Sasha completa 20 anos muito bem vividos. São 20 anos desde que a vida de Xuxa ganhou um novo sentido, ou melhor, ganhou sentido. "Sasha é meu ar", disse ela certa vez e não temos a menor dúvida disso! É tão bom ver você sorrir com o olhar quando está perto dela, quando fala dela. Por isso, não poderíamos deixar de fazer essa homenagem que representa nosso desejo de que todos seus dias, Xuxa, sejam dias de Sasha. E, Sasha, parabéns dos seus "tios", afinal todo baixinho da Xuxa virou um tio da Sasha... seja feliz SEMPRE! #Sasha20
sexta-feira, 27 de julho de 2018
quarta-feira, 11 de julho de 2018
"Xou da Xuxa 3" - 30 anos
Sem dúvidas o ano de 1988 pode ser considerado um divisor de águas na carreira de Xuxa. Há poucos dias falamos dos 30 anos do filme “Super Xuxa contra Baixo Astral”, lançado no dia 30/06 desse mesmo ano. Foi a partir daí que a Rainha conquistou seu trono também nas telas de cinema, mas aquele ano ainda reservava algo muito maior a ser conquistado num reino que ela já conhecia muito bem: o do mercado fonográfico.
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Tá na hora, tá na hora, tá na hora de... FESTEJAR! |
São 30 anos do lançamento do disco Xou da Xuxa 3, o álbum de maior vendagem da carreira de Xuxa e,
ousamos dizer, do BRASIL! Como render homenagens a algo tão marcante; como ser
preciso ao dimensionar o alcance de suas faixas; como explicar que um
neologismo se tornou a música de uma geração? Há muito mais por trás
daquela capa cor-de-rosa que todo baixinho dos anos 80 teve na sua pilha de
discos...
Ter a chave do tesouro é natural...
Se, em 1986, Guto Graça Mello penou para conseguir que compositores fizessem músicas para Xuxa gravar no seu primeiro disco pela Som Livre e se, em 1987, a oferta chegou a novecentas composições enviadas com a esperança de figurar entre as que estariam no repertório do segundo disco. Já produzido por Michael Sullivan e Paulo Massadas, era de se esperar que as coisas se equilibrassem para o segundo disco, cujas vendas superaram 2.500.000 até 1988. Mesmo com a crise que o mercado fonográfico atravessava naquela época, o filão infantil ainda era o único que colhia frutos.
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Dos "cinco mais", três são do filão infantil e a disparidade em relação aos números de Xuxa é gigante. Nota: A Veja considerou os números do Xegundo Xou da Xuxa e o Karaokê da Xuxa |
Além disso, Sullivan e Massadas sabiam bem que caminho seguir, fazendo com que Xuxa continuasse sua ascensão como fenômeno de comunicação. Não tinha como dar errado! O processo de criação do “Xou da Xuxa 3” começou em março de 1988, depois que Xuxa acabou de gravar Super Xuxa Contra Baixo Astral. O primeiro passo já tinha acontecido: “Arco-Íris”, canção que fazia parte da trilha do filme e figuraria no repertório do Xou 3.
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Xuxa na contramão do mercado fonográfico: quanto mais ele se retraía, mais ela vendia |
Max Pierre, produtor artístico dos discos da era “Xou da Xuxa”, nos contou um pouco do
processo de criação:
Nossa ideia sempre foi criar um projeto
infantil não-imbecil, dando a nossa maior artista um padrão musical excepcional, com bases e arranjos gravados pelo
Roupa Nova e Lincoln Olivetti. Fazíamos a captação do repertório tentando
buscar mensagens educativas que despertassem nas crianças coisas como a defesa
à ecologia, aos animais, etc., preocupação constante de Xuxa. A seleção de
repertório era feita entre centenas de canções enviadas para Som Livre,
gravávamos em média 16 músicas por
projeto, lançando os discos com 13 ou 14 músicas. As excluídas, muitas
vezes, não chegavam a ser terminadas com colocação de voz da Xuxa.
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As etapas de produção de um álbum eram as mesmas para todos artistas, mas para Xuxa a parte da seleção era mais trabalhosa: escolher só 16 músicas das centenas enviadas |
Nesse faz-de-conta, a cabeça a flutuar...
O repertório do Xou da Xuxa 3 não segue a linha do seu
antecessor. O Xegundo trazia canções
mais voltadas ao programa, pensadas para os quadros ou determinados momentos da
atração. Desta vez, o intuito é divertir
passando boas mensagens sem estar preso à dinâmica do programa. Algo como a hora do recreio na escola em que há a
diversão dentro de um contexto maior que é a educação, obviamente sem a
seriedade de uma sala de aula.
A preocupação maior com as mensagens a serem passadas passou a ser uma das marcas registradas da
discografia de Xuxa depois do Xou 3. Cerca de 90% do repertório é de autores
já conhecidos do público da loira e esse pessoal teve que dar asas à imaginação para fazer “de novo” sem se repetir.
Confira a partir de agora um
faixa-a-faixa do disco. Histórias sobre as músicas, curiosidades e surpresas
num bate-papo exclusivo com alguns dos compositores e o produtor Paulo Massadas.
1. Ilariê
(Cid Guerreiro / Dito / Ceinha)
(Cid Guerreiro / Dito / Ceinha)
Pensou em Xou da Xuxa 3, pensou em Ilariê... Quando vamos falar de Ilariê, temos a impressão
de que tudo que poderíamos saber sobre a faixa já está em nossa cabeça, tamanha é
sua força até hoje, mas sempre tem uma novidade...
Por incrível que pareça, a faixa não foi a primeira música de trabalho do
disco, foi a segunda. Cid Guerreiro,
cantor e compositor baiano, já era atração cativa do Xou da Xuxa e foi numa dessas participações que recebeu a encomenda
de fazer uma música baiana para Xuxa.
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Cid Guerreiro: de um convite a um hit |
Um dia fui me apresentar no programa da Xuxa
e pediram que eu fizesse uma música para o novo disco dela. Retornei para
Salvador e imediatamente a compus juntamente com Dito. Fizemos toda a letra,
mas ainda não tinha um refrão... Fui fazer um show no interior e, enquanto eu
cantava meu maior hit (que era a música “Dança do Bambolê” - 1987) naquele momento
no palco, me veio a ideia: “Eu vou dançar a dança do Bambolê, le-le-le-ô”, que
adaptei para o refrão que todos conhecem. A
palavra “ilariê” eu inventei para usar no refrão e foi uma adaptação da palavra
“hilário”, pois sempre achei a Xuxa uma pessoa hilária, engraçada,
espontânea, alto astral...
