Atualmente muito se tem ouvido
falar sobre a incursão de alguns artistas brasileiros em terras estrangeiras em
busca de sucesso e consolidação de uma carreira internacional. Se você tem
menos de 25 anos provavelmente vai achar tudo novo, ousado e representativo por
parte do seu ídolo/diva pop tupiniquim. Então dá só uma “paradinha” nessa
empolgação pois a gente vai mostrar um
feito que brasileiro nenhum ainda conseguiu bater.
Hoje completam-se 25 anos da estreia do programa “XUXA”, a primeira e única – até hoje – atração
comandada por uma brasileira nos Estados Unidos. Apresentações dispensadas
sobre quem é essa brasileira, vamos ao que interessa:
“Conheci a Xuxa há cinco anos e me dei conta de que não havia nada na
tevê dos Estados Unidos semelhante ao seu programa. Acho que as crianças
americanas vão ficar tão fascinadas quanto as brasileiras”. As palavras de Bob George, vice-presidente de
programação da MTM – Mary Tyler Moore
Television Distribution – em setembro de 1992, não deixavam dúvidas de que
o Brasil já era pequeno para o alcance de Xuxa.
Em 25 fatos/curiosidades vamos relembrar o passo mais ousado na
carreira de Xuxa (até então) lá no ano de 1993, mas essa história começa um
pouco antes...
O primeiro convite para apresentar um programa nos Estados Unidos foi feito em 1990 e recusado por Xuxa.
Motivo? A Rainha disse que não se sentia preparada com o idioma para apresentar
um programa todo em inglês dentro do prazo que eles propuseram.
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Desde 1990 a MTM já sonhava com Xuxa na TV americana, mas a loira não se sentia pronta para o desafio Foto: Xicão Jones |
E a MTM não esperou muito. Em
1991, as negociações voltaram a acontecer só que mais gente queria mostrar pro
Tio Sam o que é que a gaúcha tinha. Alguns dos maiores impérios da mídia internacional disputavam o passe da loira: as
americanas Warner, Fox Filmes e DIC Entertainment (famosa pela produção de desenhos animados como Ursinhos Carinhosos, Caça-Fantasmas e Turma da Pesada) e a mexicana Televisa
(cujo presidente também era dono da Univision, rede que exibia o Show de Xuxa para a comunidade latina
dos EUA).
“Eu me sinto dentro de uma avalanche. Uma
bola de neve descendo a ribanceira sem saber direito o que está acontecendo lá
fora” – disse Xuxa ao periódico “Telejornal” de Buenos Aires. (Republicado pelo Estado de São Paulo em 21/06/1992)
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_ Quem leva a melhor? _ Quem chega primeiro! Foto: Frederico Mendes |
Quem levou a melhor foi quem realmente saiu na frente. A MTM era uma produtora independente fundada pela atriz Mary Taylor Moore (daí a sigla MTM), falecida em 2017. A empresa, à época do contrato, era um dos quatro maiores estúdios de produção de TV dos EUA. Entretanto, a oficialização da parceria com Xuxa só aconteceu em meados de 1992. A ideia era negociar a exibição do programa para um consórcio de emissoras americanas.
Curiosidade: o símbolo da MTM é um gatinho, Mimsie, que aparece soltando um miado no fim de todos os programas produzidos pela empresa, uma brincadeira em analogia ao leão da MGM (Metro-Goldwyn-Mayer Inc.). Assim que Xuxa fechou o contrato, ela gravou sua versão para o miado do gatinho. Ela fala “Tchaaaau” ou “Ciao”, como preferem alguns. É como se Xuxa um dia tivesse feito o som do plim-plim nas vinhetas da Globo.
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Sutil referência: No postal de divulgação feito exclusivamente para os EUA, Xuxa aparece com um gatinho e o símbolo da MTM (fundada pela atriz Mary Taylor Moore) era o gatinho Mimsie. |
Se a ideia era levar para os americanos
uma versão do Xou brasileiro, claro
que as músicas de Xuxa não poderiam ficar de fora. Ainda em 1992, iniciou-se o processo de adaptação de
algumas músicas para o inglês. Uma das primeiras a ser mostrada – no Xou da Xuxa mesmo – foi Crazy
About You (Pinel Por Você),
mas a surpresa maior não estava na letra e sim na intérprete: Deborah Blando! Sim, foi a cantora que
fez a voz-guia das canções para que a Rainha pudesse gravar, posteriormente, já
sabendo todas as nuances e com a maior familiaridade possível do idioma.
