Alô,
galera! Nós vamos curtir agora a maior festa do ano!
É a festa do estica e puxa do “Xegundo Xou da Xuxa”!
E não
é que é a festa da Xuxa? É da Xuuuuu...
Fala a verdade, você leu esses versos imaginando a voz do Moderninho, não foi? Provavelmente seria assim
que o boneco de espuma da turma da Xuxa anunciaria a festa dos 30 anos do álbum “Xegundo Xou da Xuxa”,
lançado pela Som Livre em 23 de junho de 1987.
O Xegundo Xou da Xuxa veio
para lapidar todo o processo iniciado no
volume 1. A fórmula era a mesma, mas agora tudo fazia mais sentido, tinha
mais identidade. A ideia de se montar um disco que alimentasse toda a estrutura
do programa da TV estava concretizada e bem executada. Tinha a música para
dançar, para comer, para o desenho, para a atração... tudo para que o baixinho se sentisse dentro do programa e junto com
a turma da Xuxa.
Aliás, esse é o disco mais “turma da Xuxa” de toda a série Xou da Xuxa. Se no primeiro, ninguém
sabia quem eram o Betão, a Juliana, o Zé ou a Lola; agora todo mundo sabia
exatamente quem eram Praga, Dengue, Moderninho e as Paquitas... E o Xuxo! Sim,
ele estava de volta, mas sem choro ou despedida. Só alegria! O cachorro que não
brigava com gatinhos, mas perseguia sapos, agora até participava de uma banda,
a banda da Xuxa.
Na contracapa todos os personagens da turma tiveram destaque
Banda da Xuxa, Festa da Xuxa, Receita da Xuxa! Opa, receita, não!
ReXeita. A língua do X também
encontrou seu lugar, mas se resumiu ao nome do disco e ao título da canção.
Então vamos usá-la mais um pouco e entender porquê o Xegundo Xou foi mais um xuxexo da Xuxa!
Um é pouco, dois é... melhor ainda
Os excelentes resultados obtidos com as vendas do primeiro disco “Xou da Xuxa”, levaram a gravadora a
esperar menos de 1 ano para colocar
nas lojas o volume 2 da fórmula. O sucesso de Xuxa crescia em projeção
astronômica e a Som Livre tinha que acompanhar.
Colocar o segundo disco nas lojas ainda nos rastro das excelentes vendas do primeiro foi a estratégia da gravadora Som Livre
A produção do disco, inicialmente, ficou a cargo de Guto Graça Mello – produtor também do
disco 1. Guto contou no programa “Os Anos
80 Estão de Volta”, exibido em janeiro deste ano no Canal Viva, que, após o
sucesso de vendas do primeiro disco, não
havia compositor que não quisesse enviar sua música na esperança que a
faixa se tornasse uma das integrantes do “segundo” disco da Xuxa; afinal isso
significaria um adiantamento de Cz$800 mil (*) em direitos autorais (informações do Jornal do Brasil em
26/06/1987).
(*) Equivalente a pouco
mais de R$200 mil hoje
A loira contou ao jornal O Globo que agora não podia se dar ao luxo de
fazer um disco “para ver no que daria”, o peso era muito maior:
“ A exigência agora é muita, mas vai ser
bom, farei igual ou melhor que o primeiro. Mas não estou preocupada com o
resultado das vendas, não sou uma cantora. Fico muito mais gratificada por ser
uma apresentadora que, nos shows em ginásios e estádios do Brasil, canta com 25
a 30 mil crianças em coro total. Elas decoram as letras para me mostrar. É um
carinho e é muito bom. Quem escolhe o repertório do disco é o Guto, eu dou
palpites na escolha de cinco ou seis faixas porque acredito no meu “taco” com
as crianças. ” (O Globo, 16/03/1987)
Guto Graça Mello começou a produção do "Xegundo" e acompanhou a avalanche de composições enviadas à estrela. Todos em busca do "toque de Midas" de Xuxa!
E realmente
a exigência era maior, coroada Rainha do mercado fonográfico, Xuxa ouviu de seu
“chefe” João Araújo, então presidente da Som Livre:
“ A Xuxa já é rainha do mercado fonográfico brasileiro
e latino-americano. A nossa expectativa é de que ela bata seu próprio recorde,
que é de 2 milhões e 600 mil cópias, o que Roberto Carlos jamais conseguiu.
Xuxa é um fenômeno, sem dúvida. “
(O Globo, 18/06/1987)
A Som Livre investiu Cz$ 3 milhões e 500 mil – o equivalente a cerca
de 1,5 milhão de reais, hoje – na produção do álbum e não se arrependeu. O
disco saiu com um milhão de cópias
vendidas ANTECIPADAMENTE.
_ Tem o disco da Xuxa no catálogo, o senhor quer? Me vê uns dez pra eu vender na loja _ Mas é o novo e só sai mês que vem, tá? Ahhh, nesse caso me arruma uns 25...
Um número de fazer brilhar os olhos da gravadora, mas também bastante
interessante para a Rainha, afinal a negociação lhe garantia uma porcentagem
maior sobre as vendas – maior que os 14% pagos a Roberto Carlos, Maria Bethânia
ou Rita Lee na época, por exemplo. Para se ter uma ideia, se fossem vendidos 2
milhões de LPs, Xuxa faturaria 25 milhões de cruzados(*) (Informações das revistas Afinal de
14/07/1987 e Playboy de agosto 1987)(*) aproximadamente R$7,9 milhões hoje.