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Se a palavra existisse nos dicionários, provavelmente seu verbete seria esse |
A origem da canção Cid já contou
algumas vezes, mas ele nos trouxe uma informação bastante curiosa: a forma como
Xuxa ouviu a composição pela primeira vez:
Em meados de março, cerca de um mês
depois do carnaval, estava acontecendo a tradicional Micareta de Feira de
Santana (BA), na qual eu iria me apresentar e haveria uma transmissão ao vivo pela TV. Eu liguei para a diretora e pedi que ela e Xuxa sintonizassem na transmissão pois eu iria mostrar a
música para elas e para toda a multidão da micareta em 1ª mão. Antes de cantar,
anunciei: “Agora vou mostrar pra vocês a nova música da Xuxa que vai ser um
sucesso”. Nem preciso dizer o quanto amaram a música.
Ilariê foi imediatamente
“promovida” à música de trabalho. No Xou
da Xuxa Especial de 2 anos e no Globo
de Ouro podemos ouvir uma versão
diferente da música, tanto nos vocais como nos arranjos. Segundo Cid, esses
arranjos foram feitos com base na versão demo
enviada para Xuxa.
Provavelmente, aquela 1ª versão da música
com arranjos diferentes surgiu a partir da minha demo, que na versão final
foram executados (os arranjos) pelo Roupa Nova. É importante frisar que o Roupa
Nova, com toda maestria foram fies, aos arranjos criados por mim. Ilariê foi um marco
de gerações!
É inegável a força da canção.
Além das dezenas de regravações em outros idiomas e até dialetos – Cid conta
que existem cerca de 90 gravações –
a música se tornou uma das preferidas para paródias de campanhas publicitárias
e até políticas.
E então, Paulo? Como fica isso?
“Pelo que me lembro, Cid entregou a fita com
a música já nomeada “Ilariê”, com r mesmo. Até porque a música tinha sido
apresentada e todo mundo já conhecia assim”
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Pronto, sr. Google, já pode incluir a correção. Dúvida resolvida! |
Depois que Xuxa cantou Ilariê no programa ao vivo numa
quinta-feira(30/06/1988), centenas de pessoas começaram a ligar para os
escritórios da Som Livre querendo se certificar da data de lançamento do disco,
o que virou até notícia de jornal (O Globo - 07/07/1988)!
Versão em espanhol: Xuxa (Globo Records, 1989), Xuxa Todos Sus Exitos (BMG Ariola, 1993) e Xuxa Dance (Mercury, 1996 - regravação com novos arranjos)
Oficiais não lançadas comercialmente: Versão em Inglês (1993); Versão Axé (1996), Pot Pourri Baiano (2002); Megamix Xuxa (2004)
Clipes: o Fantástico exibiu em setembro/88 a performance da música extraída do show de Fortaleza, realizado no Estádio Presidente Vargas (não é bem um clipe, mas vamos considerar) e DVD XSPB 6 - Festa (2005)
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2. Bombom
(Michael Sullivan / Paulo Massadas)
Sullivan e Massadas trouxeram para Xuxa um rock iê-iê-iê tipo Jovem Guarda, movimento que ficou famoso nas décadas de 60 e 70, tendo como seu maior expoente Roberto Carlos. E é justamente ele que recebe uma “homenagem” ao final da canção: a loira se despede adaptando a fala do rei na canção O Calhambeque (1964) para o contexto de Bombom.
Paulo Massadas nos contou de onde
veio isso:
A ideia de fazer a referência à música do
Roberto foi da Xuxa. Não foi algo premeditado, do tipo: “vamos fazer uma homenagem
ao Roberto Carlos”. Durante a gravação, ela começou a imitá-lo e nós gostamos.
A Xuxa era muito brincalhona, carismática. Ela tinha várias ideias e vários
insights durante as gravações em estúdio. Esse
lado criança dela aflorava com extrema naturalidade e nós aproveitávamos isso
ao máximo. Muitas coisas aconteciam no improviso, aquele estúdio era um
imenso laboratório. “Bombom” é um
exemplo disso.
Personagens (Dengue, Praga, Moderninho) da turma da Xuxa são citados na letra, última vez que isso acontecerá num disco da loira. Tais citações fizeram com que a música ficasse restrita ao universo do Xou da Xuxa, tanto que para a versão em espanhol lançada no ano seguinte, seus nomes tiveram que ser substituídos por nomes comuns espanhóis.
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Você já se perguntou quem seriam Carlitos e Matias? |
Apesar de ser bastante apresentada entre 1988 e 1989, a canção só ganhou um clipe em 2002 no programa “Xuxa no Mundo da Imaginação”. No vídeo a música foi editada para suprimir os versos dedicados aos personagens que já não tinham relação com o público do programa.
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Como essa parte não estava na letra original, provavelmente anotaram "de ouvido" na hora da gravação e acabou saindo meio diferente do que é cantado |
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3. O Praga é uma Praga
(Reinaldo Waisman / Michel Bijou)
A tartaruga – no programa interpretada por Armando Morais – podia até ser uma praga, mas foi exatamente isso que lhe garantiu um diferencial que nenhum outro personagem da turma teve: uma música-tema. (Antes que alguém questione: Xuxo não era personagem, ele existiu de verdade e não fazia parte do programa de TV quando sua música saiu).
A composição de Reinaldo Waisman é
praticamente uma outra forma de dizer “você
não vale nada, mas eu gosto de você e tudo que eu queria era saber porquê”.
Sim, o Praga atormentava a loira no programa, mas era o tipo de chato favorito. Boa parte do que está na letra já
era falado por Xuxa durante o programa, o que certamente inspirou os
compositores. Confira um trecho de 1987:
Além disso, a música conta como o Praga chegou na vida da loira, bem no estilo de historinha infantil, e nos dá pistas de que o Praga era casado. Pois é, foi a partir daí que surgiu, no fim de 1988, a personagem Dona Praga nos gibis da Xuxa.