No total foram 20 sucessos adaptados para o inglês.
Devido à duração curta do programa (cerca de 22 min), todas as músicas eram apresentadas em versão editada, com pouco mais de 2
minutos cada e geralmente sem repetição de estrofe. Todos os discos da era “Xou” deram sua contribuição, mas o
destaque ficou para o Xou da Xuxa Sete
que, assim como no espanhol, foi o que mais teve músicas adaptadas. Vamos à
lista:
Xou da Xuxa
(1986): Do Say (Doce Mel)
Xegundo Xou
da Xuxa (1987): Frog Frog (Croc Croc); Xuxa's Recipe (Rexeita da Xuxa)
Xou da Xuxa
3 (1988): Ilarie (Ilariê); Xuxa's Dance (Dança da Xuxa); Alphabet Song
(Abecedário da Xuxa); Rainbow (Arco-Íris)
4º Xou da
Xuxa (1989): Chindolele (Tindolelê); The Miracle of Life (Milagre da Vida);
Alert (Alerta)
Xuxa 5
(1990): Crazy About You (Pinel por você); Cristal Moon (Lua de Cristal)
Xou da Xuxa
Seis (1991): Xuxa's Theme (O Xou da Xuxa começou); Today's Happy Day (Hoje
é dia de folia)
Xou da Xuxa
Sete (1992): An "X" on Your Heart (Marquei um X); Life Is A Party
(A Vida É Uma Festa); Tribe Of Love (Tribo do amor); Our Song Of Peace (Nosso
Canto de Paz); The Flea (A Pulga); All America (América Geral)
O lançamento
dessas músicas num álbum se tornou uma das coisas mais sonhadas entre os
fãs brasileiros e isso realmente estava no “combo Xuxa USA”. A Billboard chegou a noticiar
na coluna dedicada à música latina (de John Lannert) que Helio Costa Manso,
diretor executivo da Globo Records USA estava oferecendo o álbum à gravadoras
americanas, mas infelizmente, nada se
concretizou.
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"Xuxa's Show" ou "Xuxa Just for Little-Ones"? Nem um, nem outro, o lançamento do disco em inglês ficou só na teoria Foto: Otto Stupakoff |
A única música inédita foi “Talk
to Me”. A composição de Eric Thorngren e David Wolff apresenta Xuxa aos baixinhos americanos, mas não é
sobre a loira. O foco era quebrar qualquer
resistência em razão do fato de Xuxa não dominar o idioma. É praticamente
um pedido de paciência com os deslizes que ela tinha consciência que iam
acontecer. A letra deixa isso bem claro, quando Xuxa explica que está se
esforçando, dando seu melhor para falar um inglês perfeito e que não a
deixassem falando sozinha, afinal ela tinha vindo de muito longe para conversar
olhando no olho.
“Eu falo Português, uso muito a emoção para
falar com as crianças. Uso minhas mãos, meu rosto, o corpo todo, minha linguagem
corporal. Não tenho vocabulário suficiente” – declarou Xuxa à imprensa
americana, pouco antes da estreia do programa.
E se você não conhece a música deve estar pensando que a música é mais lenta, dramática... Que nada! Apesar da preocupação com a comunicação, a loira cantava a canção de forma bem animada e não tinha como ser diferente, afinal "onde as palavras não chegam, a música vai além..." Os arranjos são no melhor estilo de percussão baiana, confira abaixo:
Atenção: não caia nessa de buscar a tradução da música em sites que fornecem esse serviço de forma automática, palavra por palavra. Você terá um resultado totalmente diferente da realidade. Imaginem os versos iniciais: "Bread and Butter / Bring me some water", vocês vão encontrar "pão com manteiga / me traga água". Qual o sentido disso? Pensem na Xuxa lá, toda humilde, pedindo para as crianças terem paciência porque o inglês dela não era bom o suficiente e de repente fala em pão com manteiga? A molecada americana ia pensar que, além de ter dificuldades com o idioma, ela ainda passava fome no Brasil.
Quando cantou que estava se
esforçando para falar o inglês melhor, Xuxa não estava apenas repetindo um
verso de canção, era a mais pura verdade. Ela
realmente ficou aterrorizada com o desafio do idioma.