Escolhendo o repertório e gravando
Se a exigência era grande a oferta também era. Xuxa recebeu cerca de 900 músicas. Dessas, só 14 entraram
para o disco. Guto chegou a acompanhar a leva de canções, mas acabou deixando a
produção:
“ Apesar de todo o sucesso do primeiro
disco, durante a produção do segundo houve um desentendimento com a diretora da
época. Para não gerar conflitos, em respeito à Xuxa, achei por bem me afastar
do projeto, assim como da Som Livre.” (Guto Graça Mello, em bate-papo com o Xuper Blog, junho/2017)
A partir de então Michael Sullivan e Paulo Massadas assumiram a
produção. Os dois já tinham trabalhado com Xuxa nas gravações do disco Clube da Criança (RCA, 1984).
“ O disco é dirigido não só para os
baixinhos, mas também para os adolescentes. Tem músicas para crianças de um ano
e, também, para aquelas gatinhas que já estão se transformando em mulher. Eu
recebi 900 músicas e, no final, sobraram 14. Não deu pra diminuir mais o disco
porque eu gostava de tudo. Todas são o meu xodó.”
Com a saída de Guto, Sullivan e Massadas assumiram o posto de produtores do álbum
E Xuxa achou um jeitinho todo especial de testar suas canções: depois
de escolhida, a música tinha sua base
instrumental tocada nos intervalos do programa, para que a loura pudesse
observar a reação dos baixinhos. Se a garotada ficasse indiferente, a música
era reprovada. (Jornal do Brasil
– 26/06/1987)
Depois, a loira punha voz dando início ao processo de gravação. Quando
a jornalista Gisele Porto questionou se a loira havia se preparado para a
gravação do segundo disco, Xuxa foi honesta e revelou detalhes curiosos desse
processo:
“ Eu não tinha tempo pra isso (se
preparar melhor para gravar). Esse segundo
disco nós gravamos em 20 dias, depois que o Sullivan e o Massadas substituíram
o Guto na produção. Eu adotei alguns truques que o Massadas me ensinou, como
beber água antes de gravar. Daí passei a beber dez copos d’água antes de cada
música, fazer gargarejo. Acho que era psicológico, mas eu precisava. (...) Fui
ver o espetáculo da Marília Pêra e perguntei o que ela fazia para cantar tão
bem, além de estudar canto. Ela me disse para fazer mais caretas, soprando o ar
que dava certo, e, agora, eu gravo fazendo isso. “
A dupla de produtores ganhou desenho feito por Xuxa no encarte do disco
As Músicas
O Xegundo Xou da Xuxa,
embora repita a fórmula do disco anterior, não repete nenhum dos compositores
do primeiro disco, a exceção de Reinaldo Waisman e seu parceiro Robson
Stipancovich, mas Reinaldo já era “turma da Xuxa” – ele é o “pai” do Moderninho
e de todos os desenhos que ilustravam os cenários.
Os arranjos foram feitos pelo
grupo Roupa Nova e pela primeira vez temos as Paquitas como parte do coro das músicas.
A primeira vez a gente nunca esquece: as Paquitas começam a fazer coro nas músicas a partir do Xegundo
Os produtores Michael
Sullivan e Paulo Massadas também aparecem como compositores de três faixas das
14 lançadas.
A partir deste disco, as
músicas de Xuxa começaram a ter coreografias, elaboradas por Oswald Berry.
1.Festa do Estica e Puxa (Bell Marques e Wadinho
Marques)
♫♫♫ O He-man dança um rock gravado por Tom Jobim ♫♫♫
Os irmãos do grupo baiano “Chiclete com
Banana” já chegam fazendo jus ao nome de sua banda e entregam para Xuxa uma de
suas músicas mais “chiclete”. “Festa do
Estica e Puxa” foi o carro-chefe do disco e a primeira música de ritmo
baiano da loira.
“ Tem uma (música)...
A Festa do Estica e Puxa, que gravei pensando mais no Nordeste, parece que já
estou vendo o pessoal pulando aquilo no carnaval baiano”(Estado de São Paulo, 21/06/1987)
Os irmãos chiclete fizeram um hit chiclete para Xuxa
A ideia dos “irmãos-chiclete” foi juntar
todas as referências possíveis ao universo do Xou – de personagens a elementos
do cenário, passando pelos desenhos – numa grande festa, a festa da Xuxa. Nessa
brincadeira temos a primeira menção a dois importantes personagens da turma:
Dengue e Praga. A subversão dá o tom
à letra: She-ra namorando Esqueleto, He-Man dançando rock de Jobim, pinguim na
sauna, escoteiro dando uma de general...
Vale
lembrar:
** Uma versão em espanhol chegou a ser gravada e tocava como música de
fundo no Xuxa Park da Espanha, em 1992. A faixa nunca foi lançada. Nesse vídeo, no início, podemos ouvir a versão instrumental com o coro em espanhol do refrão:
** A música aparece ainda nos
lançamentos: Karaokê da Xuxa (Globo
Discos, 1987 – em versão instrumental); Xuxa
10 anos (Som Livre, 1996); Xuxa Hits
– Vol.1 (Globo Disk, 1997); Xuxa
Pérolas (Som Livre, 2000) e Xuxa 20
anos (Som Livre, 2006).
