse da Rede Globo.
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Além de divulgar o disco nos programas da casa (Domingão do Faustão, Os Trapalhões e Globo de Ouro), as meninas foram ao SBT (Hebe, Corrida Maluca e Viva a Noite) e à TVE (Sem Censura). |
A mídia impressa também teve
participação: a revista Amiga (Bloch Editores) em setembro de 1989 fez uma
promoção onde 15 pessoas que acertassem
o nome dos compositores de Fada Madrinha
ganhariam uma boneca “Paquita” da Mimo.
💲 Vendagem
A expectativa era grande, pois se
os dois discos anteriores da Xuxa Discos tinham batido a casa das 100 mil
cópias, sem qualquer conteúdo inédito, imaginem um disco das Paquitas cheio de
novidades.
É um disco lindo com músicas de Sullivan e
Massadas, José Augusto e Paulo Sérgio Valle. Só gente boa. Esperamos vender bem
(Roberta Cipriani para a Contigo em agosto
de 1989)
O desejo de Roberta se
concretizou e com louvor! O disco saiu
com 100 mil cópias vendidas antecipadamente, o que já garantia disco de ouro.
Em menos de um mês o número já chegava a 160 mil (revista Afinal, 10/10/1989).
No final de novembro, o número estava em 400 mil e em janeiro de 1990 havia
ultrapassado as 500 mil cópias (revista Vogue, janeiro 1990).
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Anúncio na revista Vogue confirmava o sucesso em vendas do disco: mais de 500 mil cópias em menos de 6 meses! |
Na véspera de Natal de 1989, Xuxa
foi na casa de cada uma das Paquitas entregar a certificação de ouro.
A emoção de receber o disco de ouro
(vendagem com mais de 150 mil cópias) na minha casa pelas mãos da Xuxa foi
maravilhoso!! Não esperava, eu estava fazendo massagem no meu cabelo, pois
seria a noite de Natal. De repente toca a campainha da minha casa e quando abro
a porta era a Xuxa com o disco de ouro na mão, minha felicidade foi imensa,
muita emoção naquele dia! Inesquecível! (Roberta
Cipriani, agosto de 2019)
No total, foram 800 mil cópias vendidas (número confirmado
por Andreia Sorvetão no primeiro programa “Xuxa 12
Anos” de 1998).
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As meninas receberam das mãos de Xuxa, Sullivan e Massadas a certificação pelas vendas |
Em 1990, o disco ainda rendia frutos; as Paquitas foram indicadas na categoria "Revelação 1989" da premiação da Rádio Globo e levaram o prêmio!
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As Paquitas recebem o prêmio "Revelação 1989" pelo sucesso do disco |
▶️ Shows
As Paquitas já estavam
acostumadas com a rotina de viagens para fazer shows em outras cidades pois
acompanhavam Xuxa em suas turnês. Mas agora era hora de vender o próprio peixe, com o sucesso do disco os convites para se
apresentarem só aumentavam. Descanso? Que nada! Nos fins de semana que não
faziam shows com a rainha, elas tinham sua própria agenda para cumprir.
A maratona de shows ainda teve um
momento cereja do bolo: as meninas se apresentaram na tradicional Chegada do Papai Noel no Rio de
Janeiro, no dia 02/12/1989.
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Sem descanso: turnês com a Xuxa, gravação do programa e nos finais de semana livre: mais shows, só que sozinhas para divulgar o próprio disco |
📸Ensaio
O ensaio feito para ilustrar
capa, contracapa e encarte do disco foi feito
cerca de um mês antes do lançamento. O fotógrafo foi André Wanderley, o mesmo que fez, entre tantos outras, as fotos do 4º Xou da Xuxa.