“Entrei em pânico, chorei. Falei que ninguém
ia me entender. Eu até disse: “por que vocês não contratam uma menina
americana? Eu até ajudo!”
Só que nenhuma menina americana é
a Xuxa e os executivos da MTM sabiam bem o que queriam. Ao invés disso, trataram de matricular a loira num curso
intensivo de inglês por dois meses na Berlitz – a mais famosa escola de
treinamento em idiomas do mundo, que existe desde 1878!
E não eram só as aulas, tinha
dever de casa. Uma reportagem feita pelo jornal Chicago Tribune conta que no
camarim de Xuxa havia uma pilha de VHS de programas de TV americanos
enviados por Bob George (vice-presidente da MTM) com um bilhete em cima: “pratique, pratique, pratique”.
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Pegando firme nos estudos, mas com direito a uma pausa para foto em frente à famosa escola de idiomas, Berlitz, em Los Angeles (EUA) |
O problema com o idioma ainda
rendeu algo divertido... Xuxa tem alguns
apelidos que todo mundo conhece: Xu,
Xuxuca, Gracinha, mas tem um que
muita gente não sabe e hoje talvez nem ela mesmo se lembre dessa história
contada ao Chicago Tribune:
“Eles me apelidaram de “But Why” porque eu
ficava sempre perguntando as regras do idioma”
(*) But Why = Mas por quê?
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Já imaginaram a música de abertura adaptada para o apelido de Xuxa? ♫♫ "It's time for BUT WHY and her friends" ♫♫ |
De certa forma foi no Rio de Janeiro que aconteceu o
primeiro programa em inglês da Xuxa. Em meados de 1992, um piloto foi
gravado no teatro Fênix, de forma independente, sob supervisão de Bob George,
utilizando o mesmo cenário do Xou da Xuxa.
Crianças da Escola Americana (RJ) e
outras recrutadas no Consulado Americano formaram a privilegiada plateia.
Duas músicas em inglês, já com os vocais de Xuxa, foram mostradas: Ilariê e Pinel Por Você (porém, em versões diferentes das que foram
utilizadas no programa americano posteriormente). O mais curioso é que fica
evidente que as crianças haviam aprendido a letra das versões em inglês
previamente. Sortudas!
O programa piloto serviu de cartão de visitas para que a MTM negociasse o
programa com as emissoras nos EUA; para isso foi montado um press-kit contendo uma fita VHS que,
além de trechos desse programa, trazia também trechos da reportagem feita por
uma emissora americana em 1988, durante as filmagens de Super Xuxa Contra o Baixo Astral. Cerca de um mês antes da estreia
os jornais americanos começaram a receber as fotos de divulgação. Recentemente
a equipe de Xuxa divulgou uma delas nas redes sociais da loira.
Já com o programa vendido para as
emissoras, a MTM deu início às gravações. O contrato previa um total de 65 episódios, de meia hora cada (na realidade o tempo do programa era cerca de 22 minutos que se tornavam meia hora em razão dos comerciais).
As gravações começaram em julho de 1993 e se estenderam até o mês de agosto,
num total de 5 semanas, sendo que Xuxa
gravava pelo menos 4 programas por dia. A produção do programa ficava em
torno de US$ 200 mil por semana (Manchete,
14/08/1993).
Para tanto, um dos estúdios da CBS (uma das maiores redes de televisão aberta dos Estados Unidos) em Los Angeles foi alugado e lá foi construído o cenário do programa criado por Jimmy Cuomo.
Para tanto, um dos estúdios da CBS (uma das maiores redes de televisão aberta dos Estados Unidos) em Los Angeles foi alugado e lá foi construído o cenário do programa criado por Jimmy Cuomo.
O cenário era uma espécie
minimundo mais, digamos, divertido e lúdico. Assim a Estátua da Liberdade podia
perfeitamente coexistir com um castelo medieval e um miniposto de gasolina e uma
caravela. Parece loucura, mas esse mundo americano de Xuxa rendeu a Jimmy uma indicação ao Emmy em 1994, pela Direção de Arte do programa.
A direção do programa ficava sob a responsabilidade de Gary Halvorson, que mais tarde ficaria famoso por dirigir diversos episódios das aclamadas séries “Friends” e “Two and a Half Man”.
