Por: Leandro Franco
Não importa a década em que cada
um viveu sua infância; seja nos anos 70, 80, 90... algumas coisas são sempre presentes: desenhos
animados e revistinhas em quadrinhos. Não tem como imaginar uma infância sem um
desenho ou um gibi que faça essa ponte para a nostalgia a qualquer momento da
nossa vida quando já somos adultos.
Para aqueles que viveram seus
anos de criança entre os anos 80 e 90 certamente essa ponte é feita com a Turma
da Mônica e, claro, a Turma da XUXA. Se a loira já tinha seu lugar cativo na TV,
nos brinquedos, no cinema, nas roupas infantis e até nos produtos de higiene
pessoal, era mais do que certo que ela expandisse seus domínios para as revistas em quadrinhos.
A Revista da Xuxa foi um gibi mensal publicado pela Editora Globo de
dezembro de 1988 até dezembro de 1993. Com 64 paginas, em média, a publicação
dava a Xuxa um novo horizonte de aventuras, tornando ainda mais lúdico tudo que
cercava a apresentadora. Agora sim sua nave podia voar de verdade, viajar para
outros planetas, conhecer novas civilizações, enfrentar monstros malvados,
salvar amiguinhos, ter xuper superpoderes, ser, literalmente, uma super
heroína.
E não foi só Xuxa que pôde
“viver” isso tudo. Xuxo, Praga, Dengue, Moderninho, Vovuxa, Paquitas também e
até quem nunca pensou em ser um personagem de quadrinhos: a mamãe Dona Alda, a
fiel escudeira e amiga Maria, o desenhista Reinaldo Waisman, o sonoplasta Mumu,
a cantora Angel Mattos, o coreógrafo Berry, o segurança onipresente Magno...
Os primórdios
Se Xuxa só teve um gibi pra
chamar de seu no final de 1988, o namoro com os quadrinhos já era coisa antiga.
Desde 1987, a Turma da Xuxa já começava a dar seus primeiros passos nesse
estilo. Reinaldo Waisman, o criador
do Moderninho, já orquestrava toda uma série de desenhos que serviram para
ilustrar desde o cenário do Xou até alguns lançamentos de Xuxa como o “DiXionário da Xuxa”, os “Papéis de Carta da Xuxa” e a “Revista-Pôster Shell da Xuxa”. Alias, foi nessa revista-pôster que pudemos
ver o que realmente foi a primeira história em quadrinhos da Xuxa.
O traço inconfundível de Waisman
difere bastante do que foi utilizado na criação do gibi, quase dois anos mais
tarde. Era um traço cru, simples. As diferenças não acontecem tanto nos
personagens lúdicos. Mas não era só a equipe de Xuxa
que já inseria a apresentadora no universo das revistinhas. O desenhista Maurício de Sousa – que fez o primeiro
cenário do Xou e a capa do compacto “Sete Quedas”– já tinha colocado Xuxa em
“participação especial” nas revistinhas da Turma da Mônica. A coroação veio em abril de 1987 com uma história inteira
dedicada à Xuxa, a primeira pela editora Globo.
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História publicada na revista da "Mônica" nº 4 pela Editora Globo, em abril de 1987 |
A personagem Pipa (do núcleo Tina e Rolo)
surpreende seu namorado Zecão suspirando de amores pela loira e tem uma crise
ciúmes. Inconformada, resolve até adotar o estilo Xuxa, mas o namorado continua
vidrado na verdadeira. Quis o Maurício destino que ela desse de cara com Xuxa
num passeio e não é que se tornaram amigas? E como amiga que é amiga, Xuxa
ajuda Pipa a reconquistar seu amor, mas não sem lhe dar uma lição de moral.
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A história com a participação de Xuxa chegou a ser republicada em 1992 no "Almanaque da Mônica" nº 33 |
Depois dessa muitas outras participações e citações ocorreram e isso, claro,
despertou o interesse das crianças e, obviamente, da editora Globo.
O Lançamento
Estava decidido, Xuxa teria seu
próprio gibi e passaria a dividir as prateleiras das bancas de jornais com a
turma da Mônica. O aparato em torno desse lançamento foi gigantesco. Uma festa
de lançamento foi preparada no Caesar Park Hotel em São Paulo, no dia
17/11/1988 com presença da ilustre convidada.
A Editora Globo fez suspense, peças publicitárias anunciavam a publicação de uma nova revista, mas não mencionavam o nome de Xuxa. Um comercial também foi veiculado na Rede Globo. Vejam o que diz a matéria do jornal “O Globo” de 16/11/1988.