** É única música do “Xegundo” que integra a set list do Xuchá. Depois de mais de 20 anos, Xuxa volta a
cantar a música, no show montado para aqueles que cresceram vendo e ouvindo
Xuxa na TV.
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2.Hey Mickey (Hey Mickey)
(Nicholas Barry Chin e Michael Donald
Chapman / Versão: Xuxa)
♫♫♫ Você me faz sonhar, quero com você ficar! Hey, Mickey ♫♫♫
Primeira versão de uma música internacional feita por Xuxa, Hey Mickey é o que podemos chamar de “versão da versão da versão”. Sim, foram necessárias três versões para se
chegar ao que conhecemos.
Em 1979, o grupo inglês Racey
fez uma música chamada Kitty, que foi
a inspiração para os compositores Mike Chapman e Nicky Chinn criarem o único
sucesso da carreira da cantora americana Toni
Basil. Versos foram modificados e o nome de Kitty substituído pelo de
Mickey, que era um cara qualquer, nada
relacionado ao personagem de Walt Disney. Nascia “Mickey”
(assim, sem o “hey”). A música estourou entre 1981 e 1982. Em 1986, a Disney resolveu lançar Minnie como cantora e fez um disco para a ratinha namorada do Mickey. Claro que não deixariam passar uma sacada dessas e criaram a versão “Hey Mickey”.
Agora sim é o Mickey da Disney.
A versão da versão da versão: três músicas até o Mickey da Xuxa
Xuxa, nos meados da década de 80,
participava de pacotes turísticos acompanhando crianças brasileiras à
Disneylândia. A música de Minnie tocava a exaustão nos parques e foi lá que a
loirinha teve a ideia de trazer a canção para seu álbum. Em texto para o Jornal
do Brasil sobre o Xegundo, o
jornalista Tárik de Souza confirma: “Toda viagem grande que Xuxa faz assim para
a Disneylândia – a música Hey Mickey ela
trouxe de lá – tem uma fita cassete contando, que nem esse diário aqui
(...)”
Xuxa durante as viagens para a Disney World em 1987
Vale
lembrar:
** A versão de Minnie tocava nos sorteios do Xou da Xuxa, sendo substituída pela versão de Xuxa tão logo a
loira gravou.
** Quem fez a versão brasileira foi a própria Xuxa!
** Nós já dedicamos um post inteiro a essa faixa e você pode conferi-lo
nesse link. Tem mais detalhes sobre a canção, suas histórias e versões.
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3.Feliz (Eduardo Souto Neto e
Nelson Wellington)
♫♫♫ Eu sou feliz, eu sou feliz, quem toma conta e manda em mim é o meu nariz ♫♫♫
A faixa mais adolescente do disco, com
uma pegada mais pop rock, ritmo não
comum ao repertório de Xuxa, mas tarefa simples para a dupla que compôs o tema
do Rock in Rio (1984). A letra segue
para o lado “rebelde” comum aos adolescentes que não querem “a mãe na parada” e
que pregam sua independência com a mesma frequência que ouvem “um rock bem da
pesada”. Xuxa apresentava a canção como seu hino, mas provavelmente ela se referia mais ao refrão que ao
restante da letra. A canção acabou
esquecida depois da fase de divulgação do álbum.
A performance de Xuxa para a música Feliz no programa do 1º aniversário do Xou ficou eternizada na VHS Xou da Xuxa 2, lançada pela Globo Video em 1990
Vale
lembrar:
** No encarte a letra é toda escrita
como se o intérprete fosse um homem: “eu já não sou mais um garotinho / sou muito louco por um carinho”. Isso explica a expressão “azarar um brotinho”, já que brotinho era
uma gíria mais usada para as moças.
Aliás, é curioso que os compositores usassem esse termo em fins dos anos 80, já
que seu auge foi durante os anos 60 e 70 com a Jovem Guarda.
A faixa foi escrita como se um homem fosse intrepretá-la, mas Xuxa deu seu jeitinho...
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4.O Circo (Paulo César Barros, Prêntice e Ronaldo Monteiro de Souza)
♫♫♫ O palhaço me deixa tão feliz, quando brinco bate forte o meu coração ♫♫♫
Com tantas atrações circenses no programa, uma música sobre esse universo era mais que necessária. A letra de
Prêntice e Ronaldo se encaixavam como uma cartola luva e a música fez
mágica! Ela ultrapassou os limites do disco e seguiu sendo utilizada ano após
ano no Xou e até mesmo no Xuxa Park. Uma música que foi feita para falar do circo acabou virando
música de circo, quem nunca ouviu carros de som anunciando algum circo na
cidade com a música tocando ao fundo ou até mesmo durante os espetáculos?
Atrações circenses sempre foram características do Xou da Xuxa e precisavam de uma música-tema
Curiosidade: a melodia da
música ficou a cargo de Paulo César Barros, que à época era cunhado de
Prêntice. Ele, que não tinha qualquer relação ao mundo circense, nos contou que
viu a melodia nascer mais rápida que um truque de mágica: “foi muito rápido, nem sentei para compor. Peguei o violão e a melodia surgiu completa em, sem exagero,
cinco minutos.”
Vale lembrar:
** Nas versões LP e K7, a faixa aparece como “O Circo”, após a edição em CD o artigo foi suprimido ficando só “Circo”.
** Circo aparece ainda nos lançamentos: Karaokê da Xuxa (Globo Discos, 1987 –
em versão instrumental) e Xuxa Hits –
Vol.1 (Globo Disk, 1997).