A direção do programa ficava sob a responsabilidade de Gary Halvorson, que mais tarde ficaria famoso por dirigir diversos episódios das aclamadas séries “Friends” e “Two and a Half Man”.
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Quem diria que depois de ouvir tanto a frase "it's time for Xuxa and her friends", Gary seria o responsável pela direção de nada menos que 55 episódios de... Friends! |
A MTM logo tratou de providenciar
o release do programa para a imprensa
americana e cerca de um mês antes da
estreia, Xuxa já era assunto em vários jornais. Tirando uma ou outra publicação,
a recepção foi boa no geral.
Mas o que exatamente não agradou
de início? Bom, como sabemos, em alguns lugares os americanos tendem a ser mais
conservadores, seja pela cultura ou pelos “bons costumes”.
A crítica do Chicago Tribune (publicada no dia da estreia e feita com base
somente no press-kit) admitiu que
Xuxa era graciosa, “a cute-one”, mas isso não compensava sua dificuldade com o
idioma e ainda encasquetou com algo que, para nós, era o máximo: o momento da
marquinha; e finaliza a matéria dizendo que se “eles não estavam preparados para Xuxa, ela também não estava para
eles”.
Já o Philadelphia Daily News (em matéria publicada um mês após a estreia – “Who is Xuxa?”) deu ênfase nas opiniões de que Xuxa era “sexy demais” para as crianças, se vestia inadequadamente e por ter posado para a Playboy quando modelo. Até aí nada de novidade, pois sempre tem um pra falar isso. O jornal reservou DUAS páginas para Xuxa e boa parte do texto é baseado no depoimento de uma artista plástica, Doris Nogueira, carioca que, na época da matéria, vivia em New Jersey. Não sabe quem é? Nem nós!
O mais incrível é que a parte dessa tal senhora já começa falando que ela não assistiu o programa (e mesmo assim já saiu dando opinião), mas que "conhece Xuxa do Brasil porque passa suas férias aqui e a vê na TV". Reclama das roupas, das botas e até que todo mundo grita e anda com balões no programa, “loucos” – diz ela. E o mais curioso (para não dizer ridículo) é ela dizer que Xuxa usa termos sexistas para se referir às crianças: “meninos são ‘machos’ e meninas são ‘Barbiezinhas’". De onde ela tirou isso, gente?
Já o Philadelphia Daily News (em matéria publicada um mês após a estreia – “Who is Xuxa?”) deu ênfase nas opiniões de que Xuxa era “sexy demais” para as crianças, se vestia inadequadamente e por ter posado para a Playboy quando modelo. Até aí nada de novidade, pois sempre tem um pra falar isso. O jornal reservou DUAS páginas para Xuxa e boa parte do texto é baseado no depoimento de uma artista plástica, Doris Nogueira, carioca que, na época da matéria, vivia em New Jersey. Não sabe quem é? Nem nós!
O mais incrível é que a parte dessa tal senhora já começa falando que ela não assistiu o programa (e mesmo assim já saiu dando opinião), mas que "conhece Xuxa do Brasil porque passa suas férias aqui e a vê na TV". Reclama das roupas, das botas e até que todo mundo grita e anda com balões no programa, “loucos” – diz ela. E o mais curioso (para não dizer ridículo) é ela dizer que Xuxa usa termos sexistas para se referir às crianças: “meninos são ‘machos’ e meninas são ‘Barbiezinhas’". De onde ela tirou isso, gente?
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"Não gostar" é até um direito, mas inventar que Xuxa chamava os garotos de "machos" é o cúmulo! |
Não satisfeito, o jornal ainda chamou Sally Starr, atriz que fazia programas TV para crianças, incorporando uma cowgirl. A mulher ficou famosa nos 60 e a maioria de seu público se concentrava na Filadélfia. “Nunca vi e nem vou ver, vai contra tudo que acredito. Não é a tal garota que posou nua? Se essa é a TV moderna não quero fazer parte”. Resumindo: texto baseado no depoimento de quem não viu (de novo!).
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Como alguém pode emitir uma opinião sobre um assunto que não conhece? Bem silly essa Sally... *Silly = boba |
Para quem não viu, mas quer saber
como funcionava o programa, vamos lá: a
dinâmica foi a mesma em todos seus episódios: depois da abertura com Xuxa
saindo do globo terrestre ao som de Xuxa’s Theme (O Xou da Xuxa Começou), conhecimento
escolar, brincadeiras e convidados alternavam até o encerramento. Para isso foram criados alguns quadros:
ASK XUXA: um baixinho mandava uma carta fazendo uma pergunta sobre algum assunto geralmente relacionado à Ciências. A resposta sempre vinha em forma de VT (não narrado por Xuxa). Os VTs eram produzidos em parceria com a Disney, por isso a maioria era gravada nos seus parques.