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Vida real x ficção: Armando e Ivonete se casaram em 1986, mas no gibi o personagem só se casou em 1988 |
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4. Xuxerife
(Reinaldo Waisman / Fred Nascimento / Alexandre Agra / Guilherme Jr.)
A primeira associação que fazemos
ao pensar em Xuxerife é com o Xuxo,
o famoso cachorro da Rainha nos anos 80. O fato é que, apesar de Xuxerife ser
um cão de guarda, ele não é o Xuxo.
O personagem existe desde o Clube da
Criança (Rede Manchete). Bom, existe e não existe. Ninguém nunca o viu, mas
ele era mencionado. Havia um quadro “Reclamações
ao Xuxerife” onde as crianças que estavam no programa poderiam fazer
qualquer tipo de reclamação, algo tipo “dando voz aos baixinhos”. Na Globo, o quadro foi mantido no "Xou" durante os primeiros anos.(Reinaldo Waisman / Fred Nascimento / Alexandre Agra / Guilherme Jr.)
Na música, Xuxerife é uma figura do velho oeste que protagoniza um daqueles
típicos duelos dos filmes do gênero. O estilo debochado – e já conhecido –
de Waisman mais uma vez causou polêmica por conta de algumas palavrinhas, mas
isso não foi obra só dele. Alexandre
Agra nos conta como foi um pouco do processo de criação da faixa:
Eu era produtor da Som Livre e produzia vários outros artistas. Nessa época, a Xuxa já havia se tornado um fenômeno de vendas. O Guto já havia conseguido isso no primeiro álbum e eu trabalhava diretamente com ele. O terceiro disco já era um disco que qualquer compositor da época gostaria de participar, pois além de gerar uma receita bacana, dava um grande status. Na época tinha muita gente querendo participar e escrevendo músicas pra ela. O Reinaldo Waisman, por ser cenógrafo dela, tinha uma convivência bem próxima. Ele veio conversar comigo e disse que queria fazer uma música divertida em cima de um personagem, o Xuxerife. Fizemos a música juntamente com o Fred Nascimento.
Nos reunimos e, em uma única
tarde, fizemos toda a música. A gente se divertiu muito fazendo, foi um clima
muito alto astral. Que eu me lembre, a
letra não sofreu nenhuma alteração na versão final, a não ser as palavras
"bunda" e "bicha". Quando gravamos a demo sugerindo o
arranjo, essas palavras constavam na letra, a ideia era apenas fazer uma
brincadeira pra canção ficar mais divertida. Essas palavras constam no
encarte, mas não é possível ouvir na música.
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E adivinhem quem fazia a voz do Xuxerife? O Tio Formiguinha! Ou melhor... o Paulo Massadas! Sim, mais um daqueles momentos de improviso no estúdio. |
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5. Beijinhos Estalados
(Lincoln Olivetti / Claudia Olivetti)
(Lincoln Olivetti / Claudia Olivetti)
Beijinhos Estalados é uma parceria de Lincoln Olivetti com sua esposa, Claudia Olivetti, que também participou do coro. Os arranjos também
são de Lincoln, que inaugurou com essa faixa uma parceria que se estendeu até
2012, quando Xuxa gravou sua versão para Garota
de Ipanema.
É a primeira música de Xuxa que fala diretamente sobre correr atrás de seus sonhos, a clássica tríade “querer, poder e conseguir”: “tudo que você sonhou um dia você vai conseguir”
Para a revista Veja, Beijinhos Estalados pode ser considerada a segunda homenagem a Roberto Carlos existente no Xou da Xuxa 3:
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Uma das composições mais
inspiradas da dupla Sullivan e Massadas, Coração
Criança tem uma história curiosa: não era pra ser de Xuxa.
Paulo Massadas: Essa música foi feita originalmente para o
Trem da Alegria. Uma canção infantil do ponto de vista de um adulto. A frase:
“coisas que o coração hoje quer relembrar” representa minha visão do que é a
percepção da infância. O deslumbre, a pureza, a magia... Era – no fundo – o meu desejo inconsciente de
retratar as emoções do meu menino. Sendo assim, essa canção estava um pouco
fora de foco para o Trem da Alegria. No entanto, não foi por essa razão que ela
foi enviada para a Xuxa. Naquele momento – como produtores também da Xuxa –
Sullivan & Massadas – chegaram à conclusão que “Coração Criança” ficaria
mais adequada para uma criança grande. Ou seja, a Rainha dos Baixinhos.
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O Trem da Alegria foi o primeiro a gravar "Coração Criança", mas foi Xuxa quem a gravou nos corações de todos os baixinhos |
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Mais uma composição de Sullivan e Massadas,
“Brincar de Índio” pode ser considerada a primeira música de “inclusão social” da carreira
de Xuxa. Ensinar o respeito ao povo indígena, acabando com a visão de que o
índio é o vilão, muito comum em filmes western (“mas sem mocinho pra me pegar”).
Paulo Massadas: Na minha infância havia uma cultura da gente
sempre torcer para os mocinhos matarem os índios nos filmes de faroeste e isso
ficou na minha cabeça. Fiz o pedaço de uma melodia e mostrei pro Sullivan, sem
ter a ideia ainda pronta. A partir daí, passamos a fazer a letra em cima da melodia.
Quando comecei a compor, já veio na minha cabeça: "mas sem mocinho pra me
pegar", uma forma de propagar essa ideia para as crianças e corrigir
o erro da geração das décadas de 50 e 60.
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Sempre é tempo de mudar: "Vamos ensinar as pessoas a ter respeito ao índio" |
E a música veio na hora certa; coincidentemente foi em 1988 que os índios tiveram sua cultura reconhecida pela Constituição Federal.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua
organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Outra “sacada” da dupla foi incluir na letra uma
referência a uma das mais famosas marchinhas de Carnaval: “Indio Quer Apito”,
de 1961, composição de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira. O verso que antes era
voltado ao humor agora ganhava ares de seriedade: “índio quer apito, mas também
sabe gritar”. Na versão em espanhol não há tal referência pois não faria
sentido já que a expressão não é conhecida fora do país.
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Na versão em espanhol não há a referência, mas a mensagem permaneceu |
E pensar que tudo isso poderia não ter acontecido... Paulo conta que quase a música não
saiu:
Quando mostramos a música pra Xuxa, ela não
gostou muito e ficou meio na dúvida se gravava. Nós acreditávamos muito no
sucesso dessa composição e dissemos que se perderia um grande “hit”, até que
ela aceitou gravar a música, mesmo sem acreditar muito. Quando as Paquitas
entraram em estúdio para fazer o coro, elas começaram a dançar bem animadas.