** A versão
em espanhol, El Circo, saiu no disco
Xuxa (Globo Records, 1989)
comercializado na América latina e EUA. A versão foi feita por Cristina
Larraura.
** Em janeiro de 88, durante o Xou,
ao falar sobre seus discos, Xuxa contou que gostava muito de Festa do Estica e
Puxa, mas O Circo era seu verdadeiro xodó.
** Embora tenha ficado de fora dos álbuns comemorativos de Xuxa (10
anos e 20 anos), O Circo marcou presença no Especial Xuxa 10 anos com um belíssimo clipe gravado no Circo Beto Carrero World. Foi o primeiro clipe do
programa.
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5.Banda da Xuxa(Reinaldo Waisman e Robson
Stipancovich)
♫♫♫ O Dengue na guitarra, a Praga no tambor... Essa banda é um terror ♫♫♫
A música do Moderninho! O boneco, que roubava a cena nos sorteios do
“Xou”, divide os vocais da faixa com sua musa Xuxa. Moderninho também é criação de Reinaldo, compositor da canção. O Xegundo é o único disco onde o louco boneco tem destaque: depois de uma rápida
introdução em Festa do Estica e Puxa, ele agora comanda o “jazzi” a frente da banda. Aliás, esse mesmo “jazzi” já era
executado por Moderninho nos sorteios junto com os ié ié iééé.
E no jazz a girar e a dançar, Moderninho vai arrasar
Apesar do destaque ao personagem, TODOS
os outros participantes da turma da Xuxa estão na letra: Dengue na guitarra, Praga no tambor, Xuxo a
latir, Paquitas a dançar. Não faltou ninguém (o personagem Frentinha só
apareceu em julho de 1987).
Vale lembrar:
** Reinaldo e Robson
repetem a parceria em músicas para Xuxa. Os dois já haviam composto “Turma da
Xuxa”, lançada no disco anterior da apresentadora. O estilo dos dois é
inconfundível: humor debochado e um
tanto escatológico. Se antes tinha o bafo da Lola, o chulé do Zé e o bundão
do Marcão, agora temos o sovaco da tia e o bundão do Agenor.
** E se o Praga confundiu o bundão do Agenor com o tambor, o
Ministério da Justiça confundiu com uma ofensa à moral. A faixa chegou a ser proibida de ser executada nas
rádios e TV justamente por conta desses versos. O Conselho Superior de
Censura decidiu cancelar o veto e liberar a música em 21/08/1987. Como a música
não era o carro chefe do disco, a rápida proibição não chegou a influenciar nas
vendas.
Banda da Xuxa foi censurada por conta do "bundão do Agenor". Curiosamente, "Turma da Xuxa" (do disco anterior e dos mesmos autores) escapou ilesa e tinha os versos "o Marcão é brigão porque é grandão, mas dizem no lugar que tem fama de bundão"
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6.Crock Crock (Rubens Alexandre)
♫♫♫ O Sapo Pula-Pula só queria brincadeira ♫♫♫
Crock-Crock conta a história
do sapinho que invadiu a casa de Xuxa provocando uma confusão danada. Xuxa
sempre contava que chegou a ter um sapo
de estimação chamado Felipe e no dia do programa de lançamento do disco dá
a entender que a música é sobre ele. Mas o sapo da vez se chama “Pula Pula” e
fez bem mais que assustar a “mamãe, vovó e a titia”... A música se tornou um
dos maiores sucessos internacionais de Xuxa! Quem diria que o Sapito Salta-Salta iria tão longe...
Vale lembrar
** A música aparece também no Karaokê da Xuxa (Globo Discos, 1987) em
versão instrumental;
** A versão em espanhol – Crocki,Crocki – foi lançada no disco Xuxa 2 (Globo Records, 1991) e incluída
na coletânea Xuxa Todos Sus Exitos
(Globo Records, 1993), confirmando que o sucesso do Sapo Salta-Salta foi maior
até mesmo que o de Luna de Cristal
(que nem está no disco). Existiu ainda uma versão em inglês chamada Frog Frog, tocada no programa de Xuxa
nos EUA.
** A música ganhou clipe no programa
Xuxa no Mundo da Imaginação em 2002
** No LP e K7 a faixa nos é apresentada
com a grafia Crock Crock, nas
reedições em CD suprimiu-se o “K”, ficando somente Croc Croc, grafia mais comum
para a onomatopeia do coaxar dos sapos.
** Em 2010 a música foi regravada para o XSPB 10 - Baixinhos e Bichinhos.
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7.Campeão (Lucas Robles, César Rossini e Conceição Azevedo)
♫♫♫ Tem que ser campeão com força no coração ♫♫♫
Conseguem imaginar Juninho Bill, Vanessa e Luciano (Trem da Alegria)
cantando essa música? E Angélica? Não, nem nós, mas poderia ter acontecido. A
faixa que fecha o lado A nas versões LP e K7 tem, provavelmente, a história mais curiosa de todas as músicas
do disco. Batemos um papo com o autor Lucas Robles, confiram:
Como surgiu a oportunidade de compor uma música para a Xuxa e o processo
de criação?
- Naquela
época havia uma invasão de música focada para o público infantil. Eu e o César
Rossini, meu parceiro, sempre estávamos ligados para compor músicas que
tivessem a ver com o momento musical.