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Os três principais quadros do programa no Estados Unidos |
ASK XUXA: um baixinho mandava uma carta fazendo uma pergunta sobre algum assunto geralmente relacionado à Ciências. A resposta sempre vinha em forma de VT (não narrado por Xuxa). Os VTs eram produzidos em parceria com a Disney, por isso a maioria era gravada nos seus parques.
GLOOP TIME:
lembram do famoso glu-glu do Xou da Xuxa? Pois então, era ele. Brincadeiras que
envolviam o liquido escorregadio para dificultar as tarefas. Uma melequeira só,
tinha criança que não fazia uma cara muito boa, mas Xuxa se divertia mais que
todos. Havia ainda outras brincadeiras como “Monte o Monstro” e aquelas de
estourar a bexiga, mas essas não recebiam um nome específico.
XUXA'S GUEST:
o convidado do dia. Podia ser um mágico, um esportista, um humorista, cantor.
Entre os mais memoráveis estão Deborah
Blando (a única brasileira a participar), as atrizes gêmeas Olsen (de Full House e O feitiço das Gêmeas) e a atriz e
cantora Raven-Symoné (de Os
Batutinhas, The Cheetah Girls e As Visões de Raven).
Assim como no Xou da Xuxa, a loira tinha uma turma que
a ajudava no programa, mas esqueça os personagens que você estava acostumado a
ver por aqui.
No programa americano, as Paquitas foram intituladas “Pixies” (algo como “Fadinhas”), sendo Ana Paula Guimarães (Catu) a única do grupo brasileiro que também exerceu a função nos EUA. As demais eram americanas: Shannon Garcia, Larae McCarran e Natasha Pearce (a única Paquita negra). Dengue e Praga deram lugar a Jelly, o urso Panda, e Jam, o jaguar.
Jam, o jaguar, era interpretado por Mark Caso, que também trabalhou nos filmes Tartarugas Ninja II e III, interpretando Leonardo (uma das Tartarugas Ninja). Jelly, o panda, ganhava vida graças a E.E. Bell, ator que também teve papéis em séries como Bones, Glee e The Mentalist.
No programa americano, as Paquitas foram intituladas “Pixies” (algo como “Fadinhas”), sendo Ana Paula Guimarães (Catu) a única do grupo brasileiro que também exerceu a função nos EUA. As demais eram americanas: Shannon Garcia, Larae McCarran e Natasha Pearce (a única Paquita negra). Dengue e Praga deram lugar a Jelly, o urso Panda, e Jam, o jaguar.
Jam, o jaguar, era interpretado por Mark Caso, que também trabalhou nos filmes Tartarugas Ninja II e III, interpretando Leonardo (uma das Tartarugas Ninja). Jelly, o panda, ganhava vida graças a E.E. Bell, ator que também teve papéis em séries como Bones, Glee e The Mentalist.
Jelly e Jam tinha função mais importante do que Dengue e Praga tiveram
aqui: era deles a responsabilidade de explicar as brincadeiras para as
crianças, uma alternativa encontrada para que elas não se confundissem caso
Xuxa tivesse algum problema com o idioma. O nome da dupla é uma brincadeira, já
que ambos significados remetem a geleia.
Aliás, essa coisa de brincar com
as palavras foi uma das estratégias de
divulgação: a MTM queria mostrar que as crianças iam se divertir muito com Xuxa
e usou isso como neologismo.
O programa era FUNtastic,
FUNbelievable.
Uma junção de FUN (divertido) com FANTASTIC (fantástico) ou com UNBELIEVABLE
(inacreditável). A palavra fun aparecia diversas vezes nos
promos de divulgação feitos para as emissoras de TV.