As meninas ficaram encantadas, envolvidas, era o que precisávamos para mostrar o
quanto a música poderia ser envolvente. Foi quando Xuxa ficou mais segura com a
escolha.
Clipes: "Xuxa no Mundo da Imaginação" em 2002 e DVD XSPB 6 - Festa (2005)
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8. Dança da Xuxa
(Prêntice / Ronaldo M. de Souza)
A composição de Prêntice e Ronaldo Monteiro de
Souza foi a 1ª música a ser trabalhada do disco e ao lado de Ilariê, carrega a
identidade do álbum. Merecidamente! Já no primeiro programa da temporada (abril
de 1988), podemos ouvir “Dança da Xuxa”, a canção passou a ser tema do 1º bloco
até a chegada de Ilariê. Mas a história é bem mais interessante e ninguém
melhor do que o próprio Ronaldo para explicar como nasce um hit:
Eu e o Prêntice já havíamos feito a letra da
música “Circo” para o álbum anterior, que deu muito certo, e por isso aconteceu
da gente participar novamente. Queríamos um marketing do nome dela, deixá-lo em
evidência. Até chegar no refrão foi difícil, estávamos em um bar para refrescar
a cabeça, quando de repente ele veio inteiro. Quando terminamos, dissemos:
“acabamos de fazer um grande hit pra Xuxa”.
Chegamos com a música pronta e mostramos pra
Xuxa. Paixão a primeira audição, ela gravou a música imediatamente. Foi tudo
muito rápido, um prazo de 4 horas mais ou menos! Entraram no estúdio e no mesmo
dia estava pronta, já iam tocar na gravação do programa do dia seguinte. Eu que
sempre acompanhava as gravações das minhas composições, nessa nem tive como.
Acredito que tenha sido um impacto muito
grande para ela e a equipe, ver que era possível brincar com seu nome, coisa
que ninguém tinha feito ainda, mesmo com Xuxa sendo uma pessoa midiática ao
extremo. E o nome dela por si só, já trazia uma musicalidade na repetição das
sílabas, foi muito bacana.
E foi dessa repetição que surgiu o nome da faixa...
“Xuxuxu
Xaxaxa” era o nome original, mas eles decidiram colocar Dança da Xuxa, o que achei
uma pena. Outra coisa que não era da nossa letra original é a parte em que Xuxa
pergunta “vocês querem dançar um twist?...” Isso foi ideia dela e colocada na
hora da gravação.
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Tão fácil quanto cantar o refrão é fazer a coreografia Casamento perfeito! |
Em 1989, a música ganhou uma versão em espanhol lançada no disco Xuxa (Globo Records). Curiosamente, os arranjos dessa versão são mais próximos ao da versão que tocava nos primeiros programas da temporada de 88. A faixa também aparece na coletânea Xuxa Todos Sus Exitos (BMG Ariola, 1993). Em 1993, Xuxa a gravou em inglês para seu programa nos EUA e a gravação vinha numa fita K7, brinde da boneca americana.
Clipes:
Especial de Natal (1990), Especial "Xuxa 10 anos" (1996), "Xuxa
no Mundo da Imaginação" em 2004 e DVD XSPB 6 - Festa (2005)
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Lembram que no começo desse texto falamos que o
disco tinha algo como a hora do recreio, pois é quando você pode se divertir, mas
não se esquecer que você está ali para aprender? “Eu Não” é a tradução disso em
forma de música. A faixa, no estilo de rock infantil, lista uma
série de coisas que o(a) baixinho(a) que é “legal” não deve fazer. A jogada dos
compositores é que eles não usam do óbvio. Quando não se quer que alguém faça
algo, geralmente dizemos “não faça bagunça, não pegue no sapo, não deixe o skate
na beira da escada”.
O artifício foi sumir com a questão da “proibição” - que transformaria a música num hino ao “não pode/não deve” gerando o desinteresse da criança, ou pior, a vontade de fazer exatamente o contrário, para desafiar – e colocar as ações desaconselháveis como algo que quem já escolado, legal, popular, não faria de jeito nenhum. Algo como “quem aí quer ser o bobão que tem medo do escuro ou que não sabe se lavar”? Buscando a aceitação da turma a criança acabaria não fazendo tais coisas. Psicologia reversa... Tia Xuxa ensina.
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Xuxa, diz pra gente, você ainda sabe cantar "Eu Não"? |
O artifício foi sumir com a questão da “proibição” - que transformaria a música num hino ao “não pode/não deve” gerando o desinteresse da criança, ou pior, a vontade de fazer exatamente o contrário, para desafiar – e colocar as ações desaconselháveis como algo que quem já escolado, legal, popular, não faria de jeito nenhum. Algo como “quem aí quer ser o bobão que tem medo do escuro ou que não sabe se lavar”? Buscando a aceitação da turma a criança acabaria não fazendo tais coisas. Psicologia reversa... Tia Xuxa ensina.
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...e da coreografia, você se lembra? |
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10. Abecedário da Xuxa
(César Costa Filho / Ronaldo Monteiro de Souza)
(César Costa Filho / Ronaldo Monteiro de Souza)
Sabem quando a música nasceu para ser um clássico do seu gênero? Se não sabem, lembrem-se de Abecedário da Xuxa. Uma ideia simples que se transformou numa música que ultrapassa gerações e até quem não é fã da Xuxa sabe cantar. César Costa Filho e Ronaldo Monteiro de Souza, os compositores, nos contam como tudo aconteceu:
Ronaldo: Abecedário surgiu de uma viagem minha do Rio de Janeiro para Mirassol
(interior de São Paulo). Eu tive que fazer a viagem de ônibus (aproximadamente
12 horas de viagem) e eu pretendia dormir. Mas assim que o ônibus saiu da rodoviária, me veio na cabeça “a de amor, b
de baixinho, c de coração”. A minha maior agonia é que na hora eu não tinha nem lápis, nem papel, tive que guardar tudo na
memória.
A parte mais interessante a grande maioria
desconhece, conosco também foi assim. Trinta anos e nunca havíamos percebido a
ideia embutida na letra até que Ronaldo explicou e, acredite, depois de ler, você não vai mais conseguir
ouvir sem pensar na grande sacada dos compositores:
O legal dessa composição é que as letras do
alfabeto estão divididas em 4 blocos.