Tínhamos esta música (Campeão) que teve
três letras; em princípio para um grupo que ia ser lançado e que uma das
integrantes era a Angélica, bem no
início de carreira, quando começou na TV Manchete. O grupo não deu certo e não
foi lançado. Fizemos uma segunda letra para o Trem da Alegria, também não deu certo.
O então diretor da Editora Peermusic (onde editávamos as nossas músicas),
Manoel Nenzinho Pinto, nos deu um toque: “a Xuxa está escolhendo repertório” e
lá fomos nós a trocar a letra de novo para que tivesse a cara da XUXA, desta
vez deu certo! Agregamos algumas palavras chave que tivesse a ver com Xuxa,
como Rei, Reino da Alegria, floresta... Foi muito bom, era uma felicidade muito
grande gravar com a Rainha dos Baixinhos.
A música foi muito bem aceita pelo público mirim, era muito lindo ver a
galerinha cantando junto com a Xuxa….
Você esperava todo esse sucesso? A música teve até versão em espanhol!
Sim, claro, aliás, todas as músicas que a Xuxa lançava eram sucesso. A
versão em espanhol ficou muito boa; eu tive a oportunidade de ver este sucesso
pessoalmente em vários países, pois além de autor e compositor, era diretor e
produtor musical e isso me permitia viajar muito.
Se as gravações de Angélica (como integrante do grupo Ultra-Leve) e Trem da Alegria seriam melhores nunca saberemos. Já a clássica pose da capa...
Vale lembrar:
** A música
se tornou uma espécie de tema da vitória e na temporada de 87 era tocada toda
vez que alguém ganhava alguma brincadeira. Já no Xuxa Park, a música era tocada só quando os meninos ganhavam.
** A versão
em espanhol, Campeón, saiu no disco Xuxa (Globo Records, 1989) e foi muito
trabalhada no Show de Xuxa (Telefe),
até mais que no Brasil.
** O primeiro e único clipe aconteceu somente no programa Xuxa no Mundo da Imaginação, em 2002.
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8.Rambo (Michael Sullivan e
Paulo Massadas)
♫♫♫ Vem que a paz não tem fronteira e a gente chega lá ♫♫♫
Mais uma canção em que o tema gira em torno de um desenho
do Xou, mas Rambo tem algumas particularidades. Se antes (She-Ra e Peter Pan – Xou
da Xuxa 1 – ou até mesmo Mickey neste
álbum) a letra trazia Xuxa para dentro
do universo do personagem, como se ela também fizesse parte da história, interagindo; agora Xuxa canta como se
fosse uma telespectadora que só quer seguir os ideais do desenho.
O desenho Rambo
surgiu no ano de 1986 e chegou ao Brasil através do Xou da Xuxa, em 29/06/1987, ou seja, na época do lançamento do
álbum. Obviamente, as negociações para a compra dos episódios foram bem
anteriores a isso e como a animação era uma das apostas da Globo para o segundo
semestre de 1987, uma canção sobre o herói
ajudaria bastante na divulgação.
A versão animada de Rambo: o desenho foi o chamariz da nova leva de desenhos do Xou
Sullivan e Massadas fizeram uma letra mais genérica, diferente do que estávamos acostumados a
ouvir, até mesmo com outros cantores (He-Man
/ Thundercats do Trem da Alegria). Não há menção aos personagens, bons ou
maus. O universo de Rambo-desenho era rico, havia muitos personagens na equipe
“Force of Freedom”, mas eles diferem
dos personagens do filme, o que dificultava aos autores uma letra mais fiel.
O nome da série animada era “Rambo: Força da Liberdade” e é só
essa menção que você achará em toda a letra: “Liberdade nós vamos
conseguir/força, vida, o amor está
aí”. À exceção do simples refrão, todas as estrofes poderiam muito bem se
encaixar no perfil do He-Man, do Super Homem, do Lion-o... ou qualquer herói
que se dispusesse a lutar contra o mal.
"Força da Liberdade": única referencia do desenho na música; demais personagens - como K.A.T, crush do Rambo - foram ignorados
Vale lembrar:
** Rambo estreou no Xou
da Xuxa naquele que era considerado o horário nobre do programa: no último
bloco, por volta de 11/12h, horário em que o público era maior pois atingia as
crianças que chegavam da escola e as que ainda estavam se aprontando para ir.
** Xuxa cantava Rambo
antes mesmo do desenho estrear, pois o personagem já era conhecido de todos por
conta dos dois filmes que já haviam saído.
** Mesmo sem ser uma das faixas de maior sucesso do Xegundo, Rambo foi incluída em sua versão instrumental no disco Karaokê da Xuxa (Globo Discos, 1987)
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9.Quem Quiser Que Conte Outra (Luiz Fernando e Fábio Luiz)
♫♫♫ E ainda sou mais bonito que o Alain Delon ♫♫♫
Imaginem uma brincadeira: um concurso onde o vencedor é
aquele que contar a mentira mais absurda. Com uma letra divertida, Quem Quiser que Conte Outra traz os primeiros – e únicos – vocais de Dengue e
Praga em um disco da Xuxa. Os próprios intérpretes dos personagens no
programa gravaram em estúdio, mas só aparecem como “Dengue” e “Praga” nos
créditos do álbum.