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Por aqui era o X que comandava (Xuxexo, Xenxaxional, Xuper), nos EUA era a palavra FUN (Funtastic, funbelievable) |
Se havia brincadeiras com as
palavras de lá, por que não ter com as daqui? Xuxa levou seu clássico “solta
a franga” para a América e lá
virou o “drop a chicken”, que divertia mais à própria que à meninada
em geral que não entendia muito o que isso queria dizer. Óbvio que “beijinho,
beijinho, tchau, tchau” jamais ficaria de fora, mas esse era de melhor
compreensão: “kisses, kisses and bye bye”. Mas outro clássico de Xuxa não foi
para os EUA: “baixinho”. Bob George, da MTM, vetou o tratamento às crianças: “Baixinho, em inglês, não dá certo” (Isto É, 30/09/1992). A Rainha deu um jeito: “little ones” (pequenininhos).
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Que pena que não teve o "oh yeah, sit over there, Claudia!" |
Não era só o Xou da Xuxa que aparecia nas referências
do “Xuxa USA”. O programa dominical
da loira aqui no Brasil (exibido entre 02/05 e 24/10/1993) também deixou
sua marca. Por diversas vezes o tema
instrumental da abertura daqui servia de fundo para as brincadeiras de lá e
as fichas que Xuxa lia eram todas com o logotipo do programa brasileiro.
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"Hey, litlle ones, já ouviram falar dos 3Rs: Reduce, Reuse and Recycle?" |
No Brasil a gente tinha Xuxa nas
manhãs, na Argentina, nossos hermanos a viam no fim de tarde... E os
americanos? Podiam escolher. O
programa atingia 95% do território dos Estados Unidos e era exibido por cerca
de 100 emissoras de TV a cabo, o que fazia que houvesse “Xuxa” em todo horário
possível. Alguns exemplos:
Em Nova York, o programa passava às 6:30h. Achou cedo? Em Indiana passava às 5:30h (que criança vai acordar esse horário, gente?). Em Ohio, era tão “Xou”: às 8h em ponto. Na Filadélfia (Pensilvânia) e em Boston era às 8:30h. Tinha na parte da tarde também: na Geórgia era exibido às 14h num canal e 14:30h em outro. Na capital americana, Washington, 14:30h também era o horário da loira. Lembrando que alguns desses horários chegaram a ser trocados ao longo dos anos, consideramos apenas os mais comuns e famosos.
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Sempre tá na hora de brincar! (Entenderam porque no programa dos EUA, Xuxa nunca falava "bom dia" ou "boa tarde"?) |
Não era só na TV que os americanos
podiam achar Xuxa. Antes mesmo da estreia, vários produtos chegaram às lojas com o nome da apresentadora. Mas por
que? Como colocar à venda produtos com um rosto e nome que não era conhecido?
No caso de Xuxa isso não era problema, afinal as comunidades latinas que residiam em território americano já a
conheciam e consumiam seus produtos:
O plano de "xuxalização" dos EUA inclui — além do programa que a Rede Univision apresenta nas emissoras hispânicas do país — a invasão do país por vários produtos. Atualmente, por sinal, nada menos que 3 milhões de pezinhos já usam sandálias Xuxa — informações do fabricante, a Grendene, dão conta que já foram vendidos nos EUA 1 milhão e 500 mil pares do calçado. Trata-se apenas de um primeiro item de um total de 56 produtos com a grife Xuxa que estão invadindo o mercado americano. (Contigo, 16/03/1993)
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Uma das maiores apostas no mercado americano eram os brinquedos eletrônicos, bem diferente do Brasil, já que Xuxa foi investir nesse segmento somente por volta dos anos 2000 |
De todos os produtos, a boneca lançada pela Rose Art era o
que guardava maior ligação com o programa americano. Além de sua embalagem
trazer fotos da atração e todo seu layout seguir sua identidade visual, algumas
bonecas ainda traziam uma fita K7 com
algumas músicas que Xuxa cantava na TV. Nem todas as músicas foram
disponibilizadas, sendo Xuxa’s Dance (Dança da Xuxa) a mais
comum de se achar.
A boneca fechou 1993 como a mais
vendida nos Estados Unidos dentro do segmento de bonecas não genuinamente americanas, rendendo até notinhas nos jornais. E olha que
ela nem era tão bonita quanto as nossas Xuxinhas...
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A boneca americana trazia diferentes brindes conforme o modelo escolhido: fita K7, bijouterias ou itens de maquiagem. |
Já em 1994, com os 65 episódios
exibidos na TV, a Sony Wonder
resolveu também investir no “Xuxa” e colocou no mercado 2 VHS com trechos do programa: FUNtastic Birthday Party e Celebration,
lançadas simultaneamente em 22 de março daquele ano.
