Em novembro desse ano, a caixinha da nostalgia de muito fã da
Xuxa – e também dos entusiastas dos anos 80 – foi sacudida com a notícia de que
dois dos maiores representantes do cinema infantil da época voltariam a ser
comercializados em DVD: Super Xuxa Contra o Baixo Astral
(1988) e Lua de Cristal (1990). Isso foi o suficiente para que as expectativas fossem alçadas a um nível não
recomendado, mas perfeitamente compreensível.
Super Xuxa e Lua de Cristal foram lançados originalmente em VHS meses depois de seu lançamento nos cinemas. O mercado de home-video ainda engatinhava e quem quisesse ver e rever os filmes da loira tinha que recorrer às locadoras de vídeo. No início dos anos 2000, o formato VHS começou a perder força com a chegada do DVD. A Som Livre saiu na frente e lançou os dois filmes no “novo” formato.
![]() |
DVDs de "Super Xuxa Contra o Baixo Astral" e "Lua de Cristal": de volta às lojas |
Super Xuxa e Lua de Cristal foram lançados originalmente em VHS meses depois de seu lançamento nos cinemas. O mercado de home-video ainda engatinhava e quem quisesse ver e rever os filmes da loira tinha que recorrer às locadoras de vídeo. No início dos anos 2000, o formato VHS começou a perder força com a chegada do DVD. A Som Livre saiu na frente e lançou os dois filmes no “novo” formato.
SOM LIVRE
O primeiro título de Xuxa no formato DVD foi o volume 1 da série XSPB,
que saiu em julho/2001 – quase um ano depois do lançamento da versão VHS + CD. Super
Xuxa e Lua vieram depois.
Apesar de as embalagens apresentarem o ano de produção como 2001, os DVDs só
chegaram efetivamente ao mercado em 2002.
O diferencial dos DVDs, claro, era a promessa da imagem limpa e digital, mas havia mais: os “Extras”. Os dois filmes trouxeram o recurso DVD-okê (onde as principais músicas apareciam na versão karaokê), filmografia da Xuxa (incompleta) e uma espécie de making of, que se resumiu a depoimentos da loira e dos envolvidos na produção.
![]() |
Filmografia, Making-Of e DVD-okê: "Extras" exclusivos da Som Livre |
Infelizmente tais lançamentos nunca tiveram novas tiragens produzidas, o que os transformou em itens raros e muito desejados, principalmente depois que o hábito de se comprar DVDs passou a integrar o dia a dia do consumidor.
BRETZ FILMES
O anúncio do relançamento aconteceu na metade de novembro. Lojas virtuais
anunciavam o lançamento de um box contendo os dois filmes para o dia 30/11. Passada a euforia do anúncio, os
fãs notaram que a Som Livre estava fora disso e quem era responsável era a Distribuidora Bretz Filmes.
A Bretz era um nome totalmente novo no universo de lançamentos da Xuxa, mas não no mercado de distribuição de filmes, sobretudo os nacionais. A empresa existe desde 1990 sob o comando de Luiz Ernesto Bretz e é graças a ela que muitas produções - inéditas em DVD - chegaram às mãos dos cinéfilos.
![]() |
A Veja São Paulo noticiou o relançamento dos filmes em 22/11/2017 |
A Bretz era um nome totalmente novo no universo de lançamentos da Xuxa, mas não no mercado de distribuição de filmes, sobretudo os nacionais. A empresa existe desde 1990 sob o comando de Luiz Ernesto Bretz e é graças a ela que muitas produções - inéditas em DVD - chegaram às mãos dos cinéfilos.
Os Extras obviamente não entraram
no relançamento pois foram feitos pela Som Livre, mas que fique claro: a Bretz nunca escondeu que os discos
trariam o filme e nada mais.
O BOX SUPER XUXA + LUA DE CRISTAL
Para os lançamentos de Xuxa, a
Bretz utilizou o mesmo estilo de alguns lançamentos prévios de seu catálogo: um box contendo os dois filmes. Na
realidade é uma luva de papelão que acondiciona dois estojos tradicionais de
DVD (um para cada filme), os populares Amaray®.
Aos mais atentos e exigentes já causa estranheza Lua de Cristal vir antes de Super Xuxa, pois o mínimo que se espera é uma ordem cronológica, mas isso parece ser justificado por um erro...
Aos mais atentos e exigentes já causa estranheza Lua de Cristal vir antes de Super Xuxa, pois o mínimo que se espera é uma ordem cronológica, mas isso parece ser justificado por um erro...