Bloco
1: a infância (A de amor, B de
baixinho, C de coração, D de docinho, E de escola, F de feijão).
Bloco
2: ser humano (G de gente, H de
humano, I de igualdade, J juventude, L liberdade, M molecagem).
Bloco
3: amor à natureza (N natureza, O
obrigado, P proteção, Q de quero-quero, R de riacho, S saudade).
Bloco
4: Palavras relacionadas aos Super-heróis (T de terra, U de universo, V de vitória). Obviamente X só poderia ser Xuxa, mas ela também é super heroína das crianças
e o Z, bom, o z foi zum zum zum, tipo uma onomatopeia.
César: A música surgiu de um convite do amigo e compositor Paulo Massadas.
Morávamos no mesmo condomínio e certo dia ele me perguntou se eu tinha alguma música
infantil, porque eles (Massadas e Sullivan) iriam produzir o novo disco da
Xuxa. Respondi “não, mas posso fazer uma para vocês verem”. Comentei com
Ronaldo, meu parceiro, e ele topou a ideia.
Nosso pensamento era fazer algo que pudesse passar uma mensagem dentro de uma música
infantil. Quebramos muito a cara até concluirmos com as palavras que
julgávamos certas, procurando a melhor sonoridade com a melodia. Gravávamos e
ouvíamos cada sequência, até que chegamos à versão final. Quando apresentamos,
a canção não tinha refrão, era só a
parte das letras, mas Sullivan e Paulinho sugeriram que houvesse um. Criamos
então um refrão, para tornar a música mais comercial e marcante para o público.
Sendo a Xuxa já rainha dos baixinhos à época, e grande vendedora de discos,
inclusive no exterior, foi um desafio
muito grande, pois nosso caminho musical era MPB.
Paulo Massadas: Quando os dois me mostraram a música, achei a ideia genial. Me lembro
que quando Xuxa quando ouviu, foi paixão à primeira vista, ela quis gravar na
hora. Abecedário foi escolha unânime entre os envolvidos na produção do álbum.
Abecedário se tornou a principal música destinada aos baixinhos que não falam ou não ouvem,
pois Xuxa sempre a apresentou com a preocupação de ensinar as letras na
linguagem dos sinais.
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Tem muita gente que só sabe fazer o alfabeto na linguagem dos sinais por causa da Xuxa |
Inicialmente, somente as letras eram convertidas para libras até que Tany Mary – aquela moça que ficava com Xuxa nos sorteios fazendo a tradução para libras – ensinou para Xuxa TODA a tradução da música e essa se tornou a forma mais correta – e completa – de apresentar a canção na linguagem dos sinais.
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Primeira música gravada entre as que estão no
disco, mas não necessariamente feita
para ele. Arco-Íris fazia parte
da trilha sonora de Super Xuxa Contra o
Baixo Astral e foi cedida pela Dreamvision para integrar o repertório do Xou 3. A composição é basicamente de Anna Penido, diretora
do filme, mas Paulo Massadas recorda como o “nascimento” da faixa aconteceu:
Quando a Anna Penido foi apresentada à Xuxa
para fazer o filme, ela resolveu escrever várias poesias para nos apresentar afim
de inspirar uma música para a trilha. Ela escolheu uma e levamos conosco para
Los Angeles. Era final de 1987 e eu e o Sullivan estávamos gravando um disco
nosso por lá. Certa tarde, no quarto de hotel, estava uma chuva torrencial. Nós
sentamos em uma mesinha do quarto, ele com um violão fazendo a melodia, eu
adaptando um pouco a letra. Ali foi feito Arco-Íris. Nós respeitamos ao máximo
a letra proposta pela Anna, tentando modificar o mínimo possível para que a
obra original não fosse adulterada, fazendo apenas a adequação à métrica.
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"Todos somos um e juntos não existe mal nenhum" Ok, o verso é da música do outro filme, mas traduz bem o nascimento de Arco-Íris |
Clipes: Especial de Natal (1990), Xuxa no
Mundo da Imaginação (2003) e DVD XSPB 6 - Festa (2005)
Última faixa da dupla Sullivan e Massadas no disco, podemos dividir a letra em duas partes.
Na primeira, Apolo
é o cavalo mágico com o poder de levar Xuxa para um mundo utópico (tudo é leve, tudo é lindo / feito um sonho
de verdade). Já na segunda parte, Apolo é quem dá forças para Xuxa buscar de
verdade o que ainda é utopia. Algo como “se quer o melhor, faça você mesmo” (Quando monto em meu cavalo, me transformo
num segundo / tenho a força da criança pra tentar mudar o mundo”)
Na vida real, Apolo existiu e era mesmo o cavalo de
Xuxa. E o animal não inspirou só a música; ainda em 88, Apolo virou personagem das histórias em quadrinhos da loira. No
gibi, ele também voava e levava Xuxa para outros lugares fora da Terra.
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Xuxa e o cavalo Apolo: vida real para a música e da música para o gibi |
Paulo Massadas: Nossa única preocupação, independente do
tema, era não abordar algo bobo na letra, apenas para fazer uma rima ou dar
ritmo. Queríamos fazer uma coisa que tivesse impacto, que seduzisse o público e
trouxesse sonhos e fantasias para quem ouvisse. O Apolo foi a bola da vez. O Sullivan
certo dia chegou pra mim e disse: “a Xuxa tem um cavalo de estimação que ela
gosta muito, se chama Apolo. Vamos fazer uma música sobre ele?” Ele foi nosso
gancho, o ícone para passar essa mensagem, o verdadeiro herói que a levava para
esse mundo de fantasia, ao mesmo tempo que passava uma mensagem para o público.
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13. Viver
(Neuma Morais / Neon Morais)
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13. Viver
(Neuma Morais / Neon Morais)
Podemos considerar Viver como a primeira música totalmente voltada para a importância da natureza gravada por Xuxa. A Rainha sempre defendeu essa ideia, mas cantá-la ainda não tinha acontecido. A partir de Viver, o tema se tornou obrigatório – e esperado – nos discos de Xuxa.