Quem Quiser Que Conte Outra: o primeiro registro musical da dupla de personagens
A canção faz parte de uma
leva que ficou presa a uma época e só quem viveu nesse período consegue
captar toda sua ideia. Como dimensionar para a geração Park ou XSPB quem eram
Dengue e Praga? E isso não se resume aos personagens da turma! Uma das
mentirinhas do Praga é que ele é “mais
bonito que Alain Delon”. Essa era difícil até mesmo para os baixinhos dos
anos 80. Alan Delon é um ator francês, hoje com 81 anos e foi um ícone de
beleza masculina entre os anos 60 e 70, uma referência quase impossível de se captar para quem tinha entre 7 e 12
anos à época do lançamento do Xegundo.
Alain Delon, baixinho... aquele que namorou a Romy Schneider, sabe?
Vale lembrar:
** O termo “maninha” – “mas
nunca me chame de Chita, ô maninha” –
é uma gíria típica da região Norte do Brasil e quer dizer “amiga”, “pessoa
próxima”. Curioso porque essa expressão nunca se firmou no sudeste e nem era característica
de Xuxa usá-la.
** Existe uma divergência de compositores para a canção.
Enquanto Luiz Fernando e Fábio Luiz aparecem creditados no encarte; no ECAD,
que cuida da arrecadação dos direitos autorais, a música é creditada a Michael
Sullivan, Miguel Popschi e Sandra Rios.
X ♛ X ♛ X ♛ X ♛ X ♛ X ♛ X ♛ X ♛ X ♛ X ♛X ♛ X ♛ X ♛ X ♛ X ♛
10. Aquecendo (Ginástica) (Michael Sullivan e Paulo Massadas)
♫♫♫ Você pode chegar, você pode malhar, você pode mudar seu ritmo ♫♫♫
O quadro da Ginástica
exibido, inicialmente aos sábados, no Xou
da Xuxa, era um sucesso e com o crescimento do programa, nada mais justo
que ele tivesse uma música tema.
Assim nasceu “Aquecendo” cuja letra
compilava alguns exercícios que Xuxa já fazia durante o quadro na temporada
anterior do programa.
Vale lembrar:
** Aquecendo (Ginástica) também aparece na coletânea Xuxa Hits (Globo Disk, 1997)
**A música foi tema do quadro até 1991, quando o mesmo
deixou de ser exibido.
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11. Comigo Ninguém Pode(Patrícia Marques)
♫♫♫ Uma briguinha não faz mal, se tem beijinho pra depois ♫♫♫
Seguindo a linha do disco anterior, o álbum reserva uma de
suas faixas à cantora Patrícia Marques
(na época ainda sem a grafia Marx). Patrícia, que já havia cantado a bela Miragem Viagem (Black Orchid) no disco 1
do Xou da Xuxa, chega com um pop
adolescente com letra de interpretação dúbia e que certamente não passaria
ilesa nos dias de hoje. Se não fosse o fato de estar num disco classificado
como infantil, a música hoje seria mais uma a engrossar o coro do
“empoderamento feminino”, não muito diferente do que já produziram Kelly Key,
Anitta e Ludmilla.
Pegar gravetos esfregar um no outro, acender uma tocha e correr na noite. Depois fazer uma dança ao som de tambores indígenas para Jaci, a Lua... Oi? Não é isso? Pancada de amor então é... deixa pra lá!
Vale lembrar:
** Patrícia tinha acabado de sair do Trem da Alegria e
preparava seu primeiro disco solo, mas a canção não entrou para o repertório da
garota, ficando restrita ao Xegundo.
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12. Dodói Neném (Guilherme Maia e Fred Góes)
♫♫♫ Fica combinado assim: até isso tudo passar, Xuxa você cuida de mim ♫♫♫
Uma das ideias para o Xegundo
era que existisse uma música que falasse da criança que está doente, mas ainda
assim vê o Xou da Xuxa e é o programa
que faz a companhia para o baixinho até que ele se restabeleça. Foi a última
música a ser gravada para o disco, como conta o autor Fred Góes:
Os produtores do disco tinham prazo para entregar mas faltava uma música
sobre criança doente, o que sempre é muito difícil de se fazer já que é um tema
delicado. Já era tarde da noite quando ligaram para casa do Guilherme Maia, o
meu parceiro nesta canção, pedindo se ele seria capaz de fazer em caráter de
urgência. Logo pela manhã ele me ligou e me propôs a empreitada. Nos reunimos e
rápido fizemos a canção, logo aprovada pelos produtores.
O processo não foi complicado, tínhamos como foco falar de um assunto
melindroso como "doença" sem perder a delicadeza, procurando ver o
lado legal de estar em casa recebendo cuidados especiais.
Vale lembrar:
** A criança que faz a introdução da música é Pablo Meneghel, sobrinho de Xuxa e
filho de Mara Rúbia, irmã de Xuxa. O baixinho também aparece na contracapa do álbum numa foto com a titia famosa.
Pablo Meneghel: participação na música e na contracapa
** Dodói Neném ganhou clipe em 2004 no programa Xuxa no Mundo da Imaginação.
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13. Rexeita da Xuxa(Arnaldo e Mônica Freitas)
♫♫♫ Guardei na geladeira uma surpresa e se quiser comer tem gelatina ♫♫♫
Quem Qué Pão deu
certo no Xou 1, mas como dizem “nem só de pão vive o homem”, no caso, os
baixinhos. Assim surgiu Rexeita da Xuxa!
A música veio para ser uma espécie de
tema para a hora do café da manhã, substituindo “Quem Qué Pão”. Embora
tenha se popularizado assim, é bom ressaltar que a música fala de todas as refeições. A introdução e partes da letra remetem
à tradicional tarantela italiana (os gritos “tem”, por exemplo).