Ah, antes de falar disso, vale a pena conferir outros boxes lançados pela Bretz: o de Graciliano Ramos e o
de Tom Jobim. Ambos trazem as obras em ordem cronológica de lançamento na
imagem do box. Ou seja, não seria nada demais fazer o mesmo com Xuxa.
![]() |
Os boxes de Tom Jobim e Graciliano Ramos respeitam a ordem cronológica das obras, por que com o da Xuxa foi diferente? Porque aparentemente eles escorregaram no próprio erro... |
Chegamos ao primeiro deslize desse box. Basta olhar a
contracapa e ver o ano que atribuíram a Super Xuxa: 1998! Como assim? Inaceitável
um erro desses, porém ele justificaria o fato de Lua estar antes na arte do
box. E o erro é repetido na contracapa do filme individual. Errar a data de um
filme em um ou dois anos até passa, mas 10 anos?
Uma possível explicação para a Bretz colocar 1998 como ano de produção pode estar num erro cometido pelo Jornal O Globo, no passado. Em 1998, a publicação lançou a campanha "O Globo no Cinema": a cada domingo uma VHS era vendida por R$3,90 junto com o jornal. Super Xuxa fez parte dessa coleção e na contracapa colocaram 1998 como ano de produção do filme. Uma confusão! De qualquer forma, um erro não justifica o outro.
É bom ressaltar que as artes das capas e contracapas dos filmes são fiéis às lançadas pela Som Livre. Não sabemos se isso é alguma norma contratual ou simplesmente quiseram deixar assim. O que não dá pra entender é por que piorar algo que já estava feito (de forma correta).
![]() |
Errar o ano de produção em dez anos? Quem fez a revisão disso? O Titica? Parece que sim... |
Uma possível explicação para a Bretz colocar 1998 como ano de produção pode estar num erro cometido pelo Jornal O Globo, no passado. Em 1998, a publicação lançou a campanha "O Globo no Cinema": a cada domingo uma VHS era vendida por R$3,90 junto com o jornal. Super Xuxa fez parte dessa coleção e na contracapa colocaram 1998 como ano de produção do filme. Uma confusão! De qualquer forma, um erro não justifica o outro.
![]() |
O jornal o Globo também mereceu o "Selo Titica de Aprovação". Confundiram o ano em que a publicação lançou o VHS promocional com o ano de produção do filme... |
É bom ressaltar que as artes das capas e contracapas dos filmes são fiéis às lançadas pela Som Livre. Não sabemos se isso é alguma norma contratual ou simplesmente quiseram deixar assim. O que não dá pra entender é por que piorar algo que já estava feito (de forma correta).
![]() |
2001 x 2017: poucas mudanças, mas infelizmente não foram para melhor |
Em Super Xuxa o texto da sinopse vem totalmente desalinhado, com erros de pontuação e digitação. A primeira tiragem do box chegou ao cúmulo de deixar passar o nome Baixo Astral grafado sem a letra “o”. O curioso é que se preocuparam em adequar a ortografia ao novo acordo da língua portuguesa, eliminando o trema, mas junto eliminaram os pontos de interrogação deixando a última frase sem sentido.
![]() |
Quem comprou a primeira tiragem percebeu o "Baix Astral" |
Já na segunda tiragem do box, o Baixo Astral ganhou seu “o” de volta,
mas ainda de forma insatisfatória. É nítido que a empresa não tinha o arquivo da
arte disponível e improvisou como pode a inclusão da letra “o”. Talvez até a 5ª
tiragem esteja tudo certinho...
Para Lua de Cristal, a falta de revisão continuou, mas aqui o problema foi com as atrizes. Julia Lemmertz perdeu um M e Duda Little perdeu o L. No caso da primeira, o máximo que pode atrapalhar é na numerologia da moça, já a segunda mudou até de nome.
O curioso é que na contracapa do box está tudo correto, só no DVD individual aconteceu isso.
Para Lua de Cristal, a falta de revisão continuou, mas aqui o problema foi com as atrizes. Julia Lemmertz perdeu um M e Duda Little perdeu o L. No caso da primeira, o máximo que pode atrapalhar é na numerologia da moça, já a segunda mudou até de nome.
O curioso é que na contracapa do box está tudo correto, só no DVD individual aconteceu isso.