Quem inaugurou esse estilo foram Neon e Neuma
Morais, pai e filha que compuseram a canção. Ela nos contou o quanto Viver é marcante em sua carreira de
compositora e dá detalhes do nascimento da canção:
Eu já tinha algumas composições gravadas por
artistas como Tim Maia, Chrysthian & Ralf, Maria Creuza, mas ainda buscava
algo que me firmasse, um grande sucesso... Conversando com o produtor musical
José Roberto “China”, ele me falou da seleção de repertório para o novo disco
da Xuxa. Nem imaginei tal coisa, pois era o disco mais esperado do ano, acabei
recusando, mas ele insistiu e voltei atrás.
Procurei saber que tipo de música queriam e me disseram que já tinha
muita música infantil, precisavam de algo mais sério, abordando a natureza, o
índio...
Tentamos (eu e meu pai) fazer algo pro
índio, não saiu. Partimos pra natureza e parece que foi obra divina: em cinco
minutos a música estava pronta. Gravei a demo e entreguei, no mesmo dia já
mandaram fazer o arranjo.
Não tive contato com Xuxa na gravação, mas
soube pelo José Roberto que ela ficou um tanto insegura com as nuances e
variações melódicas até que colocou a voz definitiva e ficou feliz com o
resultado.
Saber que a música tinha entrado
definitivamente para o repertório foi uma surpresa imensa, felicidade e
realização ao mesmo tempo, uma sensação indescritível!
A música ganhou versões em espanhol e inglês
feitas pela Graciela Carballo, mas só a primeira saiu no disco espanhol de
1992.
Foi a única música do álbum a ganhar clipe ainda em
1988, exibido no Xou da Xuxa de Dia das
Crianças, em 10/10/1988. Nota: Quando dizemos clipe, estamos considerando toda a
estrutura que envolve uma filmagem desse tipo: criação de roteiro, cenário,
figurinos específicos.
Foi a última
música do Xou da Xuxa 3 a ganhar uma
versão em espanhol. Enquanto as outras (Ilariê,
Dança da Xuxa, Brincar de Índio e Arco-Íris) ganharam suas versões em 1989,
Vivir
só foi lançada em 1992 no álbum Xuxa 3
(BMG Ariola).
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O clipe de Viver foi gravado no sítio que Xuxa comprou em 1988, em Coroa Grande/RJ |
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Numa bola de cristal...
Lançamento e Divulgação
Com a crise do mercado fonográfico, a Som Livre precisaria de uma bola de
cristal para acertar o momento de lançar o disco, mas ela tinha uma estratégia
muito bem pensada para garantir que Xuxa não sofresse esse impacto. De show a anúncios
impressos, tudo contribuiu para os bons
resultados logo de cara.
O Xou da Xuxa 3 chegou às lojas de todo
Brasil no dia 11 de julho de 1988, mas quem morava no Rio teve a
oportunidade de participar de uma festa bem especial onde o disco foi
apresentado: o I Festival da Criança. Imaginem um Rock in Rio só para os baixinhos,
foi bem assim. O Festival durou 5 dias, de 06 a 10 de julho de 1988, no Riocentro da Barra da Tijuca.
Xuxa foi convidada para abrir o evento,
que tinha outros queridos das crianças na programação (Trapalhões, Juba &
Lula, Trem da Alegria, Atchim & Espirro, Abelhudos).
Acho hiper legal que uma coisa tão grandiosa
esteja sendo feita para a criança. Espero que dê certo e que festivais assim
sejam realizados sempre e pelo Brasil inteiro.
(Jornal O GLOBO, 09/06/1988)
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O disco Xou da Xuxa 3 foi lançado no show que aconteceu no Riocentro |
Nem precisamos dizer que o show foi um sucesso e que Xuxa se tornou a principal atração, não só da noite, mas de todo o festival. O Xou 3 não poderia ter uma oportunidade melhor de divulgação e a loira não escondeu sua ansiedade:
Olha, eu sou suspeita para falar, mas esse
disco está incrível! Uma maravilha!
(Jornal O Globo – 09/06/1988)
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Outros artistas também participaram do Festival, mas não teve jeito: todas as atenções estavam voltadas para a Rainha dos Baixinhos |
Claro que a divulgação não se resumiu ao show e a Som Livre não deu prazo para que as 800 mil cópias iniciais do disco tivessem tempo de descansar nas prateleiras das lojas. Tudo começou cedo, na TV, com o Xou da Xuxa do dia 11/07 voltado para o álbum.
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No programa de lançamento, Xuxa cantou "Brincar de Índio" e "Bombom" na íntegra |
No mesmo dia pequenos comerciais começaram a ser veiculados 4x ao dia anunciando o lançamento.
Ainda estavam agendadas participações da loira no Fantástico e no Globo de Ouro, além de anúncios impressos veiculados nos jornais do grupo Globo.
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Além dos comerciais de TV, show e programa de lançamento, havia também o anúncio impresso veiculado no início de julho |
Formatos
O álbum saiu em LP e K7, inicialmente.
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Xou 3 em LP e K7: um milhão de cópias vendidas ANTECIPADAMENTE |
A maior novidade era o pôster de Xuxa que vinha no verso do encarte das letras. Obviamente um mimo exclusivo da versão em LP.
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Pela primeira vez um LP de Xuxa vinha com um pôster da loira para os baixinhos |
O correto seria falarmos agora das vendagens, pois elas foram as responsáveis pela decisão da Som Livre apostar em Xuxa como uma das pioneiras no lançamento em CD, mas vamos deixar os números para depois e já falar dessa “novidade”.
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A versão em CD só chegou ao mercado em dezembro de 1988. Foi o primeiro álbum infantil lançado no formato no Brasil e o 20º título da Som Livre |
Xou da Xuxa 3
foi o primeiro disco da Rainha a ser
lançado em CD e também o primeiro disco infantil do Brasil no formato. Isso
aconteceu somente no final de 1988. O
“novo” formato trazia como atrativo o som mais limpo e a possibilidade de ouvir um pouquinho mais do que não coube no
LP, caso de Viver, Coração Criança e Beijinhos Estalados, que têm alguns segundos “roubados” no vinil.
Pode parecer besteira, mas ter um título de sua
discografia lançado assim naquela época não era para qualquer um, o CD ainda era visto como um artigo de luxo
e Xuxa, que muitos nem consideravam cantora, passou a frente de muita gente
cultuada pela crítica. Rainha até nisso...