"Desde o último dia 4, a Rede Globo tem mostrado um filme publicitário de 15 segundos, que mostra a apresentadora Xuxa Meneghel de costas, ao som do tema musical "Vira, vira, vira". No final, ouve-se a pergunta: 'O que é que a Xuxa vai virar?'"
A Editora Globo fez suspense, peças publicitárias anunciavam a publicação de uma nova revista, mas não mencionavam o nome de Xuxa. Um comercial também foi veiculado na Rede Globo. Vejam o que diz a matéria do jornal “O Globo” de 16/11/1988.
"Desde o último dia 4, a Rede Globo tem mostrado um filme publicitário de 15 segundos, que mostra a apresentadora Xuxa Meneghel de costas, ao som do tema musical "Vira, vira, vira". No final, ouve-se a pergunta: 'O que é que a Xuxa vai virar?'"
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Matéria do jornal “O Globo” de 16/11/1988 |
Já as revistinhas em quadrinhos
da Editora (em especial as da Turma da Mônica) ganharam uma versão impressa do
comercial de TV.
A Número ZERO
Numa estratégia pouco comum,
criou-se a Revista da Xuxa n. 0, uma espécie de apresentação do que viria a ser
a publicação. Foram produzidos TRÊS
MILHÕES - sim, você não leu errado,
TRÊS MILHÕES mesmo – de exemplares que foram distribuídos gratuitamente nas
bancas de jornal.
Para as localidades onde havia circulação do Jornal O GLOBO,
a revistinha veio encartada nele como brinde. O mesmo aconteceu no jornal "O Estado de São Paulo". Além disso, poderia se
ganhar a revista comprando qualquer outro gibi da Editora Globo. A número Zero começou a ser distribuída no dia 21/11/1988 e trazia apenas uma história que servia para apresentar os personagens.
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Notinha publicada pela "Folha de São Paulo" dia 20/11/1988 |
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O lançamento da revista apareceu na capa do "Estadão" de 20/11/1988 |
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A revista também apareceu na capa do "O GLOBO", dia 20/11/1988 |
Curiosidade: a última imagem de Xuxa na revistinha Zero é a mesma utilizada nas edições seguintes para ilustrar o Correio da Xuxa.
Download
Disponibilizamos na íntegra a edição promocional em arquivo PDF para nossos leitores matarem a curiosidade e a saudade.
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Clique aqui para baixar a revista digitalizada |
Os personagens
Nem todos os personagens criados
aparecem na número Zero. A Mocreia Fantástica,
por exemplo, só aparecerá no número seguinte. O cavalo Apolo, o faz-tudo Samuca
também são personagens que só aparecerão depois.
Além dessa história, a Editora
Globo providenciou um pôster com um miniperfil de cada personagem, que foi
encartado na edição 3 e grupos de 4
fichas de personagens passaram a ser
publicados mensalmente a partir da n.2.
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Poster que vinha na edição 3 da "Revista da Xuxa" |
Todos os personagens estavam
ligados ao universo de Xuxa na TV, fossem seus animais, os personagens do
programa ou a produção do programa. Aos poucos o Xuper Blog vai apresentar cada um deles e a sua origem.
Os “derivados” da
Revista da Xuxa
Diante do sucesso da publicação,a
Editora Globo tratou de lançar outras versões onde a Turma da Xuxa pudesse
viver novas aventuras. Assim surgiu o Almanaque da Xuxa, a Revista
de Montar da Xuxa e o Gibizinho da
Xuxa.
O Almanaque da Xuxa foi lançado em agosto de 1989 e não tinha uma periodicidade definida, sendo sua última edição publicada em novembro de 1992. Ele tinha 20 páginas a mais (84 páginas) e trazia passatempos e jogos, além de ter o formato "lombada quadrada", ao invés de lombada com grampos, como era a revista comum.
A revista de Montar teve 5
edições e, como o nome já diz, trazia algum brinquedo para ser montado pelos
baixinhos: da nave até um jogo de cartas.
Já o Gibizinho fez parte de uma
estratégia da Editora Globo de revezar seu “elenco” em minipublicações. Assim
como acontecia com a Turma da Mônica, que a cada mês trazia uma personagem
diferente (eram publicados 4 por vez), Xuxa dividia as atenções com a dupla
Leandro & Leonardo, a Turma do Arrepio e Chaves. Foram publicadas 7 edições
apenas.
Conheça o Gibi
O Xuper Blog pretende, durante
esse ano, trazer as curiosidades de cada edição da Revista da Xuxa, comentar os
fatos relevantes e mostrar a evolução nas histórias e no traço dos personagens.
Acompanhem nossas postagens, na primeira delas falaremos dos três primeiros
números.
Até lá ;)