Aproveitando esse gancho da
sinopse... Quantos relançamentos mais
teremos que esperar para que corrijam o nome da personagem de Julia? Desde
a VHS, a moça ganhou o nome de Cidinha. Não é possível que ninguém nunca pensou
em corrigir isso! Lidinha, gente, L-I-D-I-N-H-A!
Pelo menos a Bretz suprimiu a parte da sinopse em que fala que o Bob era um cantor famoso. Ponto para vocês, Bretz!
![]() |
Pela confusão que arrumaram na digitação dessa sinopse, parece que o próprio Bob cuidou disso... |
Pelo menos a Bretz suprimiu a parte da sinopse em que fala que o Bob era um cantor famoso. Ponto para vocês, Bretz!
![]() |
Antes tarde do que nunca! Depois de 25 anos, finalmente sumiram com a parte de que o Bob era um cantor famoso! |
Vamos falar de outro acerto: as
mídias. Sem dúvida a arte dos rótulos ficou bem melhor com a Bretz, deu vida ao
produto.
![]() |
As mídias coloridas da Bretz ficaram bem mais bonitas, afinal "toda cor tem em si uma luz, uma certa magia..." |
Já sobre as fotos das capas, a gente ainda está tentando entender por que a
Xuxa parece ter saído de um pote de pó de arroz (Lua) direto para uma cuia de
urucum (Super Xuxa).
A IMAGEM
![]() |
Ok, mas não precisam levar o papo de "dar mais cor" tão a sério... Pelo menos agora já sabemos como seria a foto de divulgação se houvesse algum pote de urucum licenciado entre os produtos do filme... |
Os DVDs da Som Livre eram mídias dual
layer (8.5 GB), o que lhes permitia uma transferência de imagem com
menor compactação. Além de ter espaço para os extras e o áudio 5.1 (que não é
um 5.1 verdadeiro, mas tudo bem).
A mídia do relançamento é single
layer (4.7 GB), o que já resulta numa qualidade inferior, pois o que
antes estava alocado em pouco mais de 5GB (já descontando o espaço destinado
aos extras da Som Livre) agora aparece distribuído em cerca de 3GB (Lua de Cristal) e 4GB (Super Xuxa).
Levando em consideração que o arquivo do menu ocupa quase 200 MB, já se deduz que a imagem de Lua de Cristal em vários momentos vai apresentar pixelização (aqueles quadradinhos que aparecem em cenas com muitos detalhes ou com muito movimento). Um dos momentos em que isso fica mais gritante é no fim do filme durante a apresentação de Maria da Graça. Já Super Xuxa não sofreu perda considerável.
![]() |
Bretz: mídias de menor capacidade resultando em maior compactação |
Levando em consideração que o arquivo do menu ocupa quase 200 MB, já se deduz que a imagem de Lua de Cristal em vários momentos vai apresentar pixelização (aqueles quadradinhos que aparecem em cenas com muitos detalhes ou com muito movimento). Um dos momentos em que isso fica mais gritante é no fim do filme durante a apresentação de Maria da Graça. Já Super Xuxa não sofreu perda considerável.
![]() |
Reparem no fundo azul, pixelização evidente Infelizmente... |
Podemos chamar isso de desleixo?
Não! Desleixo são os erros das contracapas. Isso podemos chamar de limitações.
Não sabemos qual o orçamento que a empresa tinha para investir na produção, se
cabia a compra de mídias dual layer,
por exemplo.
Os menus da Bretz são bonitos e cumprem bem a função de ser
apresentação ou direcionar para os capítulos. Não precisa mais que isso mesmo.
VALE A PENA OU NÃO?
Essa questão é tão delicada
quanto mexer com as referências da infância de alguém. Cada um sabe o que lhe satisfaz, mas uma coisa é certa: o
relançamento da Bretz deixou a desejar em muitos aspectos técnicos, de
qualidade mesmo. Mas esses filmes têm um fator
que permite que lhes seja dado um olhar que vai além da exigência da imagem
impecável: a memória afetiva.
Super Xuxa e Lua de Cristal
representam mais que filmes da Xuxa,
para muitos representam a primeira vez que entraram num cinema, para outros a
lembrança das férias escolares e sua exibição na Sessão da Tarde ou
simplesmente a memória de assistir junto de alguém que hoje já não está por
perto. Complexo, não?
![]() |
Se você tem as edições da Som Livre, guarde-as. Por enquanto são as melhores, o relançamento não lhe fará falta. Quem ainda não tem nenhuma, compre as da Bretz sem medo, pois é a chance de ter algo que lhe traz boas recordações por um preço justo (cerca de R$50,00 o box).