Andreia Sorvetão relembra o dia das fotos com carinho:
Andreia Sorvetão relembra o dia das fotos com carinho:
Primeiro fizemos as fotos de todas nós
juntas, depois as quatro meninas da capa, depois as três da contracapa, mas na
hora ninguém nos disse que estaríamos separadas na capa e contracapa. Foi uma
decisão da Marlene. Foi muito legal, pois tudo aconteceu um dia antes de eu
completar 16 anos. Foi no dia 31/07/1989. No dia seguinte teria gravação e
ainda teria minha festa. Lembro muito pois foi meu último dia de 15 anos! (Andreia Sorvetão, setembro de 2019)
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As fotos de André Wanderley ilustraram capa, contracapa e encarte, além dos ensaios individuais que depois viraram postais das meninas |
Xuxa foi a responsável pela produção das meninas para as fotos e as Paquitas sabiam que isso não era preocupação apenas com o produto que ia ser lançado:
Xuxa é um misto de mãe, irmã e amiga. Ela
não nos cobra e nem exige nada.Pelo contrário, nos dá a maior força em tudo que
planejamos. Quando posamos para a capa do disco, ela cuidou pessoalmente da
nossa aparência, dando conselhos de postura. (Andreia Sorvetão para o jornal O Globo em 13/09/1989)
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Pôster que vinha encartado na versão LP |
Cada Paquita também fez fotos sozinha. Algumas se tornaram postais que as meninas distribuíam nos shows e nas gravações do programa.
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Além das fotos em grupo, houve também a sessão individual |
📙 Uma história que não está no gibi...
Não está no gibi porque está no Gibizinho! Em março de 1992, a Editora Globo lançou o primeiro - e único - Gibizinho das Paquitas. O formato era diferente dos tradicionais gibis (que existem até hoje), pois era bem menor (mais ou menos o tamanho da tela de um smartphone).
Não está no gibi porque está no Gibizinho! Em março de 1992, a Editora Globo lançou o primeiro - e único - Gibizinho das Paquitas. O formato era diferente dos tradicionais gibis (que existem até hoje), pois era bem menor (mais ou menos o tamanho da tela de um smartphone).
Curiosamente a principal história (e a capa) tinha como tema o lançamento do primeiro disco das Paquitas. Chama atenção a tentativa de recriar a fardinha da capa do disco mas sem abrir mão da essência do uniforme tradicional. Obviamente a historinha em nada ajudou na divulgação do álbum, até porque naquela altura já tinha saído o 2º LP também, mas valeu o registro e a forma bem humorada como os roteiristas recriam a participação das meninas no Domingão do Faustão. Ficou com vontade de ler? A gente disponibilizou o gibi para leitura aqui no blog, para baixar é só clicar na capa.
⏳ Um dia a gente vai crescer...
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Clique na capa para ler o Gibizinho das Paquitas |
⏳ Um dia a gente vai crescer...
Lá nos versos de “Fada Madrinha”
estava dado o recado, em tom quase profético: “um dia a gente vai crescer, do mundo a gente toma conta”. E foi bem
assim, as Paquitas ganharam brilho próprio como artista e viraram febre
nacional.
“As meninas se identificavam com elas, todas
queriam ser Paquitas. Um grupo de garotas que cantava para os jovens foi uma
coisa bastante interessante, pois havia pouco, quase nada. Imagine então essas
7 meninas chegando e arrebentando. Claro que também havia a questão de ser o
momento certo, tanto que os Paquitos não geravam a mesma comoção. Quando você
comprava Paquitas, era como se comprasse Xuxa no mesmo pacote. È como uma caixa
de bombons: tem o seu preferido – no caso a Xuxa – mas também tem os outros que
você gosta e que compõem a caixa.” (Paulo
Massadas, agosto de 2019)
“O grupo ganhou uma projeção absurda e
alcançou uma vendagem muito superior ao que poderíamos imaginar. Foi um sonho
realizado dentro do sonho maior que era ser Paquita.”
Mas será que elas se deram conta
que o recado era também para quem as acompanhava, dançava e cantava suas
músicas, sonhava em ser da turma, em vestir a fardinha? “Um dia a gente vai crescer” também significa a certeza do fim de
uma era, mas que é inesquecível para toda uma geração que, hoje, 30 anos
depois, pode se orgulhar do que viveu. “Nem
sempre a gente faz de conta”... Outra verdade! Elas junto com a Fada Madrinha fizeram realidade a melhor infância que
uma geração poderia ter.
Nosso agradecimento especial a Paulo Massadas e Sandra Bem por mais momentos incríveis de resgate de nossa
história, ao compositor César Costa
Filho pela disponibilidade e, claro, a essas – pra sempre - “garotas
sapecas, levadas da breca” que sempre nos tratam com tanto carinho, dedicando seu tempo ao nosso trabalho: Andrea Sorvetão, Roberta Cipriani, Tatiana
Maranhão, Priscilla Couto e Cátia Paganote! Letícia e Ana Paula, vocês também têm nosso carinho!
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"A gente sabe que vencer é pra quem sonha e quem procura..." |