Passada a novidade do CD, o disco ainda ganhou mais
5 reedições no formato ao longo dos anos, se tornando o disco de Xuxa mais
relançado até hoje.
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Nota: A reedição de 1992 apresenta dois layouts diferentes (azul ou preto), assim como a de 1997 (totalmente preto ou totalmente prata) |
Xou 3 em Israel
Em 1991, Ilariê
começou a fazer sucesso em Israel. A
versão em português mesmo! Algo até hoje inexplicável, pois Xuxa não teve
programa lá e sua carreira internacional estava apenas no começo. O fato é que
aconteceu e um vinil single foi lançado por lá só com a faixa. Se quiser saber
mais sobre ele, clique no link: Ilariê - Single Promocional de Israel
A música caiu no gosto dos israelitas e no ano
seguinte todo o álbum foi lançado em CD
pela gravadora Hed Arzi em associação com a Yair Dori Communications, Xou
da Xuxa 3 acabou se tornando o único disco de Xuxa lançado no Oriente Médio.
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Ilariê foi lançada em Israel num vinil single promocional de 12" no ano de 1991 |
Vendagens
O Xou 3 já nasceu com o sobrenome de “campeão”. Falamos da tiragem inicial de
1 milhão de cópias, algo muito expressivo, mas não inédito no caso de Xuxa,
afinal com o Xegundo Xou também foi
assim. A questão era: vai vender tanto
quanto? A resposta veio rápido: não,
vai vender mais.
O preço de lançamento do LP era Cz$1.550,00 (equivalente a quase R$70,00 hoje). Isso era considerado caro para a época. Na realidade, comprar LPs era algo caro.
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O disco de vinil tinha status de artigo dado em natais e aniversários ou, no nosso caso, de Dia da Criança. Nota: a imagem acima era exibida no início de alguns blocos do Xou da Xuxa |
O que ninguém esperava era a
aceitação de Ilariê numa escala ainda
não vista na carreira de Xuxa. Sim, a canção estourou nas rádios. A Rainha fez várias participações no Globo de Ouro, programa destinado ao
público jovem/adulto e ocupou merecidamente o posto de nº1 da semana.
Claro que isso refletiria nas
vendas e a loira agora figurava em duas listas: Músicas Mais tocadas e
Discos Mais Vendidos. Na realidade, TRÊS listas, pois ainda existia a de
Filmes Mais Vistos, mas essa história já contamos aqui
O disco entrou direto no #1 da
lista dos mais vendidos, na semana de seu lançamento. Com dois meses bateu os 2
milhões de cópias e no Dia das Crianças estava a 50 mil cópias de cumprir a
meta da gravadora. Em dezembro, já caminhando para os 3 milhões, o disco completou DEZENOVE SEMANAS CONSECUTIVAS na
lista dos Dez Discos Mais Vendidos do país. Recorde na carreira de Xuxa.
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Anúncio publicado no Jornal O Globo em 10/10/1988 |
Curiosidade: Todo mundo sabe que as gravadoras homenageiam seus
artistas com discos de ouro, platina, diamante e também já deduziram que o Xou 3 ganhou todos esses... O que muita
gente não sabe é que uma loja deu um
disco de ouro à Xuxa. Quantos artistas já tiveram isso? A Casa Sendas fez questão de homenagear a
loira pelas 500 mil cópias vendidas só
na sua rede de lojas. Ela vendeu numa rede de lojas, o que muito artista
não vendeu no Brasil inteiro.
Ver o sol de ouro...
Todo mundo já ouviu falar que
Xuxa está no Livro dos Recordes e o responsável por tal façanha é o Xou da Xuxa
3, mas todo mundo sabe exatamente como isso aconteceu? Afinal de quando é esse
recorde? Ele aconteceu no ano do lançamento?
Para essas respostas é preciso
entender um pouco do Guinness Book®. A publicação existe desde 1955, mas só em
1993 ganhou uma versão brasileira. A responsável foi a Editora Três que comprou
os direitos de editar o livro no nosso idioma pela primeira vez. Cada vez que o
livro é publicado num país é comum que recordes “locais” sejam acrescidos aos
já famosos e assim aconteceu por aqui. Mas calma, ainda não “tá na hora” da
Xuxa...
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Coincidência ou não, no ano que Xuxa apareceu pela primeira vez no Guinness, havia um "X" na lombada |
A edição de 1993 não faz menção
ao Xou 3 porque os últimos dados oficiais (Som Livre/Nopem) das vendas são de
julho daquele ano e o livro já estava “fechado”, não havia como incluir mais.
Só em 1994, Xuxa veio efetivamente aparecer no Livro dos Recordes. Está lá: Xou
da Xuxa 3 é o produto fonográfico mais vendido do país com 3.152.310 cópias.
Essa informação foi replicada em algumas edições posteriores. Por que não em todas? Porque há o costume de não se repetirem todos os recordes para não gerar o desinteresse do público. Se você comprar o Guinness Book Brasil 2018 não vai achar o Xou 3 lá, por dois motivos: a linha editorial da publicação mudou totalmente e porque em 1998, o Pe. Marcelo Rossi lançou o disco “Músicas Para Louvar o Senhor” (Sony Music) que atingiu a marca de 3.228.468 cópias, ultrapassando o Xou 3.
Essa informação foi replicada em algumas edições posteriores. Por que não em todas? Porque há o costume de não se repetirem todos os recordes para não gerar o desinteresse do público. Se você comprar o Guinness Book Brasil 2018 não vai achar o Xou 3 lá, por dois motivos: a linha editorial da publicação mudou totalmente e porque em 1998, o Pe. Marcelo Rossi lançou o disco “Músicas Para Louvar o Senhor” (Sony Music) que atingiu a marca de 3.228.468 cópias, ultrapassando o Xou 3.
Com isso, o disco passou de
“produto fonográfico” para “álbum infantil” mais vendido do Brasil (há quem
diga do mundo).
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Algumas edições pós-1994 replicaram a informação sobre o "Xou 3", como a de 1995 |
Ousamos afirmr que o Xou 3
continua sendo o dono do posto de mais vendido, pois, como dissemos, seus números
remontam a 1993 e depois disso o álbum teve mais 4 reedições em CD, além de uma
tiragem em fita K7 em 1996. Onde estão esses dados?