Ambas fitas eram vendidas de forma avulsa, mas a FUNtastic Party também podia ser encontrada num kit que trazia chapeuzinhos de aniversário, língua de sogra e balões para encher. Como parte da estratégia de divulgação, uma promoção foi lançada nas principais rádios americanas: o vencedor do concurso ganharia uma “fantástica” festa de aniversário com tudo pago.
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As duas VHS foram lançadas simultaneamente em 22/03/1994 Uma delas era temática: "Festa de Aniversário" (Pena não terem gravado o "Parabéns da Xuxa" em inglês) |
O programa estreou no dia 13 de setembro de 1993. Nesse dia Xuxa
tomou seu café da manhã num dos hotéis da Disney, em Orlando, acompanhada de
dez crianças da Dover Shores, uma das
escolas públicas mais famosas da cidade. Durante o café a loira brincou com os
personagens da Disney que por ali estavam e ainda transformou os guardanapos em
fantoches para brincar com as crianças.
23. If anyone's feeling down (Se alguém está meio pra baixo )
24. I'll be waiting 'till you're ready... (Vou esperar até que você esteja pronto).
E antes que alguém diga que ela só disse isso porque não tinha dado certo, vale ressaltar que assim que terminou de gravar os programas (e antes que eles fossem ao ar) ela disse à imprensa americana em texto replicado em vários jornais:
Em setembro desse mesmo ano, o “Family Channel” (Fam TV) comprou os direitos de exibição e “reestreou” o programa no dia 12/09/1994, se tornando o canal que exibiu o “Xuxa USA” por mais tempo. No dia 16/02/1996 foi ao ar o último programa em terras americanas (já numa reexibição, claro). Em abril de 1996, o jornal The Reporter chegou a noticiar que o FAM TV tinha planos de voltar a exibir o programa a partir de maio, mas isso não aconteceu. O programa também foi vendido para países como Turquia e Israel, sendo que neste último seu sucesso foi além do esperado, tanto que Xuxa foi convidada no natal de 1995 a participar de alguns programas locais como convidada especial.
I mark an "X" on your heart (Marquei um "X" no seu coração )
The "X" stands for my name (O "X" do meu nome)
I leave my love with you (Meu amor fica com você )
when we're apart (Quando não estivermos perto)
Será que mesmo depois de saber tudo isso alguém ainda tem dúvida do quanto a incursão de Xuxa nos Estados Unidos está longe de ser chamada de fracasso? Realmente pode não ter acontecido na proporção que imaginavam, mas como a própria diz: ninguém até hoje conseguiu tal feito. Foram 2 anos e meio aparecendo diariamente nas TVs americanas. Um bom número de vendas em bonecas, brinquedos eletrônicos e calçados. Matérias nos principais jornais e o principal: muitas crianças americanas guardam memória afetiva com o programa. O X foi marcado e dessa vez ele não tinha som de “équis”, era o nosso mais que conhecido “xis”.
Agora sempre que você ouvir que algum artista
está com carreira no exterior, que está “bombando no estrangeiro”, indo onde
nenhum outro brasileiro foi, você vai poder dizer com propriedade “Xuxa
did it first”! (*)
Xuxa fez isso primeiro
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"Lá o cãozinho... au au" |
O café da manhã na Disney era só
o início da divulgação presencial da loira, mas, infelizmente, algo triste
aconteceu: Xuxa ficou doente, sua
coluna não aguentou o pique intenso dos últimos meses e ela caiu de cama. Tudo
começou no dia 15/09, quando ela passou mal nos estúdios da ABC em Nova York,
onde seria entrevistada no programa Good Morning America. Xuxa foi
levada para o St. Luke Hospital, onde se constatou que ela estava com uma
reação alérgica ao excesso de analgésicos que havia tomado. Explicando: sem
saber que estava com uma hérnia de disco cervical, Xuxa começou a tomar
remédios achando que era somente dor muscular.
A partir daí todos os compromissos foram desmarcados, entre eles uma entrevista na CNN e outra para a revista Times.