Tem pêra? Tem! Tarantela também!
Vale lembrar:
** Rexeita da Xuxa
foi tema do café da manhã até julho de 1989. Na temporada de 87, a primeira
estrofe era cantada no encerramento do primeiro bloco, enquanto a segunda
estrofe era cantada antes de Xuxa subir na nave, encerrando o programa.
**A música foi incluída em sua versão instrumental no disco
Karaokê da Xuxa (Globo Discos,
1987). Uma versão em espanhol, Receta de
Xuxa, foi lançada no disco Xuxa (Globo Records, 1989) e existe ainda a
versão em inglês, Xuxa’s Recipe, de
1993, que não foi lançada comercialmente.
**
A música ganhou clipe no programa Xuxa no
Mundo da Imaginação em 2002
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14. Nós Somos o Amanhã(Michael Sullivan e Paulo Massadas)
♫♫♫ Campeã das nossas aventuras, nessa nave iremos com você aonde for ♫♫♫
Primeira música de Sullivan e Massadas num disco da Xuxa, Nós Somos o Amanhã também foi a primeira música divulgada. Na
realidade, a música foi feita para o especial Xou da Xuxa Criança Esperança
exibido em 28/12/1986 na Rede Globo e acabou entrando para o repertório do Xegundo.
É a única música do
disco que foi produzida por Guto Graça Mello, conforme créditos do encarte.
Xuxa canta apenas alguns versos (“Atenção,
pequenos passageiros/ Vamos nós voar o mundo inteiro / espalhar pelo Planeta
Terra o nosso amor”), além de fazer a introdução.
Como o próprio nome já fala, a música é cantada pelas
crianças (o amanhã) e para isso foram convidadas as principais atrações
infantis do “Xou”: Trem da Alegria, Os Abelhudos e as cantoras mirins Gabriela (famosa pela versão “Pego um Martelo”) e Tatiana (ex-integrante dos Abelhudos e que gravou a música Burocracia da trilha sonora de Super Xuxa Contra o Baixo Astral).
As principais atrações infantis do Xou dividem os vocais na faixa Nós Somos o Amanhã
Vale lembrar:
** A primeira versão
tinha algumas diferenças: o primeiro
verso é cantado por Diego Saldanha (do grupo Abelhudos), enquanto no álbum quem
canta é a cantora Gabriela (que também canta o segundo verso em ambas versões).
A introdução não tem a mensagem da Xuxa e os arranjos possuem algumas
diferenças; no final há uma parte “acústica” enquanto o coro canta “lalala” .
** A música instrumental saiu no disco Karaokê da Xuxa (Globo Discos, 1987). Curiosamente a faixa é a base instrumental da primeira versão
(!!!).
** A música é a única
faixa da era Xou da Xuxa que está fora das plataformas digitais até hoje,
provavelmente por alguma questão relacionada a direitos autorais (como
aconteceu em 2015 com “Garoto Problema”)
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Lançamentos
O Xegundo Xou da Xuxa
foi editado inicialmente em LP e K7. O CD só saiu 8 anos depois.
A fita K7, como de costume, não trazia nenhum atrativo.
O fato da foto ser pensada para a capa de um LP fez com que a gravadora
precisasse preencher o espaço com os nomes das músicas, desvalorizando ainda
mais a arte.
Já a versão em LP rendeu bem mais. Foram feitas duas tiragens: uma simples, tradicional, vendida desde a época do
lançamento e outra em formato gatefold (a popular capa dupla),
vendida no final de 1987. O formato gatefold
se abre como se a capa fosse um livro e sua função primordial é abrigar um
segundo LP.
Xegundo em versão gatefold: capa dupla mal aproveitada
No caso do Xegundo, isso
não aconteceu e apenas adaptaram o
encarte para o formato. O que acabou se tornando um desperdício de espaço,
pois a parte interna é justamente para estampar imagens ou artes diferentes de
uma versão simples.
A cartinha de Xuxa ganhou destaque na capa dupla
O formato gatefold
do Xegundo fazia parte de uma série
de LPs chamada “Super TV” que a Som
Livre adotou no ano de 1987, ou seja, não foi só para Xuxa, até os discos das novelas da Globo vinham com
o selinho da coleção na capa.
O selo "Série Super TV" saiu somente na capa dupla
Cantores, Novelas, coletâneas... tudo fazia parte da Série Super TV
Outra diferença entre a capa simples e a dupla era o
encarte. A capa simples ganhou um
encarte duplo com a “cartinha de Xuxa” e os créditos do disco de um lado e
as letras das músicas do outro. Já a capa
dupla contava com um encarte simples onde de um lado estavam as músicas do
Lado A e no verso as do Lado B.
As cores do encarte também se diferenciam nas versões simples (preta) e dupla (rosa)
Só em 1995, o álbum ganhou sua primeira edição em CD. O lançamento aconteceu de forma simultânea
com o álbum Xou da Xuxa. Já que o Karaokê da Xuxa – também de 1987 – não
seria lançado no formato, a gravadora optou por dividir as quatro faixas
inéditas do projeto entre os dois discos. Assim o Xegundopassou a contar com
16 faixas, ao invés das 14 originais.