Por mais que o disco do Pe. Marcelo também tenha recebido alguma reedição (hoje já está fora de catálogo), o Xou 3 conta com um espaço de 5 anos em que reinou absoluto sem qualquer registro de dados sobre as vendagens. E há a questão de que a diferença entre os dois não chegava a 80 mil cópias. Concordam? Se não concordam, a Som Livre, pelo menos, parece compartilhar dessa ideia:
Curiosidade: No ano de 1994, Xuxa aparece ainda em dois outros recordes no Guinnes Book® Brasil: artista que mais vendeu discos no país e primeira brasileira a apresentar um programa nos EUA e a aparecer na lista dos artistas mais ricos do mundo (Forbes, 1991).
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O certificado que dá ao disco o posto de "produto fonográfico mais vendido do Brasil" |
Por mais que o disco do Pe. Marcelo também tenha recebido alguma reedição (hoje já está fora de catálogo), o Xou 3 conta com um espaço de 5 anos em que reinou absoluto sem qualquer registro de dados sobre as vendagens. E há a questão de que a diferença entre os dois não chegava a 80 mil cópias. Concordam? Se não concordam, a Som Livre, pelo menos, parece compartilhar dessa ideia:
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Muita gente não sabe, mas Xuxa também figura no Guinness Book® como maior vendedora de discos no geral |
📷 Ensaios
A capa do Xou 3 inaugurou um
estilo que durou até o último disco antes da era XSPB: close no rosto de Xuxa. Havia poucas fotos divulgadas ao longo destes 30 anos, mas depois que as redes sociais de Xuxa passaram a publicar o já famoso #tbt da Xuxa, pudemos conferir um pouco mais desse ensaio icônico.
Os elementos mais infantis continuavam restritos a contracapa, como nos anteriores. Entretanto, não eram fotos aleatórias, dessa vez um ensaio foi feito para isso. Este mesmo ensaio ilustrou o postal e o adesivo comemorativo distribuído na gravação do programa dos 3 anos do Xou da Xuxa, que depois virou brinde da Revista da Xuxa n.8 (agosto/1989) e ainda era distribuído nas lojas Bicho Comeu. Além disso, quadros-poster eram vendidos no final dos anos 80 com mais fotos desse ensaio.
Todas as fotos são de André Wanderley. O fotógrafo já conhecia Xuxa de longa data. Foi ele que fotografou Xuxa para vários editoriais da revista Desfile (Bloch Editores). Se considerarmos a foto do pôster que veio no encarte, temos ainda um terceiro ensaio. O ensaio do pôster ilustrou matérias em revistas (People Magazine, Amiga) e era dele a foto oficial da Turnê Xou da Xuxa 3.
Os elementos mais infantis continuavam restritos a contracapa, como nos anteriores. Entretanto, não eram fotos aleatórias, dessa vez um ensaio foi feito para isso. Este mesmo ensaio ilustrou o postal e o adesivo comemorativo distribuído na gravação do programa dos 3 anos do Xou da Xuxa, que depois virou brinde da Revista da Xuxa n.8 (agosto/1989) e ainda era distribuído nas lojas Bicho Comeu. Além disso, quadros-poster eram vendidos no final dos anos 80 com mais fotos desse ensaio.
Todas as fotos são de André Wanderley. O fotógrafo já conhecia Xuxa de longa data. Foi ele que fotografou Xuxa para vários editoriais da revista Desfile (Bloch Editores). Se considerarmos a foto do pôster que veio no encarte, temos ainda um terceiro ensaio. O ensaio do pôster ilustrou matérias em revistas (People Magazine, Amiga) e era dele a foto oficial da Turnê Xou da Xuxa 3.
🗺️Turnê
Já que começamos falando do
ingresso, vamos ao que interessa: claro que o disco teve sua própria turnê. Os
primeiros shows só aconteceram em agosto de 1988, pois Xuxa estava nos EUA no
mês de julho, cumprindo seus compromissos como cicerone especialíssima de
excursões na Disney.
A turnê estreou em 13 de agosto e se estendeu até 27 de novembro de 1988. A novidade era que a empresa responsável passou a ser a Sunshine Eventos, que investiu cerca de US$200 mil só em divulgação.
O valor valia a pena, pois o faturamento com os shows de Xuxa garantiriam um retorno de US$2 milhões (Folha de São Paulo, 05/08/1988). O principal show aconteceu no dia 10 de outubro, quando foi comemorado o Dia das Crianças.
A turnê estreou em 13 de agosto e se estendeu até 27 de novembro de 1988. A novidade era que a empresa responsável passou a ser a Sunshine Eventos, que investiu cerca de US$200 mil só em divulgação.
O valor valia a pena, pois o faturamento com os shows de Xuxa garantiriam um retorno de US$2 milhões (Folha de São Paulo, 05/08/1988). O principal show aconteceu no dia 10 de outubro, quando foi comemorado o Dia das Crianças.
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Não havia um único tipo de figurino, Xuxa alternava entre modelos e cores |
‼️Curiosidades
Coisas que o coração hoje quer relembrar...
Os versos de Coração Criança que
ilustram os subtítulos deste post parecem ter sido feitos para comemorar esses
30 anos do disco. Certamente quando ouvimos a canção lá pelos nossos 7, 8 ou 9
anos de idade, nós não nos demos conta do quanto aquela era uma música para
nosso futuro. Uma música para agora! Fica aqui nossa sugestão: ouça-a e veja se não é verdade...
Paulo Massadas, você nos disse que colaborar com os detalhes e histórias era o "mínimo" que podia fazer, já que “entrou” nas nossas vidas quando ainda éramos crianças, saiba que o mínimo foi o máximo e nosso respeito e gratidão são verdadeiros. Muito obrigado!
Obrigado também aos compositores Alexandre Agra, César Costa Filho, Cid Guerreiro, Ronaldo Monteiro de Souza e Neuma Morais e ao diretor artístico Max Pierre pela disponibilidade e gentileza de nos contarem detalhes de suas obras e trabalho.
O Xou da Xuxa 3 é um marco da
nossa infância, parte das nossas lembranças. A gente cresce, muda, e o que
antes era “sente, sonha, voa, ama” acaba virando “fala, pensa, corre, gosta”.
Obrigado, Xuxa, por manter vivo
nosso “coração criança”. Temos a convicção que uma coisa não mudou até hoje em
relação a você: a gente não gosta, ama!
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