Xuxa não renovou o contrato para uma segunda temporada, apesar de haver interesse da MTM (O Globo, 03/01/1995). Em entrevista ela se mostrou um tanto
desanimada com o que tinha acontecido:
"Os costumes, o comportamento deles,
tudo é muito diferente. Mesmo assim, ninguém manteve um programa dirigido às
crianças lá, com o acento que eu tenho. Eles poderiam ter tirado do ar, mas
mantiveram porque de alguma forma agradou. Acho que fui muito cedo para lá. Foi
precipitado. Eu deveria ter aprendido mais inglês. As expressões engraçadas, e
que saem naturalmente aqui, ficam meio sem sentido para eles. Além disso,
trabalham de uma forma diferente: repetem a programação continuamente. Queria
fazer algo que fosse mais parecido comigo."
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Uma das cláusulas previa que Xuxa podia não renovar se achasse que as coisas não estavam lhe agradando e assim aconteceu |
E antes que alguém diga que ela só disse isso porque não tinha dado certo, vale ressaltar que assim que terminou de gravar os programas (e antes que eles fossem ao ar) ela disse à imprensa americana em texto replicado em vários jornais:
“Esse programa ainda não tem a minha cara.”
No segundo semestre de 1994, Xuxa gravou aqui no Brasil, no cenário do
“Xuxa Park” várias “cabeças” que seriam mescladas às reprises do programa,
afinal ele continuava sendo exibido na TV americana. Nesses vídeos Xuxa dava conselhos às crianças, coisas como "não abra a porta para estranhos", "não jogue lixo na rua". E pensar que havia uma parte da imprensa que dizia que ela deseducava as crianças americanas...
Em setembro desse mesmo ano, o “Family Channel” (Fam TV) comprou os direitos de exibição e “reestreou” o programa no dia 12/09/1994, se tornando o canal que exibiu o “Xuxa USA” por mais tempo. No dia 16/02/1996 foi ao ar o último programa em terras americanas (já numa reexibição, claro). Em abril de 1996, o jornal The Reporter chegou a noticiar que o FAM TV tinha planos de voltar a exibir o programa a partir de maio, mas isso não aconteceu. O programa também foi vendido para países como Turquia e Israel, sendo que neste último seu sucesso foi além do esperado, tanto que Xuxa foi convidada no natal de 1995 a participar de alguns programas locais como convidada especial.
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"O programa, que está fora da programação do canal a cabo Family Channel, pode retornar em maio" Resposta do jornal a um leitor em 21/04/1996 |
I mark an "X" on your heart (Marquei um "X" no seu coração )
The "X" stands for my name (O "X" do meu nome)
I leave my love with you (Meu amor fica com você )
when we're apart (Quando não estivermos perto)
Será que mesmo depois de saber tudo isso alguém ainda tem dúvida do quanto a incursão de Xuxa nos Estados Unidos está longe de ser chamada de fracasso? Realmente pode não ter acontecido na proporção que imaginavam, mas como a própria diz: ninguém até hoje conseguiu tal feito. Foram 2 anos e meio aparecendo diariamente nas TVs americanas. Um bom número de vendas em bonecas, brinquedos eletrônicos e calçados. Matérias nos principais jornais e o principal: muitas crianças americanas guardam memória afetiva com o programa. O X foi marcado e dessa vez ele não tinha som de “équis”, era o nosso mais que conhecido “xis”.
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Quando o "équis" é "xis" mesmo na terra do Tio Sam O X é dela e o Malcolm que vá caçar outra letra... Por que não fica com o M? hahaha |
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"Acredite em você, siga seus sonhos. O amanhã pertence aos que sonham" (Mensagem que vinha no verso do postal americano) |
Nota do Blog:
Os títulos que usamos nos itens são versos das canções em inglês de Xuxa:
Xuxa's Theme (1,2,3,4,5,6, 10, 11, 12, 13, 17, 22 e 23)
Talk to Me (7, 8, 9 e 16)
Ilarie (14, 15, 18, 19, 20 e 21)
An X on your Heart (24, 25 e encerramento)
Optamos por não fazer uma tradução literal e sim transmitir a ideia de cada verso. No mais, tentamos fazer nosso melhor para passar o máximo de conteúdo a todos que confiam no nosso trabalho. Essa foi uma pesquisa baseada em 85% de reportagens em inglês, então se alguma coisa soou diferente da realidade, por favor, nos ajude, não só critique.
Pronunciation, communication
Something to strive for in our converstation
I'm trying my best for proper english
Tripping over vowels and consonants