Já falamos da nossa insatisfação à forma de como isso foi
feito (no post do Xou da Xuxa – O Disco), mas vamos voltar um pouco ao tema. As
faixas extras escolhidas para figurar no Xegundo
foram “Estrela Guia” e “Beijinho Beijinho”, canções que não foram pensadas para
o disco. Não procedem as histórias de que Estrela e Beijinho (assim como as que
foram para o volume 1) fossem faixas descartadas do Xegundo, mas isso vamos abordar no devido tempo. Colocar Estrela
Guia para abrir o CD équebrar a
concepção de uma obra. O disco não era natalino e sequer foi lançado na
época de Natal. Que as faixas fossem colocadas ao fim do repertório como
faixas-bônus.
A versão em CD "ganhou" como faixas bônus duas músicas do Karaokê da Xuxa
Tivemos outros 3 relançamentos em CD: 1997, 2006 e 2013. Somente
na edições de 1995 e 1997 foi mantido o encarte original (adaptado para o
formato), entretanto a contracapa foi mantida em todas edições na parte
interna.
Divulgação
Além do Xou da Xuxa exibido no dia do lançamento, outros
programas abriram espaço para a nova empreitada de Xuxa. Ela esteve no Jornal Hoje apresentado por Leda Nagle e
nos Trapalhões.
Além do Xou da Xuxa: Xegundo nos "Trapalhões" e no "Jornal Hoje"
Xuxa fez ainda um show especial no dia 04/07/1987, no Scala no
Rio de Janeiro. O show foi um sucesso, na plateia vários famosos como Leda
Nagle, Hildegard Angel, Ronaldo Bôscoli, Renato Aragão, Marco Nanini e Maurício
Scherman. O presidente da Som Livre, João Araújo também estava lá e ao final
subiu ao palco para presentear a Rainha.
Registro de Xuxa durante o show no Scala/RJ em 04/07/1987
Os paulistas tiveram que esperar um pouco mais, o show de
lançamento do disco só foi acontecer em 29/08/1987,
no Palace.
Em São Paulo, o show de lançamento só aconteceu 2 meses depois
Uma estratégia curiosa foi adotada para garantir ainda mais
vendas: numa parceria da Prodisc com os postos de gasolina Itaipava do Rio de
Janeiro era possível comprar seu LP
enquanto abastecia o carro.
Estratégia curiosa: abasteça o carro, troque o óleo e ainda leve o disco da Xuxa pro seu baixinho
Na TV, claro, havia também o comercial. Por incrível que
pareça somente “O Circo” tocava no comercial. Definitivamente não se precisava
saber quais músicas tinha o disco, bastava
saber que era da Xuxa.
Passada a euforia do lançamento, a Mimo incrementou as vendas da boneca – a primeira – com o Xegundo numa parceria com as Lojas
Americanas. Quem comprasse a boneca,
levava o LP.
Vendagem
Lembram que o João Araújo tinha falado que esperavam que
Xuxa batesse o próprio recorde? Pois ela
conseguiu! Xuxa fechou 1987 como dona
do disco mais vendido no ano. O Xegundo permaneceu no topo dos mais
vendidos por 6 semanas consecutivas, no total de 13 semanas. (Fonte: Jornal Folha de São Paulo e Nopem)
Os últimos dados oficiais de vendagem datam de 1993 e
marcam 2.701.435 cópias vendidas. Infelizmente depois dessa data não há uma
fonte confiável e atualizada como o Nopem
que fornecia a vendagem dos álbuns no Brasil.
Os ensaios
Se o repertório do disco seguiu a fórmula de sucesso do
primeiro, o ensaio da capa também. Com
fotos de James Reda e Joseph Kieny,
os mesmos responsáveis pela capa do Xou 1, temos Xuxa novamente em corpo
inteiro em mais uma pose que se tornou clássica. Se no disco anterior, a foto
foi tirada de um ensaio já pronto para ilustrar a capa de última hora; agora
Xuxa posou com toda calma para os fotógrafos.
Na contracapa as referências ao Xou ficam por conta das ilustrações
de Reinaldo Waisman que se misturam a outras fotos do ensaio da capa e mais
outros dois: um externo onde Xuxa aparece com seu sobrinho e outro em estúdio
onde a loira lança mão das transparências.
Poucas fotos desse ensaio foram divulgadas, as mais famosas
foram publicadas pela revista Manchete de 29/08/1987.
A capa ainda rendeu algumas inspirações mundo afora para
outras cantoras:
Patsy na Argentina ganhou o prêmio "Ctrl+C Ctrl+V de ouro", já a cantora japonesa Koda Kumi foi uma coincidência e tanto... ou não? #XuxaDidItFirst
Invadindo a Terra na tela do
computador...
O Xegundo Xou da Xuxa
fez história na música, nos charts, no programa, mas sobretudo na memória
afetiva dos baixinhos que dançavam a Festa
do Estica e Puxa ou imitavam a coreografia de Circo frente às suas TVs. Quem nunca fez pelo menos um pedacinho de
Ginástica?
Há 30 anos Xuxa falou “É,
baixinhos... com certeza vocês são o amanhã. Que legal que a gente está junto
hoje...” Não sabemos se ainda podemos nos chamar de “amanhã”, mas com
certeza é muito bom poder repetir “que legal que a gente está junto hoje”!!!
O Xuper Blog agradece ao produtor musical Guto Graça Mello, aos compositores Lucas RoblesPaulo César Barros e Fred
Góes pela gentileza e atenção e a você
que embarcou na mesma nave que a gente há 30 anos!